Os Versos Satânicos

Os Versos Satânicos Salman Rushdie




Resenhas - Os Versos Satânicos


41 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Clio0 31/03/2020

Não é uma leitura complicada, mas requer atenção.

Salman Rushdie tem sua própria versão de Realismo Fantástico, e soma-se a isso uma tripla linha temporal que pode confundir algum leitor incauto. Mas não se deixe desanimar por isso, a obra merece um esforço extra.

Os Versos Satânicos gira em torno justamente da mistura entre várias mitologias (cristã, hindu, muçulmana) e como isso influencia a sociedade. Temas fortes são constantemente debatidos, como influência familiar, aborto, morte, etc...

É um ótimo livro, porém são tantas incursões específicas da cultura hindu-oriental que às vezes forçam uma pesquisa de termos e muitas colocações exigem um conhecimento que pode não estar disponível a todo mundo.
comentários(0)comente



Fabio Shiva 05/10/2023

O Ministério do Fanatismo adverte: ler esse livro pode causar a sua morte!
No dia 12 de agosto de 2022, o escritor Salman Rushdie foi esfaqueado de 10 a 15 vezes quando estava prestes a fazer uma palestra em um instituto em Nova Iorque. O autor perdeu um olho, os nervos de um dos braços foram cortados, impedindo-o de mover uma das mãos, e o seu fígado foi perfurado. Esse ataque foi consequência direta de uma ordem de assassinato proclamada em 1989 pelo Aiatolá Khomeini, então líder do Irã. O motivo da sentença: Salman Rushdie publicou em 1988 o livro “Os Versos Satânicos”.

Desde a proclamação da fatwa (sentença de morte), com um prêmio para o assassino que chegou a mais de três milhões de dólares em 2012, Rushdie viveu 30 anos escondido. Esse atentado de 2022 foi o segundo do qual ele escapou: em 1989, um livro-bomba explodiu antes da hora e acabou vitimando o próprio terrorista que tentou matar Rushdie. Essa fatwa contra ele foi renovada em 2005 por Ali Khamenei, sucessor de Khomeini, que chegou a declarar:

“Mesmo que Salman Rushdie se arrependa ao ponto de se tornar o homem mais piedoso do nosso tempo, a obrigação permanece para cada muçulmano, de o enviar para o inferno, não importa a que preço, e mesmo fazendo o sacrifício de sua própria vida.”

Preciso acrescentar que essa condenação à morte não se limitou ao autor e aos editores, como também a qualquer pessoa que venha a tomar conhecimento do conteúdo do livro. Em outras palavras, mediante o advento distópico de uma ditadura mundial muçulmana, o mero fato de você ter lido esta resenha já colocaria a sua vida em perigo. Prossiga por sua conta e risco!

Eu tinha 16 anos em 1989, e lembro com muita nitidez as matérias sobre o livro blasfemo que havia provocado uma sentença de morte para o seu autor. Evidentemente, fiquei curiosíssimo para ler “Os Versos Satânicos” (e também um pouco amedrontado, confesso). Queria muito saber o que poderia haver de tão ofensivo nesse livro a ponto de gerar uma resposta tão drástica e desproporcional.

34 anos depois, graças ao carinho de minha querida amiga e irmã poeta Neuza de Brito Carneiro, a minha curiosidade finalmente pôde ser saciada, antes de ser exponencialmente aumentada. É que Neuza pegou para ler “Os Versos Satânicos”, e achou o estilo de Salman Rushdie parecido com o meu!!! Fiquei realmente intrigado e logo em seguida muito feliz quando chegou pelo correio o presente da amiga tão gentil: nada menos que um exemplar do livro maldito!

Comecei a ler com avidez. Antes de ser comparado tão generosamente a Salman Rushdie, imaginava que o texto de “Os Versos Satânicos” era árido e erudito, carregado de passagens herméticas, de difícil compreensão. Ledo engano! Logo nas primeiras páginas pude compreender porque esse livro foi considerado tão perigoso: a história apresenta várias passagens hilariantes, carregadas de feroz ironia, que não poupa nada nem ninguém. Não deixa de ser uma ironia à parte que a vida ocidental na Londres moderna é satirizada na mesma medida (ou mais) que a história do profeta Maomé.

