Lina DC 10/07/2014"O diabo pede carona", segundo livro da série Cerberus, é narrado em terceira pessoa e os eventos mencionados nele acontecem alguns anos depois do primeiro livro. Após a saída do padre Izidro em uma missão, Cerberus é comandada pelo grotesco Padre Francisco.
Nesse livro, temos um conteúdo bem mais violento quando comparado ao primeiro livro. Não apenas pelas criaturas apresentadas, mas pela crueldade humana representada. Existem cenas de estupros, pedofilia e outros crimes hediondos, apresentados no enredo como uma situação rotineira. Nesse ponto vale a pena refletir a questão da influência do ambiente no desenvolvimento do caráter do indivíduo. O maior exemplo disso no livro são os acontecimentos com os novos personagens: Tomé, Tadeu e Cibele. Os três são as representações dos sofrimentos cometidos por atrocidades realizadas por seres humanos.
Com todo esse clima de insegurança em Cerberus, os Águias sem Medo terão que passar por uma prova de ferro (caso não completem a missão, o preço será a própria vida deles).
Em meio a todo esse caos, algumas coisas continuam iguais, como a desavença entre Renan e Célio, ou a necessidade de Ilian, como meio mordecai, controlar os seus impulsos.
A missão é resgatar Izidro, pois descobriram que ele encontra-se em grande perigo. E o grupo formado por João, Caio, Sebastian, Renan, Ilian e Mônica, mais o professor Baltazar (o único que apoia abertamente os alunos) são os responsáveis por cumprir essa árdua tarefa.
Uma jornada fora dos muros de Cerberus inédita. Paisagens e personagens novos são inseridos. Situações antes nunca vistas são abordadas, e explicações sobre as criaturas malignas e suas origens são alguns dos elementos apresentados no livro.
Sobre os personagens novos, temos dois grupos grandes que se destacam: O Povo do Esgoto ou a Resistência, que tem como líder o Pedro e a sua esposa Ana Amélia que lutam contra um poderoso Mordecai, chamado Rulav.
Rulav por sua vez, criou quase um império e adotou até mesmo uma filha, a Nancy, que terá grande destaque na obra.
A escrita do Leonardo Monte é empolgante. Em alguns momentos, apresenta uma grande sensibilidade e em cenas fortes consegue transmitir uma crueza que transforma as cenas em descrições aterrorizantes.
A história tem um conteúdo bem violento, mas também existem situações em que afloram os sentimentos bonitos, como amor, perdão e solidariedade. Cada um dos águias consegue transmitir uma gama de sentimentos ao leitor.
"É a única forma de se entender a morte, meus caros... não temendo-a, mas respeitando sua essência. As pessoas não compreendem a morte por temê-la, e a temem por não compreendê-la... percam o medo.. mas mantenham o receio". (p. 214)