Nathalia 28/03/2011
As coisas são assim: Um cara leva um fora e seu amigo decide que uma viagem de carro é um bom jeito de animá-lo e aí eles vão parar numa cidadezinha e sacações espirituais acontecem. Basicamente isso. Mas o que chama a atenção em An Abundance of Katherines são justamente as particularidades.
Pra começar, nosso protagonista, o cara-que-levou-um-fora, Colin Singleton. Fonte de conhecimentos úteis e inúteis, fala onze línguas fluentemente e nutre uma grande queda por anagramas. Mas Colin sabe que ser um prodígio não significa genialidade, e isso o preocupa loucamente porque, bem, ele quer ser um gênio - e fazer alguma coisa notável pela qual será lembrado muito e muito tempo depois de sua morte!
Para piorar, ele leva um fora, um fora de uma garota que se chamava Katherine, Katherine como todas as outras que passaram por seu histórico amoroso, todas, todas Katherines, por coincidências obscuras e que não significam nada, mas que são interessantes, não são? Então, enfim, essa foi Katherine XIX, e Colin está deprimido e acabou de se formar no colégio e toda essa crise de que seus anos de criança prodígio acabaram, etc. Aí é que Hassan, seu (único) amigo, que sofre de uma certa dificuldade para levar as coisas a sério e é fã do programa Judge Judy, resolve que uma viagem sem rumo é a solução para esse momento emo de Colin!
Eles vão parar numa cidade de 864 habitantes - a adorável Gutshot, em que a mais importante atividade financeira é a fabricação de cordões de absorventes internos. Yeah. Conhecem Lindsey Lee Wells, uma mocinha sagaz que acaba se envolvendo no Projeto de Fazer Alguma Coisa Notável de Colin, que agora consiste em elaborar um teorema matemático que consiga prever a duração-de-um-relacionamento-amoroso-e-qual-das-duas-pessoas-é-que-vai-querer-terminar e assim vai sua jornada de auto-conhecimento e...
... E cara, cara, fazia um tempinho que eu não lia um livro tão rápido! O John Green criou uma história tão viciante, viciante estilo "vou dormir depois dessa página, CARAMBA, PRECISO DORMIR, TÁ TARDE"... e meia hora depois você ainda está lendo, sim, que terror/alegria! Além de que é cheio de coisinhas provavelmente dispensáveis mas tão INCRIVELMENTE DIVERTIDAS - como as notas de rodapé, geralmente contendo fatos que poderiam estar numa daquelas listas de "42 Coisas que Você Não Sabia" da Mundo Estranho ou algo do tipo. E no meio de tudo isso, tem realmente momentos profundos, não pseudo-filosóficos e blah, mas passagens com que você se identifica (felizmente ou infelizmente) e você acaba de ler se sentindo tão bem, não como um livro de auto-ajuda que te diz objetivamente a mesma coisa por trezentas páginas e mesmo assim você nunca consegue sentir nada, nada, nada.¹
¹Nem sempre as coisas que fazem a gente sentir são engraçadinhas e incluem ~~NOTAS DE RODAPÉ~~, então eu diria que An Abundance of Katherines é meio que um achado...
originalmente publicado em: http://track3kid.blogspot.com