Ao terminar a extensa leitura (a edição que li tem quase 600 páginas), ficou muito evidente estar diante de um livro muito bem escrito, com grande talento e originalidade. Por conta do realismo mágico que permeia toda a trama, é inevitável evocar algo de Gabriel García Márquez, mas as diferenças entre Gabo e Rushdie são mais notáveis que as semelhanças. Depois descobri que boa parte dos eventos citados no livro são inspirados em acontecimentos reais. Saber disso fez o livro ficar ainda maior aos meus olhos. Bravo! Bravíssimo!

Inevitável também é refletir sobre as tristes consequências do fanatismo e da intolerância, seja de qual matiz for. A religião muçulmana é digna e honrada, mas torna-se maculada por essas hordas de fanáticos que tentam impor à força um retorno à Idade das Trevas. Aqui no Brasil, atualmente vemos crescer de forma alarmante um fanatismo cada vez mais agressivo que profana tão tristemente a mensagem do Cristo, justamente em nome de quem são cometidas tantas feiuras. Só Jesus na causa para abrir a mente desse povo!

Encerro com algumas passagens de “Os Versos Satânicos”. Novamente, leia por sua conta e risco:

“É a função do poeta (...) nomear o inominável, apontar as fraudes, tomar partido, despertar discussões, dar forma ao mundo e impedir que adormeça.”

“Alguma coisa deve estar profundamente deslocada na vida espiritual do planeta, pensou Gibreel Farishta. Demônios demais dentro das pessoas que alegam acreditar em Deus.”

“Se os poderosos pisam em você, você fica infectado pela sola de seus pés.”

“’O Sol sempre se põe quando se temem os tigres’, citou o antigo ditado: as más notícias sempre vêm de uma vez.”

“O universo era um lugar de maravilhas, e só o hábito, a anestesia do cotidiano, turvavam nossa visão.”

“É quase sempre decepcionante conhecer pessoalmente um escritor.”

“(...) o que fez Salman, o persa, começar a imaginar que tipo de Deus era esse que soava tão parecido com um homem de negócios.”

“Onde não há crença não há blasfêmia.”

“Ninguém é capaz de avaliar uma dor íntima pelo tamanho da ferida superficial, do buraco.”

“A decisão de fazer o mal nunca é tomada definitivamente até o próprio momento do ato; sempre existe uma última chance de retirada.”

“Não é de admirar que não se consiga manter a concentração em nada por muito tempo; não é de admirar que se inventem aparelhos de controle remoto para mudar de canal. Se virássemos esses instrumentos para nós mesmos, iríamos descobrir mais canais do que jamais sonhou qualquer magnata das TVs a cabo e por satélite...”

“Quem quer que esteja nas proximidades de um moribundo está inteiramente à sua mercê. Socos desferidos de um leito de morte deixam marcas que nunca se apagam.”

“De agora em diante, preciso pensar que estou vivendo no primeiro instante do futuro.”

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2023/10/o-ministerio-do-fanatismo-adverte-ler.html




site: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/
Daniela Canela 05/10/2023minha estante
Muito boa a sua resenha. Você escreve muito bem.


Fabio Shiva 06/10/2023minha estante
Oi Daniela! Gratidão pelo comentário e por essa energia boa!


Uedison Pereira 17/01/2024minha estante
Esse é o cara. E muito corajoso. Pena que alguns na segueira de suas crenças o queiram na fogueira...

E nenhum diretor ainda teve a coragem de levar o livro às telas.




Andreia Santana 15/10/2011

“Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro”
Gibreel Farishta e Saladim Chamcha despencaram 30 mil pés sobre Londres. A metáfora usada por Salman Rushdie para descrever o estranhamento desses dois imigrantes indianos na Londres da era Tatcher pode servir como alegoria para qualquer situação em que o ser humano se sinta inadequado, estranho, em eterna adaptação. Os dois homens, hindus-muçulmanos (esse é o livro que decretou a sentença de morte de Salman Rushdie diante dos fundamentalistas islâmicos) sobrevivem à explosão de um avião atacado por terroristas. Durante a queda das nuvens, sofrem o que o autor chama de metamorfose.

Gibreel, o arcanjo, é um ator de sucesso, faz filmes teológicos e já interpretou um sem número de deuses do intrincado panteão hindu. Saladim, também ator, é um homem atormentado por demônios interiores, complexo de Édipo mal resolvido, relação tensa com o pai, frustração na carreira, inadequação com a própria cor da pele, escura. Gibreel, ex-menino pobre das ruas de Bombaim, é a estrela histriônica e cheia de caprichos, mas que tem tanta luz dentro de si que recebe o perdão para todos os seus pecados antes mesmo de cometê-los. Essa intensidade o cega. Ofuscado pelo próprio ego, consumido pela paixão por si mesmo, pela humanidade, por Alleluia Cone, a alpinista que conquistou o Everest, embarca nos próprios devaneios, julga-se o mensageiro de Deus, o braço esquerdo da ira divina, o Arcanjo Gabriel encarnado. Perde o juízo e começa a viver a fantasia de sua infância, quando a mãe o chamava de “farishta” (anjo).

