Estruturas e abordagens em psicoterapias psicanalíticas

Estruturas e abordagens em psicoterapias psicanalíticas Héctor Juan Fiorini




Resenhas - Estruturas e abordagens em psicoterapias psicanalíticas


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Júlia 12/09/2023

Uma psicanálise aberta e o fôlego necessário
Em primeiro lugar, o que gosto neste autor e nesse livro é a forma aberta com a qual ele enxerga a psicanálise. Isso se nota nas citações presentes na obra, como de expoentes da Gestalt Terapia, de diferentes correntes da psicanálise, de artistas de diferentes áreas, como pintores e escritores, entre outros.
O autor aborda no livro como trabalha com os “tipos” de pacientes que ele mais atende: os de estrutura neurótica e com problemas no narcisismo. Creio que é necessária alguma leitura prévia sobre estas estruturas e problemas. Além disso, a forma como ele aborda a questão do narcisismo é diferente da que comumente ouvimos falar nos cursos de psicologia, ligado à personalidade narcisista. No caso do livro, fala-se de problemas como o abuso de substâncias, personalidade infantil (termo que até então eu desconhecia), e outras situações.
Posteriormente, fala do seu enfoque multidimensional do diagnóstico e das estratégias psicoterapêuticas, que inclui diferentes níveis de diagnóstico, como o diagnóstico dos grupos em que a pessoa está inserida e o diagnóstico da problemática do corpo, que inclui auto-imagem, áreas de intervenção de outras áreas da saúde ou de trabalho interdisciplinar. Também inclui a exploração da “situação” do paciente, que abarca as circunstâncias externas reais da vida da pessoa, e creio que aqui o autor se diferencia de outras linhas da psicanálise.
Aborda, também, mecanismos inconscientes cognitivos e criativos. Quanto aos primeiros, aborda as funções egóicas. Quando à criatividade, faz uma defesa desta como um terceiro sistema no aparelho psíquico, e creio que é um esforço super-válido de incluir na teoria psicanalítica um sujeito (sujeito da criatividade, segundo Fiorini), que é diferente do sujeito da repetição, já tão abordado por essa teoria.
Nos apêndices, o livro tem 3 textos: um sobre o uso que o autor, um psiquiatra, faz dos psicofármacos na sua clínica; outro sobre o que abordou em um curso de 1993, que fornece uma boa noção sobre sua forma de ver a psicanálise; e o último intitulado “uma visão pessoal de Freud e de sua obra”.
Enfim, creio que o livro é útil para quem quiser entrar em contato com uma psicanálise que bebe em várias fontes, e, ainda assim, creio, sem perder uma linha de raciocínio que considere seus principais pressupostos.
Também para quem estiver começando na clínica e precisando de exemplos mais práticos de como abordar os “tipos” de pacientes citados, há capítulos que satisfazem essa necessidade no livro. Considero especialmente úteis para isso o “exploração da situação…” e o “A abordagem clínica das estruturas histéricas”, em que casos clínicos são usados como exemplos pelo autor.
Há também passagens em que percebe-se otimismo, uma veia poética e uma abertura para a experiência por parte do autor, o que creio essencial em uma psicologia. No sentido de que, mesmo quando estamos abordando situações difíceis e densas, possamos em algum momento nos conectarmos com esses aspectos humanos, que nos dão fôlego para seguir nesse campo.
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