spoiler visualizarBano 25/07/2016
Ótima opção para quem ama grandes aventuras.
Algumas pessoas (talvez milhares) não acreditam nas façanhas que o aventureiro francês Henri Charrière (apelido: Papillon) contou em seus dois livros. De fato não é fácil acreditar, principalmente porque outros condenados também fugiram da Ilha do Diabo (Guiana Francesa) e um deles (René Belbenoît) também relatou em livro sua vida na prisão.
No final da década de 1960, Henri Charrière vivia na Venezuela e necessitava urgente de dinheiro para poder desfrutar sua velhice com algum conforto após ter sido enganado duas vezes e ficado em condições financeiras precárias. Então, inspirado pelo livro de uma ex-condenada francesa, teve a ideia de também contar num livro sua vida de condenado na Guiana Francesa. O livro PAPILLON fez extraordinário sucesso (em 1973 foi adaptado para cinema), tornou Charrière milionário, mas perdeu tudo e morreu pobre após ter tido a infeliz ideia de produzir um filme (O Golpe de Papillon (1971)) que ele escreveu e co-estrelou ao lado de Claudia Cardinale. Em 1972, lançou seu segundo livro (BANCO) onde ele relata sua vida na Venezuela após sair da prisão.
Li PAPILLON quando eu tinha 19 anos, adorei o livro. Talvez leia de novo para ter uma visão mais madura, pois já passei dos 50 anos. Porém devo alertar o leitor para não esperar uma literatura de escritor profissional. Embora não tivesse experiência como escritor e, quando jovem, amargurado com a morte de sua mãe, tenha abandonado os estudos para viver vida desregrada, tinha alguma facilidade para escrever e contar histórias. Assim, ciente de que tinha vivido uma vida cheia de aventuras e perigos, decidiu revelar tudo num livro autobiográfico — em BANCO ele conta que escreveu PAPILLON em dois meses e meio.
Enquanto lia BANCO, não sei se por deficiência intelectual ou cultural, confesso ter tido dificuldade para compreender como foi que ele conseguiu ser libertado e iniciar nova vida na Venezuela. Assim com também não compreendi perfeitamente o caso judicial dele junto às autoridades francesas. Explicando melhor: se ele foi libertado, então por que não conseguia entrar normalmente na França?
Confesso que não tive muita paciência em acompanhar o relato detalhado, no final do livro, que ele faz ao relembrar seu julgamento em 1931. São muitos detalhes e nomes de pessoas envolvidas no caso, isso tudo me deixou cansado, e talvez tenha faltado ao autor maior experiência nas letras para fascinar o leitor durante o relato. Resultado: li essas páginas apressadamente e sem a preocupação de entender tudo. Também li sem interesse os relatos sobre política e as lutas de cada ditador tentando se perpetuar no poder.
Entretanto, bem o oposto do que afirmei acima, achei delicioso ler os relatos que ele faz sobre a tentativa de assaltar um banco e quando vai parar dentro da câmara de congelamento de um matadouro.
BANCO está recheado de ação, tensão e algumas doses de violência, portanto penso que seja o tipo de livro que homens deverão gostar mais de ler. E arrisco afirmar que nas mãos de um roteirista e de um cineasta de talento poderá resultar num filme arrebatador.
Para saber mais sobre esse tema pesquise na internet sobre: René Belbenoît, Charles Brunier e Ilha do Diabo.
site: https://www.google.com.br/search?q=papillon&oq=papillon&aqs=chrome..69i57j0l5.3623j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8#q=Henri+Charri%C3%A8re+papillon