Saladim, o menino rico de Bombaim, filho de um próspero fabricante de fertilizantes, rejeita a casa paterna, a cultura de seus pais, do país de origem. Ele quer ser inglês, falar, vestir-se, ter a cor dos britânicos. Também vive dentro de um sonho e tarde demais descobre que a velha Inglaterra das novelas de cavalaria não existe para além do cancioneiro dos poetas.

Contar todas as mirabolantes reviravoltas do destino desses dois homens – um transmutado em anjo, o outro em demônio, é estragar o prazer, o susto, a confusão, a necessidade de digerir cada linha de Os Versos Satânicos.

Basta dizer que é uma leitura fundamental para entender o eterno conflito oriente-ocidente. Para ter o panorama completo que Rushdie deseja traçar não somente da Índia, mas de como a cultura molda o ser humano, na mesma medida em que é consolidada por ele, é preciso ir mais fundo no universo rushdiano e ler também O chão que ela pisa. Os dois livros se completam, embora tragam personagens e situações diversas. A sensação ao concluir as duas leituras é de ignorância completa.

Senti-me incapaz, logo de cara, de dizer se entendi o recado. Fiquei confusa, sem saber se Rushdie queria mesmo dar um recado ou se os dois livros não são apenas a sua catarse, a sua forma de exorcizar os demônios da herança anglo-indiana. Se tudo não passa da narrativa de um homem em conflito entre oriente-ocidente, mas que tem senso critico suficiente para olhar os dois mundos sem fazer concessões, sem piedade.

É o melhor e o pior dos dois universos e é tão próximo da vida de qualquer pessoa, independente de ter nascido em Bombaim, Londres, ou em Salvador, que é difícil não traçar paralelos. Não vou dizer como a história acaba ou o que ela revela, porque digestão é algo muito particular, no ritmo próprio de cada um. Duas pessoas não digerem a mesma informação de maneira semelhante. Limito-me a dizer que o ciúme é a ruína do celestial Gibreel e o amor pode redimir o satânico Saladim.

No fim, anjos parecem criaturas atormentadas e demônios, demasiadamente humanos.

UM TRECHO DO LIVRO:

“A cidade moderna é o locus classicos de realidades incompatíveis. Vidas que não têm nada a ver umas com as outras se misturam, sentadas lado a lado no ônibus. Nas listras do chão do cruzamento, um universo é atingido por um instante, piscando como um coelho, pelos faróis de um veículo motorizado dentro do qual se encontra um continuo inteiramente estranho e contraditório. E contanto que não vá além disso, que passem na noite, que se acotovelem em estações de metrô, tirando os chapéus em algum corredor de hotel, não é tão grave…”

================================

P.S.: Só um lembrete aos marinheiros de primeira viagem na área de literatura. Uma resenha é uma leitura comentada, uma análise com base na obra lida e em outras obras do autor resenhado - além de outras leituras do resenhista. Resenha é texto jornalístico, tem de ser informativo e analítico ao mesmo tempo. Quem não quer saber detalhes da história, jamais deve ler uma resenha e sim um resumo, porque o resumo é só uma apresentação do tema da obra, sem aprofundamento crítico e sem análise.



Yussif 17/05/2012

O livro não é uma obra escrita de forma aleatória contando a história islâmica, mas de maneira subjetiva e romanceado à experiência de seu autor e sobre sua frustração com o Islam.

