Os Filhos da Noite

Os Filhos da Noite Dennis Lehane




Resenhas - Os Filhos da Noite


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Literatura Policial 26/10/2014

Resenha "Os filhos da noite", de Dennis Lehane
No parágrafo de abertura de Os filhos da noite (Companhia das Letras, 480 páginas, R$ 49,50), um homem espera pelo momento em que será lançado ao mar. Seus pés foram mergulhados numa banheira cheia de cimento. Este homem, às portas de uma morte terrível, é Joe Coughlin, protagonista deste nono romance de Dennis Lehane e, se a perspectiva de um destino tão horrendo (imaginem: ser jogado no mar com os pés mergulhados numa BANHEIRA CHEIA DE CIMENTO) não é o suficiente para capturar a atenção do leitor, eu sinceramente não sei o que é.

Lehane, autor da série Kenzie/Gennaro histórias de detetive que dialogam com a tradição hardboiled dos mestres do romance policial norte-americano e dos avulsos Sobre meninos e lobos e Paciente 67 que ganharam elogiadas adaptações cinematográficas entra dessa vez no mundo dos gangsters na era da Lei Seca. A trama segue Joe Coughlin, filho fora-da-lei de um proeminente capitão da polícia de Boston, em sua ascensão dentro do crime organizado, dos pequenos assaltos a bares clandestinos em sua cidade natal aos altos escalões da máfia em Tampa, na Flórida.

Os filhos da noite é, antes de tudo e essencialmente, a história de Joe. É através dos olhos dele que vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos assaltos a banco, guerras entre chefões do crime, os meandros do tráfico de bebidas e, pouco a pouco, tomando conhecimento desse mundo paralelo que se descortina bem longe das vistas dos homens de bem. Um mundo que pulsa sob o manto da noite.

Desde o início da narrativa, Joe está acostumado com essa vida noturna (esse conceito está presente no título original da obra, Live by night). É a vida que ele sempre almejou para si: longe de preocupações mundanas com as contas do mês, a hipoteca, a escola das crianças, e cheia de experiências com as quais os não iniciados jamais sonhariam. Sua jornada é um mergulho na face mais sombria do sonho americano, onde categorias como bom e mau perdem o sentido; faz-se apenas o necessário para a obtenção dos melhores resultados. Trair, delatar, matar o que for. A exploração da subjetividade de Joe, suas contradições e incertezas, bem como sua natureza astuta e confiante, e o modo peculiar como ele lê as situações e pessoas a sua volta, impulsionam a leitura de Os filhos da noite. Lehane é um daqueles escritores com a capacidade de tornar seus protagonistas vivos, dar-lhes uma voz muito particular, dissecá-lo para o leitor.

> Leia a resenha completa no site literaturapolicial.com

site: http://literaturapolicial.com/2014/09/22/resenha-os-filhos-da-noite-de-dennis-lehane/
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AleixoItalo 22/02/2016

Vendido como um épico nos moldes de Scarface, Os Filhos da Noite deixa muito a desejar. Depois de escrever romances policiais no melhor estilo noir, escrever sobre traumas de infância e o peso disso na vida com o excelente Sobre Meninos e Lobos (que foi ao cinema por Clint Eastwood) e conduzir uma investigação policial em um manicômio com Paciente 67 ( que deu origem ao filme A Ilha do Medo de Martin Scorcese), Dennis Lehane agora aventura-se no mundo da máfia.
Dono de uma narrativa limpa, direta e violenta, e já bem estabelecido na literatura norte-americana, com duas grandes obras suas com adaptações de ponta no cinema, Dennis Lehane lançou seu romance mais recente em 2012, intitulado Os Filhos da Noite, o livro promete uma típica história de máfia nos melhores moldes de Scarface e Os Bons Companheiros ( como é vendido na própria sinopse do filme) mas que infelizmente não chega nem aos pés dessas grandes obras.
Passado na década de 20 em plena Lei Seca dos EUA, o livro conta a história de Joe Coughlin, típico adolescente conturbado de Boston que vive cometendo pequenos delitos e acaba se apaixonando por uma garota de um poderoso mafioso local. Tal fato muda pra sempre a vida de Joe, colocando-o para sempre fora das margens da lei, onde é obrigado a se envolver com o mercado clandestino de rum e galgar seu lugar ao Sol.
O livro pode ser divido em duas partes distintas: uma que narra a adolescência de Joe desde seu envolvimento com Emma Gould, o grande amor de sua vida, e culminando com sua passagem pela prisão; outra que narra a ascensão do império de Joe em Tampa. A primeira parte do livro é de longe a melhor, pesada e fascinante, ela ressalta bem os momentos que definiram a vida de Joe, como a paixão por Emma, a relação conturbada com o pai, o envolvimento com criminosos, enfim um fiel retrato da juventude e sua eterna rebeldia sem causa.
O que se encaminhava sim para uma excelente obra, cai de ritmo e descamba quando na segunda metade do livro, somos apresentados a um inteligentíssimo Joe Coughlin, acabado de sair da prisão e enviado para um território hostil para tomar o controle, mas que se apresenta como um personagem legal, gente boa, não adepto à violência e sempre disposto a perdoar. Os 2 Joe’s mostrados no livro parecem ser personagens completamente diferentes, e é difícil creditar a conquista de um verdadeiro império pelas mãos de um Joe bonzinho, sustentado praticamente pelos laços de amizade. O fato é que a fama de “gangster bom” não vende. Os diálogos de Lehane sempre foram marcantes e com Joe não é diferente, ele sabe que é um gangster, que faz parte do crime, da “noite”, mas não é isso que parece e Joe faz cagada atrás de cagada, chegando ao ponto de perdoar inimigos implacáveis e vingativos, e mesmo assim aumentando sempre sua riqueza.
Os personagens secundários são excelentes sim, mas é complicado imaginar um gangster no topo do crime e com tantos amigos verdadeiros, nem a “gangue” de Joe tem rostos ou nomes, e apesar de seus vários homens, o livro só mostra Dion, seu braço direito. O mesmo pode-se dizer de Graciela, personagem de importância vital no livro mas que fica deslocada no meio do mundo do crime.
Todavia, os pontos fortes de Dennis Lehane continuam presentes no livro, a boa narrativa, diálogos sagazes e um bom nível de violência estão presentes em todo momento, tudo isso embasado pelo excelente trabalho de ambientação que o autor faz, com grandes acontecimentos históricos entremeados a trama: a Lei Seca, a guerra fria entre EUA e Cuba, a ascensão da Klu Klux Klan, tudo isso complementa a obra e segura as pontas bem o bastante para não ser um desastre, no fim das contas você até passa a olhar Joe como uma pessoa notável que só entrou no mundo do crime por força do acaso.
Enfim, Os Filhos da Noite tinha tudo para ser um clássico mas segue com altos e baixos e com uma trama um pouco insonsa e difícil de engolir. Os Filhos da Noite já teve seus direitos comprados e deve ser mais um dos livros do autor à irem para as telonas. Vale a pena pela excelente narrativa do leitor, mas sem se comparar com grandes obras sobre a máfia, leia sem esse peso de comparação e provavelmente o livro soará melhor.

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Euflauzino 07/08/2018

O gângster que não queria sê-lo
Como alguém com a rígida formação irlandesa, filho de pai capitão de polícia, irmãos promotor de justiça e policial, pode tornar-se um mafioso, um gângster? Resposta: família desestruturada! E não é essa uma das maiores mazelas da sociedade, inclusive nos dias atuais?

Ao final do primeiro livro da série Coughlin – “Naquele dia” – constatamos todo sofrimento pelo qual a família Coughlin atravessa os anos 20. A Lei Seca continua, estamos no final dos anos 20, e o terreno é fértil para que o contrabando de bebidas floresça e faça de seus organizadores homens ricos e poderosos. A máfia e seus códigos é quem comanda a maior parte do comércio ilegal e quem não acata sua decisão paga com a vida.

E é neste contexto que Joe Coughlin, um jovem fora da lei, deixará de ser um simples bandido, decepcionado pelos dissabores familiares, para se tornar uma lenda. Não é necessário ler o livro anterior, aqui temos a trajetória do filho caçula do Capitão de Polícia de Boston, Thomas Coughlin. Trata-se de Os filhos da noite (Companhia das Letras, 480 páginas) de Dennis Lehane.

Não sou expert em matéria de livros sobre a máfia, li bastante deles, fictícios ou não, e me interesso pelo assunto como um bom curioso, assim como me declaro apaixonado pelo cangaço. Então o que vou dizer é pessoal: “ninguém escreve um bom diálogo entre mafiosos como Lehane (partindo do princípio de que ainda não me familiarizei com a escrita de Mário Puzo)”. Lehane já inicia o livro com um parágrafo de tirar o fôlego:

"Alguns anos mais tarde, a bordo de um rebocador no golfo do México, os pés de Joe Coughlin foram mergulhados em uma banheira de cimento. Doze atiradores esperavam a embarcação se distanciar o suficiente da costa para jogá-lo no mar enquanto ele escutava o resfolegar do motor e via a água revirada embranquecer na popa. Ocorreu-lhe então que quase todas as coisas dignas de nota que haviam acontecido em sua vida — fossem boas ou ruins — tinham sido postas em movimento naquela manhã em que seu caminho cruzara pela primeira vez o de Emma Gould."

