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Resenhas - Autores


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Luis 26/12/2014

Operários da escrita
Em 1993, Antônio Fagundes não queria mais fazer novelas. Estava em cartaz em São Paulo, em uma montagem de Shakespeare. Depois do imenso sucesso de “Pantanal”, Benedito Ruy Barbosa voltava à Globo, onde já tinha aprovada a sinopse de seu novo trabalho. A história, primeiramente chamada de “Bumba Meu Boi”, era baseada em uma coleção de causos coletados em uma temporada do autor nas fazendas de cacau do sul da Bahia. O elenco já estava totalmente escalado, mas faltava ainda o personagem principal, o Painho, José Inocêncio, que seria vivido na primeira fase por Leonardo Vieira. Faltava o ator que encarnaria o protagonista em sua segunda fase. Benedito queria Fagundes.
O escritor foi ver a peça e convidou o artista para jantar após o espetáculo. Explicou que precisava de um interprete para o personagem principal e que só pensava nele para o papel. Fagundes agradeceu, mas foi categórico, não estava interessado em fazer televisão naquele momento. Barbosa insistiu, porém o ator seguia irredutível. Benedito então fez algo que estava fora dos planos e que jamais havia ocorrido antes : Ali mesmo, no restaurante, resolve contar o primeiro capitulo e alguns elementos iniciais da trama; o encantamento de José Inocêncio por uma moça que dançava o Bumba meu boi e que seria a mãe de seus quatro filhos, a lenda do facão enterrado no jequitibá, a morte da esposa durante o nascimento do quarto filho, os diálogos imaginários entre o fazendeiro e a esposa ao longo dos anos, que, para ele estava viva, as batalhas para desbravar as roças de cacau...
Em seguida, o velho autor conta em detalhes o que seria o último capitulo, já arquitetado desde o início. Antônio Fagundes começou a chorar. José Inocêncio ganhou um intérprete.
Esse episódio, que reporta de forma brilhante a escalação do protagonista de “Renascer”, ilustra à perfeição a riqueza de informações dos dois volumes de “Autores-Histórias da Teledramaturgia” (Globo, 2008), obra fundamental para qualquer pessoa que se interesse, profissionalmente ou não, pelo fantástico universo narrativo que é a matéria prima principal da TV brasileira há mais de 50 anos. As reminiscências de 16 autores do primeiro time da principal emissora do país, proporcionam depoimentos enriquecedores e curiosos sobre carreiras, erros, acertos e a visão de cada um sobre o seu processo de trabalho. Chama a atenção que, mesmo construindo um painel variado, fruto inclusive da diversidade na formação de cada profissional entrevistado (oriundos do jornalismo, cinema, teatro, etc), há um ponto comum na percepção coletiva : o entendimento de que fazer novela é uma espécie de estiva da escrita, que, na maioria das vezes, passa ao largo do glamour que seduz os telespectadores.
Além de Benedito Ruy Barbosa, no primeiro volume são também entrevistados Aguinaldo Silva, Alcides Nogueira, Antônio Calmon, Carlos Lombardi, Euclydes Marinho, Gilberto Braga e Glória Perez. O segundo tomo traz João Emanuel Carneiro (o mais novo a entrar para o clube), Manoel Carlos, Maria Adelaide Amaral, Miguel Falabella, Ricardo Linhares, Silvio de Abreu, Walcyr Carrasco e Walter Negrão.
Apesar da importância e originalidade da iniciativa, sendo uma publicação que leva o selo “Memória Globo” há claramente o objetivo de se ater à esfera dramatúrgica da emissora líder, o que explica (mas não justifica) algumas falhas, como a da não inclusão de Lauro César Muniz, na época, já ex-funcionário da Globo, mas que pela relevância de sua obra (autor por exemplo de “Escalada” e “Roda de Fogo”) não poderia ter ficado de fora.
Uma outra questão que salta aos olhos é uma certa padronização das entrevistas. Nota-se que a equipe responsável tentou seguir um roteiro um tanto quanto engessado, e que, na mão de um time de pesquisadores e especialistas mais experientes, a obra poderia ter resultado ainda melhor.
Apesar dessas observações, “Autores” presta um serviço essencial à bibliografia da história da televisão no Brasil. Conhecer um pouco mais dos criadores dos enredos que encantam há décadas milhões de brasileiros e que constituem a nossa Hollywood , ajuda a entender como Cristiano Vilhena, Odete Roitman, Salomão Ayala, as várias Helenas, Mário Fofoca, Viúva Porcina, Renato Villar, Carminha e tantos outros, ultrapassam as dimensões da tela e entram no nosso cotidiano, muitas vezes de forma avassaladora, até que o último capítulo nos separe.
Afonso74 13/07/2021minha estante
Luis, Obrigado por me resumir a origem desse épico que foi Renascer, pra mim a melhor novela de todos os tempos. Venho dizendo há 20 anos que essa novela deveria virar um livro mas, mesmo sabendo agora por ti que foi baseada em "causos" do Sul da Bahia, ainda acho que deveria virar uma obra literária.
Abçs e saúde




Celso 10/10/2009

Perfeito pra quem gosta de teledramaturgia
Os livros são resultado de cerca de 70 horas de entrevistas e reúnem perfis, depoimentos e fotos exclusivas dos autores em seu ambiente de trabalho ou em cenários que ilustram seu universo ficcional, garantindo uma rica fonte de conhecimento e diversão para todos que apreciam boas histórias.

Vale a pena e o que é melhor, que pode-se ir lendo a medida das preferências dos autores. Quem gosta de escrever e quer entender um pouco melhor o mundo da teledramaturgia, é uma ótima dica.
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rzimmerman 26/12/2009

'Autores – Histórias de Teledramaturgia': Parcial e Tendencioso
"Terminei de ler as 962 páginas do livro 'Autores - Histórias de Teledramaturgia' e a sensação é de frustração. A ideia, sem sombra de dúvida, é boa. Mas a execução, não. O tom das entrevistas é parcial e tendencioso. Também pudera. As entrevistas foram feitas por jornalistas da Central Globo de Comunicação, a CGCom. Só para se ter uma idéia da falta de isenção do livro, Manoel Carlos foi entrevistado, entre outras, por uma de suas habituais colaboradoras: Juliana Peres. De um modo geral, as entrevistas são longas, repetitivas e, por vezes, maçantes. Algumas perguntas, como "Onde você nasceu?", "Qual foi a sua novela seguinte?" e "Você escreveu algum episódio de 'Brava Gente'?", chegam a ser risíveis. Outro dado curioso é que, por motivos óbvios, o nome mais citado no livro (25 vezes!) ficou de fora: o de Lauro César Muniz. Logo ele, que escreveu algumas das mais importantes novelas da emissora, como "Carinhoso", "O Casarão", "Escalada", "Roda de Fogo" e "Salvador da Pátria". Um deslize imperdoável, se levarmos em conta que o nome do projeto é Memória Globo. Por essas e outras, considero o livro 'A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo', escrito pelos jornalistas André Bernardo e Cintia Lopes, mais honesto e abrangente."



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Gui 02/11/2010

Bom para pesquisa
Um bom livro para quem se interessa pela área. Autores renomados e alguns novatos falam sobre suas carreiras. Interessante.
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