O que vemos, em linha geral, é uma espécie de romance "à la" Jorge Amado, só que o autor por ser indiano e ex-islâmico vê as coisas sob outra ótica. O romance é escrito de maneira abstrata/surrealista e mistura fatos, ficções, histórias e estórias. Sua aguda maneira crítica de escrever não deixa ninguém sem ser alfinetado, sobra para todo mundo: Ocidente, Oriente, Cristianismo, Ascetismo, Ceticismo e, como era a intenção do autor, o Islamismo. No Islam Salman "bate forte", faz críticas e expõe uma das maiores religiões do mundo.
comentários(0)comente



Gabi 01/04/2012

Os Versos Satânicos
Um avião sai da Índia com destino a Londres, é tomado por terroristas islâmicos, é explodido nos ares e apenas dois passageiros sobrevivem. São dois atores indianos que durante a queda se metamorfoseiam um em diabo e o outro em anjo. A primeira vista, parece um enredo clichê e óbvio para nós que vivemos no pós 11 de setembro de 2001. Contudo, o livro foi escrito em 1989 e sinaliza diversos conflitos que viriam se agravar no decorrer dos anos seguintes.
-
A publicação dessa obra rendeu a Salman Rushdie (escritor indiano, de família islâmica, radicado na Inglaterra) uma sentença de morte expedida por um aiatolá iraniano, vários anos vivendo clandestinamente, escondendo-se, por causa da perseguição de fundamentalistas islâmicos espalhados pelo mundo. Maldição por suas heresias? Talvez possa até ser, mas que não tem nada de sobrenatural, é muito, sim, humana.
-
As provocações já começam no título, porque o Alcorão (que significa "a recitação") é escrito em versos, sendo considerado a transcrição das palavras proferidas por Maomé sob inspiração do anjo Gabriel. Porém o autor afirma não ser essa sua intenção:
-
"Você nos chama de demônios? O título parece perguntar. Muito bem, então aqui está a versão do mundo pelo ponto de vista dos demônios, do 'seu' mundo, a versão escrita a partir da experiência dos que têm sido demonizados em virtude de suas alteridades. Como as crianças asiáticas, no romance, usam chifres de brinquedo orgulhosamente, como uma afirmação de orgulho de suas identidades, o livro orgulhosamente usa esse título demoníaco. O objetivo não é sugerir que o Alcorão foi escrito pelo diabo, é uma tentativa do mesmo tipo do ato de afirmação que, nos EUA, transformou a palavra preto (black) de um termo racista em uma "bonita" expressão de orgulho cultural" (Salman Rushdie, retirado daqui: http://public.wsu.edu/~brians/anglophone/satanic_verses/svnotes.pdf)
-
Sendo ou não sendo intencional, tanto o título, quanto várias passagens do livro remetem ao Alcorão e ao islamismo, duvidando e questionando os pressupostos desta religião, e por analogia os de outras religiões, pondo em cheque a própria fé. Por outro lado, também não é uma visão otimista do "Ocidente" secular. Os dois atores indianos caem na Inglaterra, através deles e dos demais personagens, é exposta a visão dos "demônios" do mundo que os demoniza.
-
A narrativa que nos conta tudo isso é fluída, não linear, fantástica, vaza dos sonhos para a realidade e a faz igualmente onírica. São múltiplas histórias, entrelaçadas, que seguem diversos caminhos e culminam num fim comum.
-
Um livro contemporâneo, que bota o dedo nas feridas da identidade, da imigração, da alteridade, da hibridização cultural, da intolerância, do choque de diferenças, da colonização e pós-colonização, da separação entre bem e mal, entre "eu" e o "outro".
-
-
"Pergunta: O que é o oposto da fé?
Não é a descrença. Definitiva demais, exata, fechada. Ela própria uma espécie de crença.
É a dúvida." (p. 105)
-
-
"'Mas como eles fazem isso tudo?', Chamcha queria saber.
'Eles descrevem a gente' o outro sussurrou, solene. 'Só isso. Têm o poder da descrição, e a gente sucumbe às imagens que eles constroem'". (p. 186)
-
-
Também publicado em: http://minhasalavazia.blogspot.com.br/
RICARDO 02/04/2012minha estante
Já decidi que vou ler =)


Valeska 29/06/2021minha estante
Muito obrigada pela dica das notas!!




MarcosQz 13/10/2022

Provavelmente um dos livros mais complexos que li até hoje. Digo isso por pura falta de conhecimento mais profundo do Alcorão e da fé islâmica. Rushdie aborda vários assuntos em sua obra, questões familiares, amores, patriotismo, as dualidades de bem e mal, colônia e metrópole, imigrantes e nativos, fé e descrença sobre o sagrado.
Daqui alguns anos gostaria de ler novamente, ter uma outra visão, porque confesso que fiquei viajando em várias partes do livro sem entender absolutamente nada, o que não diminui ou desmerece a obra, que é incrível do começo ao fim, com muita originalidade.
comentários(0)comente



