Otávio - @vendavaldelivros 22/12/2023
“Nenhuma Utopia jamais poderá dar satisfação a todo mundo, o tempo todo.”
Pensar no tamanho do Universo é um exercício de humildade. Acredito que todas as vezes que pensamos sobre nosso tamanho em relação ao tempo do Universo, podemos nos tornar um pouco mais empáticos e menos preocupados com detalhes e fatos fúteis. Compreender nossa posição no balé cósmico pode ajudar na valorização das particularidades da vida humana.
Publicado em 1953 (dezesseis anos antes da ida do homem à Lua), “O Fim da Infância” do norte-americano Arthur C. Clarke vai contar a história de uma Terra no começo da Guerra Fria que se vê “invadida” por naves de um povo desconhecido. Diferente do que se poderia imaginar, esse povo (que inicialmente não se mostra fisicamente) implanta na Terra um tempo de paz mundial, prosperidade irrestrita e fim de todos problemas que assolam a humanidade.
Nesse novo mundo não existe fome, guerra, violência, desigualdade e nem mesmo a necessidade de trabalhar para sobreviver. Não existem mais fronteiras entre os países e todo ser humano é livre e tem recursos para ir para onde quiser, quando quiser. Não existem mais religiões, já que os seres humanos passam a ter contato com uma tecnologia que permite assistir o passado, o que coloca por terra dogmas e crenças antes fortemente estabelecidas.
Após 50 anos, os seres das naves, agora chamados pelos humanos de Senhores Supremos, finalmente aparecem publicamente e temos o primeiro plot twist da história. Obviamente não vou entrar em mais detalhes, mas posso dizer que é quase impossível não ficar preso nesse livro. Com um humor levemente ácido, recheado de indiretas, o autor nos conta uma história que bebe muito mais dos campos da filosofia, sociologia e psicologia do que apenas da ficção científica.
Com trechos e passagens marcantes, “O Fim da Infância” é um livro com muitas camadas, que gera debates incríveis, mas que acima de tudo toca em feridas da nossa própria humanidade. Facilmente uma das minhas melhores leituras do ano e uma indicação certa para quem quer experimentar uma obra de sci-fi pela primeira vez.
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