Julia G 23/09/2015Twittando o Amor Estou em dívida com este livro. Primeiro porque ele foi retirado da estante em razão das cores na capa e pelas poucas páginas. Também porque, apesar de isso ter acontecido há meses atrás, apenas agora consegui resenhá-lo. Mas eu tenho bons motivos: o livro foi lido nas férias de janeiro, época do ano em que leio muitos livros, e as muitas leituras me deixam um pouco de ressaca para escrever resenhas. Eu fico em um estado estranho, como se todos os personagens falassem comigo ao mesmo tempo e eu não pudesse parar de dar atenção para eles para escrever as resenhas. E é por isso que eu faço anotações sobre o que achei do livro e recorro a elas quando preciso. Não que qualquer coisa do que eu escrevi neste parágrafo tenha alguma relevância para vocês, whatever. Mas está mais do que na hora de vocês saberem o que eu achei da obra.
Twittando o Amor, de Teresa Medeiros, é um livro extremamente curto e muito dinâmico, o que permite que ele seja lido em poucas horas. Essa dinamicidade se dá por existirem, na obra, duas construções diferentes que alternam a narrativa. Em algumas partes, acompanhamos a vida de Abby narrada em terceira pessoa. Em outros momentos, não há narrativa, apenas trocas de mensagens entre Abby e Mark pelo twitter. E é nessa troca de mensagens que realmente se desenvolve a história.
"[...] Ter 'seguidores' a fez sentir-se como a líder de algum culto religioso maluco. Em vez de usar uma foto para ser perfil, Hillary havia deixado um espaço em branco. O que resumia à perfeição o modo como ela se sentia no momento."
Mark e Abby têm um humor que fica nítido logo nas primeiras trocas de mensagens, e cada tweet é recheado de referências cotidianas, sobre séries, atores, músicas, filmes, lugares. Ao mesmo tempo que isso é incrível, por demonstrar que eles estão no mundo, algumas coisas que eu não conhecia se tornaram uma dificuldade. Quando eu não passava direto, sem entender a graça de algumas tiradas durante a leitura, em alguns casos era preciso parar o que estava lendo para procurar sobre algo que comentavam. O problema não estava em parar e pesquisar exatamente, mas em ter que fazer isso com certa frequência.
Se desconsiderada essa barreira, o livro é divertido, com diálogos e sacadas inteligentes e, num determinado momento, é também dramático. A princípio achei meio forçado o drama inserido naquele contexto, e acho até que foi por causa disso que não gostei mais do livro. Desde o início sabemos que Mark esconde um segredo, já que a própria sinopse diz isso, mas achei que seria algo mais surpreendente. Com o desenrolar da trama, porém, fiquei mais conformada, e achei válida a tentativa da autora em mostrar que podemos ser quem quisermos na internet, ainda que não condiga com a realidade.
"MarkBaynard: É exatamente por isso que ainda estão casados. O ódio é uma forma de paixão. É a apatia que mata um relacionamento.
Abby_Donovan: Acha que vai se casar novamente?
Mark Baynard: Não.
Abby_Donovan: Uau... deve ter doído mesmo quando você descobriu que o Meu Querido Pônei não era real, não foi?"
Em síntese, Twittando o Amor é uma leitura fácil, que não tem nada que possa ser citado como marcante e surpreendente, mas que diverte e pode agradar mais aos leitores mais antenados nas referências feitas no livro.
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