Leila 19/11/2022

Eita livro difícil de ler! Aff, 10 anos para terminar e ainda não entendi nada. Simples assim, por isso meus comentários serão praticamente inexistentes,kkk. Só não abandonei para dizer mal com propriedade e digo que o tempo dispendido para mim não valeu a pena, e olha que ainda pedi ajuda pros universitários (leia-se Cristina do Relivrando que a essa altura está me excomungando, por tê-la botado em outra enrascada, rs). Enfim, na minha humilde opinião o livro só tem a fama que tem por conta da fátua, "jura de morte" ao autor depois de escrever esse livro, só acho! porque pelo livro em si, sei não, só achei uma imensa viagem na maionese e um total non sense e se alguém me falar que entendeu a obra, sério merrmo, eu vou duvidar.
Bom, não conseguirei me fazer entender e nem dar uma pitada sobre o livro em si, porque não tenho o que compartilhar após ler 600 páginas de uma doideira a base de haxixe estragado. Dito isso, se alguém se aventurar e entender, depois venha me dar aula, please. Mas já aviso, vá por sua conta e risco.
comentários(0)comente



Carla Verçoza 26/07/2020

Maravilhoso!
O livro me pareceu um pouco confuso no começo, em alguns momentos parecem ser várias histórias não relacionadas inseridas no livro. Porém, ao concluir a leitura, achei inteligentíssimo, muito interessante e história intrigante. Eu gosto da forma que ele escreve, os elementos fantásticos. Dei boas risadas em algumas partes, descrições de situações, um humor peculiar do autor. Após a leitura, assisti ao documentário sobre o livro e o autor (Satanic Verses by Salman Rushdie, tem no YouTube legendado), que explica como o livro foi problemático mesmo pra vida do Rushdie, uns 10 anos vivendo sob ameaças, nessa angústia e medo, negócio foi pesadíssimo. Que livro incrível!
comentários(0)comente



Ariela 01/01/2022

Leitura difícil e cheia de referências
“Os Versos Satânicos” foi um dos livros mais difíceis que eu já li e, com certeza, preciso reler.
É um livro muito polêmico e foi proibido em vários países islâmicos, o que foi possível de compreender na leitura, dada a abordagem que se tem de passagens do Corão. No entanto, foi um livro difícil por ter inúmeras referências do Corão e da cultura indiana que eu não conheço. Além de tudo, algumas partes são bem confusas, ao ponto de eu não saber se não entendi ou se realmente não eram para ser entendidas.
Apesar de tudo, eu achei o livro interessante, algumas partes foram bem fluídas e prazerosas e outras me fizeram pesquisar e conhecer mais sobre uma cultura que eu tenho pouco contato. O livro me fez querer aprender mais e, por isso, considero que foi uma leitura válida.
comentários(0)comente



Garcia 17/11/2020

"Basta, Deus, pediam suas palavras não ditas, por que devo morrer se não matei, o senhor é vingança ou é amor? A raiva de Deus deu-lhe forças para mais um dia, mas acabou se apagando, e em seu lugar veio um terrível vazio, um isolamento, quando ele compreendeu que estava falando com o nada, que não havia ninguém, e sentiu-se então mais tolo que nunca em sua vida, e começou a apelar para o vazio, ya Alá, pelo menos esteja aí, droga, exista. Mas não sentiu nada nada nada, e descobriu um dia que não precisava mais que existisse algo a sentir."

Gibreel Farishta e Saladin Chamcha são dois atores indianos que se transformam, respectivamente, em anjo e diabo, após sobreviverem à queda de um avião sequestrado por terroristas.
Gibreel é famoso na Índia, conhecido por seus respeitosos filmes religiosos e por amar a própria cultura. Saladin vai estudar em Londres na juventude e, desde então, nunca mais voltou para a terra natal. Na Inglaterra é conhecido como o “Homem das mil e uma vozes”, por ter um talento natural em criar diferentes personagens no ramo da dublagem.
Com carreiras distintas em continentes diferentes, os atores se conhecem no avião que mudará o destino de ambos. A queda e a subsequente sobrevivência interliga seus futuros e assim que atingem o solo, percebem suas transformações ocorrendo. Uma auréola praticamente invisível surge sobre a cabeça de Gibreel e Saladin começa a ter características demoníacas após uma traição do agora anjo. Os dois se separam e cada um percebe ter uma missão após a fatalidade. Mesmo afastados, suas vidas estão conectadas e os eventos posteriores à queda trazem elucidações sobre seus passados e os motivos de terem se encontrado naquele avião.
A escrita de Salman Rushdie é poética e cheia de simbolismos. O autor transita entre o real e o fantástico, a dualidade bem e mal e mostra como os personagens principais são opostos. Um romance alegórico com questões filosóficas que busca a resposta para a pergunta primordial: quem sou eu? Uma leitura densa que precisa ser feita com paciência. 4/5.