Atraindo nossa atenção de forma primorosa, queremos saber o que acontecerá na vida deste futuro cadáver. Dá para percebermos que Emma Gould tornar-se-á peça importante na formação do caráter de nosso protagonista. Eles se conhecem em um assalto. Ela é a garçonete do local onde Joe e seus comparsas, os irmãos Dion e Paolo Bartolo, receberam a dica de que seria fácil subtrair.

"Ela chegou bem perto da pistola dele e disse: “O que o cavalheiro vai querer hoje para acompanhar seu assalto?”.
(...)
“Qual é o seu nome?”
“Emma Gould”, respondeu ela. “E o seu?”
“Procurado.”
“Por todas as moças ou só pela lei?”"

É gasolina jogada pra apagar fogueira, romance incendiário na certa. O grande problema é que Emma não é bem uma pessoa confiável, aliás ela é amante do big boss local, Albert White. Esconde segredos de uma vida dissoluta para os quais pai de Joe tenta alertar.

"(...) “O pai dela costumava ser cafetão, e o tio matou pelo menos dois homens até onde nós sabemos. Mas, Joseph, eu poderia ignorar isso tudo se ela não fosse tão...”
“Tão o quê?”
“Tão morta por dentro.” Seu pai tornou a consultar o relógio e mal conseguiu disfarçar o tremor de um bocejo. “É tarde.”
“Ela não é morta por dentro”, disse Joe. “Tem algo adormecido dentro dela, só isso.”
“Adormecido?”, falou seu pai enquanto Emma voltava para a mesa com seus casacos. “Filho, isso nunca mais vai acordar.”"

Seguir os conselhos de seu pai não era o forte de Joe, afinal de contas nada do que vinha dele ou dos seus poderia ser levado em conta.

Quando uma mulher certa vez perguntou a Joe como ele podia vir de um lar tão esplêndido e de uma família tão boa e mesmo assim ter virado gângster, sua resposta teve duas partes: (a) ele não era gângster, era um fora da lei; (b) vinha de uma casa esplêndida, não de um lar esplêndido.

Em novo assalto à mão armada, Joe é traído e sentenciado a vários anos de prisão. Mais uma vez recebe ajuda de seu pai na redução de sua pena e alguns novos conselhos de como sobreviver dentro do inferno:

"(...) “Na sua primeira semana lá dentro, alguém provavelmente vai ameaçar você. Ou na segunda, no máximo. Você vai ver o que ele quer nos olhos, quer ele diga ou não.”
Joe sentiu a boca muito seca.
“Então alguma outra pessoa, um cara bacana de verdade, vai defender você no pátio ou no refeitório. E, depois de fazer o outro sujeito recuar, vai lhe oferecer proteção pelo resto de sua pena. Escute o que vou dizer, Joe: é esse cara que você precisa machucar. Machucar tanto que ele nunca mais consiga ficar forte o suficiente para machucar você. Mire no cotovelo ou no joelho. Ou nos dois.”
Os batimentos cardíacos de Joe chegaram a uma artéria em seu pescoço. “E aí eles vão me deixar em paz?”
Seu pai lhe deu um sorriso contraído e começou a menear a cabeça, mas o sorriso desapareceu e o meneio de cabeça foi junto. “Não, não vão.”
“Então o que vai fazer eles pararem?”
Seu pai desviou os olhos por um instante, com a mandíbula contraída. Quando tornou a encarar o filho, tinha os olhos secos. “Nada.”"

Joe consegue sobreviver dentro da prisão vendendo sua alma a Maso Pescatore, um dos capo da máfia, que promete inseri-lo no universo de sua corporação criminosa. Ao se ver livre novamente, Joe procura Pescatore que o coloca como intermediário no contrabando de bebidas, condenando seu pai a prestar alguns favores ilícitos. E assim Joe vai galgando posições dentro da organização.

A violência torna-se parte da vida de Joe, uma segunda pele, e com a ajuda de seu braço direito Dion Bartolo vai se transformando no único contrabandista da região, até que alguém acima de Joe percebe que é preciso cortar as asas deste sonhador. É aí que os que estão a sua volta começam a sofrer.


site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2018/08/os-filhos-da-noite-vol-02-serie.html
Andrea 09/08/2018minha estante
Eu não me interesso muito pelo tema (normalmente, não gosto de histórias envolvendo tribunal, advogados, máfia, essas coisas), mas numa coisa concordo: o poder da escrita do Lehane. Podemos usar o "leria até a lista de supermercado" sem hesitação.


