Marcelo 01/09/2014
Resenha: Cowabunga!
O personagem principal é aquele tipo de pessoa que você ama ou odeia e eu tive o prazer de amá-lo. Ele não tem nada do que os outros personagens costumam ter e acho que isso foi um aspecto fundamental para eu ter gostado tanto dessa história.
O Zimbo, na verdade se chama Ricardo Avelar e tinha uma carreira promissora como surfista, mas por força do destino acaba sofrendo um acidente em sua juventude que o deixa impossibilitado de surfar. Ele acaba por se tornar uma pessoa triste, amargurada, ranzinza e ainda assim, se acha o último biscoito do pacote.
Passados quarenta anos após o acidente, Zimbo continua a ir a praia com a sua prancha (que carinhosamente chama de Cowabunga ou Cowabunguinha) e passa o dia na areia da praia na esperança de surfar a onda perfeita, contudo, o mesmo não tem coragem de sequer entrar na água.
A idade de Zimbo é um mistério no começo e confesso que fiquei muito curioso para saber a real idade do nosso protagonista que não foi revelada logo de cara. Por mais que ele já tenha mais de 60 anos, ainda aparenta ter seus quarenta e pouco com seu rosto e corpo ainda conservados, o que o ajuda com a mulherada, pouco se importando Zimbo com o "compromisso" que tem com sua companheira Letícia.
Em determinados pontos da história, encontramos flashbacks de Zimbo lembrando de sua infância, adolescência e juventude e estes acontecimentos são necessários para que compreendamos como o personagem foi desenvolvendo sua personalidade e se tornando o que ele é hoje.
Você passa o livro inteiro se perguntando qual será o destino de Zimbo e essa curiosidade é o que faz a leitura ser inteiramente prazerosa. Muitas das vezes você se questiona se ele vai tomar jeito, se ele vai amadurecer e se ele vai deixar o passado para trás e essas perguntas são respondidas somente no último capítulo. Sentiu a pressão?!
O livro Cowabunga! me trouxe uma experiência fantástica porque eu nunca tinha lido nada com referências aos anos 1960 e 1970. Confesso, que tinha até um pé atras com livros assim, mas fiquei encantado com a forma que autora trouxe essas referências para o contexto.
Outro tema bem predominante no livro é o surf. A história é repleta de nomes de manobras, gírias e hábitos desse esporte, fazendo com que você acabe se achando um verdadeiro surfista.
A publicação da obra foi feita pela editora Saraiva com o selo da Benvirá e a capa não podia ser melhor, pois além de linda, tem tudo haver com o tema trazido. Não gostei muito da diagramação, achei que a fonte utilizada é muito pequena. Não que isto tenha atrapalhado a leitura, mas com certeza, seria mais prazeroso ler um livro com a fonte maior.
O final de Zimbo é surpreendente e eu não cheguei nem perto de adivinhar e tenho certeza que também vai surpreender vocês em todos os aspectos.
Antes que eu me esqueça, Cowabunga, além de ser o apelido das pranchas de Zimbo, também é uma gíria de surfistas, que traduz-se como um grito de empolgação, uma espécie de "Uhul".
Para quem gosta de uma leitura recheada de novidades e pretende sair da mesmice de sempre, Cowabunga! é o livro que eu mais recomendo para vocês. Se prepare para se surpreender.
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