Claudio 16/03/2015
Breaking Bad e a Filosofia
Este é mais um, de uma série de livros, que abordam a cultura da atualidade sob o ponto de vista da filosofia. Escrito por vários autores"Breaking Bad e a Filosofia" procura discutir questões morais e filosóficas a partir de uma das séries de maior influência da televisão norte americana dos últimos anos.
O livro é dividido em 7 capítulos e 19 textos que se distribuem ao longo de suas 294 páginas. Começa delineando a personalidade do personagem principal Walter White, seu drama pessoal e familiar. Retrata a transformação, no decorrer da trama, do professor de química em um traficante de metanfetamina, frio e calculista, que adota o pseudônimo de Heisenberg.
Os autores lidam com temas como a busca pela felicidade a qualquer preço e o dilema humano diante da possibilidade da morte. Propõe reflexões sobre o estado de limitação ao qual estamos todos encerrados. Não de menos importância são as questões envolvendo o uso e a legalização das drogas, sejam elas de que espécie forem.
Por fim, temas como o utilitarismo e individualismo formulado por John S. Mill percorrem todo o livro e procuram mostrar as responsabilidades dos atos de Walt, ainda que o personagem os considerem legítimos, mas por isso mesmo, podem e devem ser questionados por quem os observa de fora.
OPINIÃO SOBRE O LIVRO:
Livros que abordam questões filosóficas sempre são cercados por expectativas, principalmente por parte do leitor apaixonado pela arte de pensar e de propor interpretações para entender o mundo que o cerca. Comigo não foi diferente, ainda mais tendo em vista que sou ávido por ler e por assistir um bom seriado.
Breaking Bad e a Filosofia é mais um livro de uma linha editorial que procura analisar certos movimentos ou expoentes da cultura pop moderna a luz da filosofia. Já havia lido vários livros neste sentido (Matrix, U2, Crônicas de Nárnia, Lost) mas este se diferencia por um particular: ele possui uma linha mestre que permeia todo o livro, a saber, o utilitarismo e a responsabilidade moral.
Assisti ao seriado todo com suas cinco temporadas, sendo que o livro aborda até a quarta, e os autores do livro procuraram descrever o personagem dentro desta limitação temporal, conscientes de que haveria mais uma. Posso afirmar que eles foram bem em suas abordagens a respeito da trama, pois falaram acerca de questões universais que impactam todo ser humano.
São reflexões acerca de um pai de família, professor de química que se descobre com câncer e por conta disto torna-se um traficante perigoso para que desta forma possa prover o futuro sustento financeiro de seus familiares é o ponto de partida do livro. Como Walt se torna Heinsenberg? Não haveria outra saída? Por que traficar drogas? As escolhas de Walt poderiam ter sido diferentes?
Estas e outras tantas perguntas são feitas no decorrer do livro e os autores propõe, dentro do utilitarismo, que Walt fez o que achava correto, ainda que as vezes hesitava em determinadas situações. Mas as dúvidas iam sendo suprimidas pelas certeza e pelo sentimento de poder que adquiria a partir do momento em a série se desenrolava.
Todos nós passamos por momentos na vida que teremos que tomar decisões que podem prejudicar algumas pessoas, mas que visam um bem maior. Quais os critérios de nossas escolhas nesses casos? Até que ponto somos responsáveis pelas consequências de nossas atitudes? Estas são algumas questões levantadas neste escopo.
O livro aborda uma questão polêmica e atual: a liberação das drogas para fins recreativos. O alcool foi proibido nos EUA em meados de 1920, mas mesmo assim havia o consumo ilícito. Fumo e bebida matam tanto quanto outra droga ilícita, senão mais, e nem por isso estão proibidas na maior parte dos países ocidentais. Ao contrário, a legalização da maconha encontra forte resistência em certos países democráticos, embora há avanços quanto ao seu uso medicinal e recreativo nos Estados Unidos.
Como crítica, ouso afirmar que o livro poderia ser mais abrangente no trato dos personagens. Com excessão de Skyler, ainda que haja menções a Jesse, Gus e Hank, estes são relegados a um segundo plano. Já no seriado original além de Walt, há um núcleo familiar forte, além de Jesse, Gus e o cômico advogado Saul que dão suporte ao sucesso da série. Talvez por ser uma obra filosófica e não necessariamente psicológica, este não era a principal preocupação dos autores do livro, mas sim lidar com o personagem principal e suas escolhas e motivações.
Se o livro tem um mérito, eu diria que é justamente este, o de nos confrontar com nossas escolhas e a liberdade que temos de tomar decisões que conscientes ou não, podem trazer uma série de implicações as pessoas que estão ao nosso redor. Nos faz refletir sobre a busca da felicidade e a finitude de nossa curta existência, e por isso mesmo a procurarmos fazer algo que beneficie o maior número de pessoas que estejam ao nosso alcance.
Boa Leitura!
Por Claudio Amarante
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