Euflauzino 09/08/2018minha estante
pois é, li o livro anterior desta saga que é "naquele dia", é enorme e a gente se perde na escrita dele. não é um livro clássico sobre gângster (apesar das cenas chocantes), mas sobre relacionamentos. amei de paixão!


Andrea 10/08/2018minha estante
Cenas chocantes têm, se não em todos, na maioria dos livros dele, né? Acho que o mais "leve" que li até hoje foi o Ilha do Medo, mas ele é tão pesado psicologicamente, que meio que uma coisa compensa a outra.


Euflauzino 12/08/2018minha estante
o mais pesado dele que li foi "sobre meninos e lobos", este sim me marcou demais.


Andrea 12/08/2018minha estante
Ele é mesmo, eu nem consegui assistir o filme.




Yohan 25/03/2014

Gângster e foras-da-lei
Em seu resumo, o livro trata da vida de homens que trabalham com produtos ilegais. Havendo em boa parte da história, tiroteios, ganância, amor, trapaças.
O livro é interessante pois ele nos faz voltar à época da Lei Seca.
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raonypimentel 02/07/2017

Um épico que traz à vida a celebração do vício como uma virtude nacional
Em 1920 passou a vigorar nos Estados Unidos a Lei Seca, fruto da ratificação da 18ª Emenda à Constituição do país, promulgada pelo até então presidente Woodrow Wilson. Durante um período total de 13 anos, 11 meses e 24 dias, a Lei Seca esteve vigente por todo o país, contribuindo para um agravo na crise econômica enfrentada nesta década, atingindo seu auge em 1929. A Lei Seca proibia explicitamente a fabricação ou qualquer outro meio de distribuição e venda de bebidas alcoólicas em todo o país, gerando fortunas para os mafiosos da época.

Este é o cenário escolhido por Dennis Lehane para dar vida à Joe e seus comparsas em seu mais novo livro “Os Filhos da Noite”, lançado no Brasil em 2013 pela Editora Companhia das Letras.

O livro conta a história de Joe Coughlin, o filho mais novo de um proeminente capitão de polícia de Boston, que definitivamente não tomou para si os caminhos do pai.

Na década de 30, Joe teve o seu destino confrontado ao conhecer pela primeira vez a atraente e misteriosa Emma Gould, durante um assalto realizado por ele e seus companheiros.

No exato momento que Joe colocou os olhos em Emma foi "atração" à primeira vista. Charmosa, atraente, sagaz e cautelosa, Emma sempre soube manipular os homens em sua vida, e por esta razão era amante de Albert White, o mais famoso traficante da região e dono da maior parte dos bares clandestinos existentes no sul de Boston.

Joe acaba se envolvendo com Emma e toda a sua vida passa a ser uma aventura brutal e cruel. Durante uma tentativa de fuga, Joe é erroneamente acusado de assassinar dois policiais, e por influência de seu pai, consegue uma redução em sua pena, se tornando um recluso em uma das detenções mais cruéis e perigosas do Estado.

A trama acompanha ainda a vida de Thomas, pai de Joe, que luta diariamente contra a dilaceração da lei e faz seu trabalho de maneira primorosa para tentar apreender os criminosos e marginais que efervescem as ruas tomadas por destilarias subterrâneas e bares clandestinos.

Thomas é envolvido no mundo de Joe onde a relação dos dois passa a ser explorada de maneira estratégica e exemplar, uma vez que Thomas busca se manter fiel à sua honra e precisa desobedecer seus preceitos morais para tornar possível a vida de Joe durante seu período pela prisão.

“Os Filhos da Noite” é considerado um épico que traz à vida a celebração do vício como uma virtude nacional, e garante aos leitores muitos capítulos de pura ação, aventura e mistério, enquanto explora a lealdade entre os grupos da sociedade, a corrupção existente no poder policial e o crime organizado pelo mundo.

A aventura vivida por Joe é emocionante e promete aos leitores grandes surpresas ao longo de sua história, enquanto o personagem transita entre o submundo clandestino de Boston até os bairros latinos de Tampa e os refúgios da Cuba.

Dennis Lehane tem sua carreira carregada de positivas críticas por seus trabalhos, sendo este o autor de obras de bastante sucesso pelo mundo, a exemplo de Apelo às Trevas, Sagrado, Gone, Baby, Gone, e o mais popular de todos: Sobre meninos e lobos, cujo adaptação para o cinema foi premiada com duas estatuetas do Oscar. O autor ainda é conhecido pelo Paciente 67, livro que deu origem ao filme "Ilha do Medo", estrelado por ninguém menos que Leonardo DiCaprio.

site: http://canalindicex.blogspot.com.br/2014/03/os-filhos-da-noite-dennis-lehane.html
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