Ju 06/08/2014A Perfeita Ordem das CoisasQuando vi esse livro entre os lançamentos da Geração, fiquei louca para ler. Adorei a capa, e a sinopse me atraiu muito. Infelizmente, a leitura me decepcionou bastante.
Não sei nem dizer para vocês em que gênero ele se encaixa. Eu esperava um romance (é a classificação oficial dele), mas já no início da leitura comecei a duvidar que estava lendo algo do tipo. Ao terminar, fui ler as orelhas e, logo no início do texto escolhido para elas, é dito que o escritor retratado seria o alter ego de David Gilmour, o autor. Isso veio um pouco de encontro com a impressão que tive, de estar lendo uma autobiografia. E uma que não me interessava.
Sinto que não consegui compreender o livro. Para mim, de A Perfeita Ordem das Coisas não tem nada, vi a narrativa como histórias aleatórias. Todas elas têm um objetivo, claro. Tudo começa com o escritor visitando Toulouse quase que por acidente, e se lembrando do tempo em que viveu na cidade. Ao repetir o trajeto que fez por vários meses, acabou descobrindo que se tivesse dado apenas alguns passos em outra direção teria encontrado um rio de aproximadamente oitocentos metros de largura. Ele acaba, então, se questionando: o que mais teria perdido?
"Foi assim que nos meses seguintes (uma coisa bem gradual, eu me lembro) decidi, quase como quem tem vontade de pagar um débito pessoal, um débito para comigo mesmo, voltar para outros lugares onde havia sofrido, mas dessa vez com os olhos bem abertos e, o que é mais importante, voltados para o mundo exterior. Voltar e ver, fosse o que fosse."
Achei a ideia realmente fantástica, pena que as histórias escolhidas para serem contadas não me conquistaram. São dez capítulos, divididos em 167 páginas, cada um voltado para algo que mexeu com o autor. O personagem principal (gente, sério, não sei como me referir a ele - personagem/ narrador/ autor... ainda não decidi se o considero real ou não. Me desculpem por isso.) é extremamente vaidoso, e isso acabou me irritando um pouco.
Tive bastante dificuldade na leitura da maior parte dos capítulos, de um deles acabei pulando alguns trechos, porque eu realmente não queria que me contassem a história inteira de Guerra e Paz, do Tolstói. O capítulo em questão se chama "Minha vida com Tolstói", e nele é mostrada a obsessão do autor/personagem por ele. Logo em seguida, vem um capítulo que fala de outra obsessão do narrador, seja ele quem for: os Beatles. Adoro Beatles, e gostei bastante do que já li do Tolstói, mas é um pouco cansativo ser obrigada a ler páginas e mais páginas sobre a relação que o narrador tinha com eles.
Em alguns momentos, acompanhamos as lições aprendidas. Algumas são realmente interessantes, e fazem a gente parar para refletir. Mas aí me vem um capítulo em que o personagem agride outro homem e, assim, se sente infinitamente melhor e em paz. Talvez um homem consiga entender isso. Eu realmente não consegui achar legal.
Enfim, o livro não correspondeu às minhas expectativas, esperava algo completamente diferente. Mas não é porque eu não gostei que vocês também não vão gostar, gosto sempre de frisar isso, a leitura é uma experiência muito particular.
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