sagonTHX 04/03/2014Reflexões não faltamEsse é um daqueles livros feitos para criar polêmica, não tem jeito. Por conta do tema, obviamente. Hoje em dia tudo o que diz respeito aos assuntos da Igreja Católica, de um modo geral, é polêmico. Isso, por culpa dela mesma, que cobriu toda a história (real) de Jesus sob um véu de mistério e misticismo. Isso funcionou bem na Idade Média, até fins da década de 1940. Agora, os tempos são outros e as pessoas buscam, acima de tudo, esclarecimento. E conhecimento é poder, liberta!
Mas, direcionando para o livro, quero dizer que os amantes das conspirações Danbrowniana (quem leu um livro do Dan Brown já leu todos) podem se ressentir ou até mesmo ficar irados, pois, de fato, O Clone de Cristo foge ao vulgar estilo Dan Brown. Que, aliás, só fez sucesso em O Código Da Vinci, lembrando bem.
Lankford não se preocupa em fazer conspirações. Aliás, o livro não tem nem mesmo violência (a não ser que você considere um par algo violento). É um drama. Ela se preocupa em por os fatos na mesa, expõem as situações, as implicações que isso gera e deixa que você decida se é certo ou errado. Todos os elementos polêmicos estão lá: politico, religioso, ético, científico; tudo muito atual. As consequências disso você cria, alimenta e avalia.
Há um paralelo entre o livro e a própria história de Jesus; da concepção à fuga, as coisas parecem seguir, paralelamente, como naquela época. A autora, provavelmente, quis demonstrar, com isso, que quem esá por nascer é de fato o Cristo.
Por não ser um thriller de suspense, a trama inicia-se bem morna e vai, gradativamente, crescendo a medida em que a gravidez avança e as pessoas ao redor começam a tomar ciência de que um clone de Cristo está em andamento. Assim como há 2 mil anos, existe aqueles que não querem que isso ocorra (e tem gente que não quer ler o livro com medo de que isso possa realmente acontecer, pode?), e farão de tudo para impedir que o dr. Rossi finalize o seu projeto. As últimas 100 páginas são extremamente empolgantes e de uma carga dramática que há muito eu não via em um livro. O final dá um preâmbulo para um próximo livro, o qual eu aguardo ansiosamente.
Quanto aos personagens, esse é o ponto mais delicado da obra. Lankford poderia ter trabalhado um pouco mais na caracterização, ou na intimidade de cada um deles. São personagens interessantes, mas pouco aprofundados. Quanto aos tecnismos envolvendo a clonagem, ela dá um show de conhecimento e pesquisa. Sam é um pé no saco e o Dr. Rossi, às vezes, uma criança chorona. Mas, afora isso, a trama nos prende do começo ao fim, pois você quer saber: afinal de contas, é o Cristo que está por nascer ou apenas o fruto de uma arrogância científica e de um fanatismo religioso?
Como eu disse, Lankford não se preocupa em dizer o que é certo ou errado no livro. Ela lança todos os parâmetros que envolve esse tipo de projeto e deixa que você decida se é ou não correto fazer isso.
O Clone de Cristo é um livro que, apesar do tema polêmico, deve ser lido, pois trata, acima de tudo, de nós, seres humanos. Pois os personagens de Lankford são tão humanos e falhos como nós.
Deus age por caminhos estranhos, na maioria das vezes. Então, quem poderá dizer, ou até julgar, se esse não seria o caminho que Ele escolheria para a segunda vinda de Cristo?
Eu gostei do livro (que graças a Deus passa longe do famigerado estilo Dan Brown) e recomendo a sua leitura (de mente aberta)!