site: https://www.instagram.com/p/CHtOFb1j5Pn/
comentários(0)comente



Michelle França 19/12/2022

Polêmico esse menino.
Leia livros cujo autor ama criar polêmica, ser condenado a morte por um Aiatolá e de quebra leva onze facadas na cara por conta deste livro e sobrevive ? fortes emoções kkkkk

Livro difícil ?sim muito, demorei pra terminar é denso e vale releitura. Não entendo muito de cultura islâmica o que me obrigou a me informar sobre para identificar os trechos tão polêmicos que renderam ao autor uma condenação a morte ( fatwa) há mais de 20 anos e que recentemente quase se concretizou ?. Pois bem o bicho brinca com o perigo né, ele só ofendeu a imagem do profeta Muhammad ou Maomé ao usa- lo como um de seus personagens obviamente com uma roupagem alegórica e BASTANTE crítica, e não só isso mas ousou referir aos versos Satânicos como os Versos que foram excluídos do alcorão por não fazerem parte da crença monoteísta do Islã, para eles é mais que blasfêmia.
Voltando ao livro, fora as polêmicas a história é densa, muito confusa, é necessário voltar várias vezes para ter real compreensão da narrativa que se intercala entre dois personagens principais metamorfoseados em "anjo" e "demônio" que narram suas passagens entre o real, sonhos e mitologia . Um nó na cabeça.
Quero mais desse autor, é como se estivesse lendo algo escrito por uma pessoa com esquizofrenia, sei disso pois já li livros de autores esquizofrênicos e não há quem supere-os em confusão narrativa.
comentários(0)comente



Messias 03/12/2022

Eu tinha lido sobre esse livro em alguns lugares, então confesso que a expectativa era alta. E ele atendeu todas elas. A escrita, por vezes, é difícil. Ainda assim é um livro muito bom de ler, com uma narrativa empolgante e com questões mais profundas tratadas de forma exemplar. Apesar de um livro de literatura, tem um forte apelo acadêmico.
comentários(0)comente



Val Alves 16/06/2020

Os Versos Satânicos é um livro um tanto enigmático, e as fases da leitura foram bem variadas pra mim: por vezes foi fluida e prazerosa; outras vezes foi um tanto cansativa e confusa.
Depois de sofrerem um acidente de avião Gibreel Farishta e Saladin Chamcha tem suas vidas interligadas.
Os conflitos culturais e religiosos fazem repensar a situação do estrangeiro que parece não se encaixar numa nova nação, tanto por fatores internos quanto externos.
comentários(0)comente



Lismar 18/05/2019

Livro excelente
O livro Os Versos satânicos é uma leitura um tanto indigesta atualmente, o autor, que foi foi sentenciado à morte pelo aiatolá Khomeini por ter escrito este livro, não poupa balas de sua escrita ácida, e atira para todos os lados.
A obra trata-se do cotidiano de dois atores indianos que são os únicos sobreviventes de um atentado terrorista à um avião em pleno ar. Um se transforma em anjo, e outro, em diabo.
Apesar de ser centrado em uma crença a qual não conheço bem; A Submissão, forma como o Islamismo é descrito no livro, possui uma leitura bem fluida, e conseguimos absorver o que o escritor deseja nos passar.
A obra não é escrita apenas em um tempo cronológico, em alguns capítulos, acompanhamos o cotidiano dos atores indianos, em outros, vamos ao passado longínquo ler sobre Maomé e o início do Islamismo, e em outro, as aventuras de Ayesha na missão de guiar o povo em um êxodo contemporâneo.
Esse último, então, é um dos meus favoritos. O leitor sempre fica em dúvida se o que está ocorrendo é milagre ou apenas histeria coletiva. Isso fica a cargo de nosso entendimento.
Outro ponto bastante positivo é a abordagem da tensão racial presente no livro, o escritor possui uma visão seca, lúcida, sem romantismo. Critica tanto os racistas quanto aos movimentos sociais.
Aconselho bastante a leitura do livro.
comentários(0)comente



41 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR