Carlos Luan 01/02/2011
Resenha Crítica da obra O Príncipe de Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença a 3 de maio de 1469, e morreu em 20 de junho de 1527. Serviu na segunda Chancelaria de Florença de 1498 a 1512. Tornou-se um conhecedor profundo dos mecanismos políticos e viajou incessantemente participando em vinte e três embaixadas a cortes italianas e européias, conhecendo vários dirigentes políticos, como Luís XII de França, o Papa Júlio II, o Imperador Maximiliano I, e César Bórgia.
Maquiavel foi demitido em 7 de Novembro de 1512, pelos Médici que estavam ao poder, devido à sua ligação ao governo republicano, retirando-se da vida pública. Tendo-se tornado suspeito, em 1513, de envolvimento numa conspiração contra o novo governo, foi preso e torturado.
Em Maio de 1527, tendo os Médici sido expulsos de Florença, Maquiavel tentou reocupar o seu lugar na Chancelaria, mas o posto foi-lhe recusado devido à reputação que “O Príncipe” já lhe tinha granjeado. Pouco tempo depois morreu.
“O Príncipe”, que foi redigido em 1513, só pode ser publicado em 1532, foi a principal obra escrita por Maquiavel, a qual foi dedicada ao monarca Lorenzo Médici, em que ele busca mostrar aos soberanos quais os métodos para se obter e manter o poder, sendo para muitos, o livro, considerado um manual político, já em contra-senso Jean-Jacques Rousseau, um de seus adeptos, diz a respeito dessa afirmativa “[...] e o que Maquiavel fez ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos..."
Segundo Maquiavel existe somente dois tipos de Estados: as Repúblicas ou os Principados, qual o último pode ser dividido em Hereditário ou Estado Novo. Os principados hereditários são aquelas cujos monarcas herdam o poder através da linhagem familiar. Sendo esta de difícil tomada, pois o povo já esta adaptado a uma família reinante. No caso de o estrangeiro querer tomar a província e se manter no poder, basta evitar transgredir os costumes e saber se adaptar as circunstâncias imprevistas.
No caso da invasão de estrangeiros a uma província qualquer, ele deve notar e respeitar alguns requisitos, cujos são a mudança de residência do príncipe ao novo território, instalar colônias em um ou dois pontos distintos da província, que sejam posições estratégicas, unir-se aos vizinhos menos favorecidos, deve prever e estudar as ações que podem ser tomadas pelos inimigos, não deixar com que Estados já poderosos adquiram maior ou igual poderio ao seu.
O monarca não deve contar com o apoio de exércitos de mercenários e nem de milícias auxiliares, contando unicamente com seu exército, pois as tropas mercenárias não possuem honra e estão dispostos a servir o rei somente em momentos de paz, pois não querem perder seus homens em lutas por outro alguém, sem contar que lutam unicamente por dinheiro, não podendo assim, o príncipe, confiar em tais exércitos, pois podem o deixar e até conspirar contra o rei se visualizar condições melhores do lado inimigo.
Já no caso das tropas auxiliares, é de igual dificuldade confiar nele, pois não importam para eles o resultado da guerra, e há também o fato da conspiração ocorrer, visto que são unidas e obedientes, mas a outro senhor, logo podem tomar um território para o comandante ao qual estão temporariamente servindo e resolver reivindicá-lo ao seu real governante. Assim sendo o rei deve contar unicamente com seu exército, mesmo que este venha a ser incapaz de ganhar a batalha.
Há certas virtudes e vícios que os monarcas possuem, e devem sempre optar pelo melhor para sua província mesmo que seja necessário tomar medidas desonrosas, que são consideradas vícios, pressupõem assim que há certos vícios que são considerados virtudes e certas virtudes que são tomadas como vícios.
O príncipe que chega ao poder por aclamação do povo tem maior facilidade de mantê-lo do que se tivesse chegado através da aristocracia, logo o monarca deve buscar a fidelidade dos seus súditos. É uma virtude para o rei valorizar as suas boas ações e executar de forma rápida e silenciosa as más, porque o povo será impactado pelas ações ruins de uma só vez e as boas frequentimente, sem perder a autoridade e nem deixando que os súditos pensem que ele é de inteira bondade, pois o rei deve também ser cruel quando necessário. Ao monarca lhe é vistoso antes ser temido a ser amado, logo que o amor é algo inconstante, e o temor é duradouro, e traz consigo respeito e autoridade ao governante. O príncipe não deve desarmar seus súditos, pois isso pode parecer desconfiável por parte dele, devendo agir de maneira contraria, armando seus súditos, tal ato trará consigo fidelidade do povo.
Todo bom governante traz consigo bons ministros, e os mesmos devem ser de extrema confiança do rei, pois estarão sempre ao redor do soberano.
O monarca deve saber e ter as artimanhas da guerra, pois ele liderara seu exército em busca da vitória, deve conhecer bem dessa arte, como: estratégias territoriais, melhores e mais eficazes formas de ataque e defesa, e se necessário, de recuada. Uma virtude que o soberano precisa possuir com excelência é ser sábio, possuindo a mesma será capaz de se manter ao poder por um período de tempo duradouro e será aclamado pelos súditos.
O livro, como já foi mencionado anteriormente, foi escrito dedicado a um monarca, Lorenzo Médici, e como já está bem claro ensina como conseguir e se manter no poder, além de ensinar ao povo as reais intenções dos ambiciosos soberanos. Serve como um manual de ação política, todos os lados da guerra são abordados no livro desde simples estratégias territoriais à fugas, e, ou recuadas. Ao lado estrutural da obra traz muitos, e eficazes exemplos no decorrer dos ensinamentos, o que facilita o entendimento.
Maquiavel revolucionou ao tratar que Estado e Religião não devessem andar juntos, para muitos foi uma atitude ate satânica, herege e lunática. Nicolau Maquiavel é considerado o pai da ciência política, e é muito valorizado atualmente, sendo suas idéias discutidas com muita efervescência, se hoje discutimos sobre ciência política e teoria do estado, parte disso deve-se a ele e suas obras, nos mostrando um novo modo de pensar para a humanidade. “O Príncipe” é um livro ideal para todo empresário, político, lideres em geral, devido a seu conteúdo rico em ensinamentos aplicáveis em diferentes áreas do cotidiano dessas pessoas. Recomendo-o a todos, pois mesmo quem não possui a intenção de assumir o poder, seja ele de qualquer intensidade, saberá como os que nos lideram agem e como se portar diante de ações específicas.
Carlos Luan Pereira Ramos, acadêmico do Curso em Bacharelado em Ciências Contábeis da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM.