Everything but the books 14/12/2014
Em meio a tantos livros com fórmulas quase “iguais” (nada contra), Animate Me é um oásis de originalidade e beleza singular. Poético, hein? Mas é isso mesmo. Veja, alguns livros lemos só pelo prazer de lê-los e vivermos uma boa história. Já outros, e o Animate se encaixa nessa categoria, te fazem pensar durante e após a leitura. Você acaba vendo que, por trás de toda a história normal do livro, há um ensinamento valiosíssimo: a aceitação de si e do outro, a compreensão de que, não importa a sua forma física ou qualquer outra característica visual, todos merecem encontrar o amor, amar e ser amado, pois o mais importante é quem você é, sua personalidade e forma de ver o mundo.
Acho que algumas pessoas que não leram o livro devem estar agora pensando que enlouqueci ou que estou trocando as bolas, digo, os livros. Mas garanto que não, gente. Continua a leitura, tá?
Bom, a Brooke namora há algum tempo o Arnauld, um dos executivos do estúdio no qual ambos trabalham, a República do Rabisco. Longe de ser um relacionamento normal, este é mais uma acomodação da parte da Brooke, por ele ter dado oportunidades a ela em sua carreira, e também pelo fato de ele a diminuir, dizendo-lhe que ela precisa emagrecer, fazer plásticas, essas coisas. Arnauld realmente não a enxerga e ama como ela é de verdade.
Já o nosso Nathan, longe de ser um mocinho como os que estamos acostumadas a ver, é um nerd de carteirinha e um dos desenhistas da empresa. Ele nutre uma paixão platônica pela Brooke desde que a viu em uma reunião da empresa. Primeiro ponto a favor do nosso mocinho (sim, antes que me esqueça, odiamos Arnauld, uuuuuuuuu): realmente a visão que ele tem dela é superficial porque eles não são amigos próximos em um primeiro momento, mas sabem por que ainda assim o amor que ele sente por ela é possível? Porque, mesmo de longe, ele enxergou além da sua aparência, ele viu a paixão que ela tem pelos quadrinhos (ela queria mesmo era ser desenhista, mas não tinha talento, tadinha, aí, contentou-se em ficar o mais próximo que podia do ramo, como executiva), o carinho por aqueles responsáveis por colocar as histórias em forma de desenho, quando outros executivos poderiam achar que eles são meros empregados.
Eis que o destino resolve dar uma mãozinha e a pobre Brooke se vê em uma terrível situação com o seu computador: ela precisa do fio, a cordinha do computador. Cuma, certo? :P Nathan, reconhecendo-a e com as emoções a mil, faz de tudo para descobrir do que se trata a tal cordinha (cabo USB, Brooke. kkkkkkkkkk), até se oferecer para ir ver o “grande” problema in loco. Olha que danadinho! ;)
Daí, a amizade deles começa. Mal sabe a Brooke que ele já está tão apaixonado, que ela é até a musa inspiradora da sua história em quadrinhos que ele escreve nas horas vagas. A Garota-B, sua super-heroína, combate o mal e salva o planeta. Go, B!
Atrapalhadamente, o pobre garoto apaixonado a deixa pensar que está interessado em outra garota e começa a receber “aulas” de como conquistar uma mulher. Hummmm… Safadinho. Essas são as partes mais “calientes” do livro. Nada que vá te fazer achar que é um livro erótico, calma, mas o suficiente para você ver o fogo que arde em nosso pequeno nerd (campanha ‘um nerd pra chamar de meu’, eu apoio).
Em meio a isso, ele descobre qual café da Starbucks ela gosta e passa a comprar pra ela um todo dia, mas, como o bom desenhista-apaixonado-talentoso-arriado-os-quatro-pneus que ele é por ela, por que simplesmente entregar o café quando você pode torná-lo muito mais interessante e ainda render uns dedinhos de prosa? Hã, hã? Esse garoto vai dominar o mundo… Ele faz desenhos no copo, gente. Eu sei, certo? Cadê meu copo desenhado, produção? Calminha que eu chego lá. Os desenhos são baseados em conversas deles e referências que só eles entendem enquanto tecem sua história juntos. Que cute cute!
Como eu falei anteriormente, a emoção do livro, na minha opinião, fica por conta da forma como a Brooke e o Nathan começam a enxergar a si próprios. Ela deixa de se ver pelos olhos maldosos do Arnauld e percebe que não é fora de forma nem nada disso e que ela não deve se moldar ao gosto dele. Ela é amada da forma que é. Já Nathan deixa de se ver como um cara desajeitado (em vários sentidos, tadinho) e vê-se merecedor do amor e, principalmente, do amor da mulher amada.
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