Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices

Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices Fanny Abramovich




Resenhas - Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Cáh 29/11/2022

  Com sua linguagem apaixonada, a autora transporta o leitor para o universo da literatura infantil, abordando temas de grande interesse para o educador. Trazendo a importância das histórias Histórias sem texto escrito e suas possibilidades O humor na literatura infantil Poesia para crianças Os contos de fada A apreciação crítica A formação de bibliotecas.

   Fanny relata as suas primeiras experiências com a leitura, suas experiências nos primeiros anos escolares, mais a frente, a paixão por livros, seu convívio nas bibliotecas, na escola em sua casa. ?Ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade primeira e básica, prazer insubstituível... E continua, lindamente, sendo exatamente isso!? (Fanny)
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Ruth 24/08/2022

Essencial para Educadores
Amo literatura infantil e infanto-juvenil. Nesse livro a autora trata da importância e estratégias de engajar crianças e adolescentes no mundo da leitura. Muito gostosa e válida a leitura.
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linne 14/08/2022

O livro dá muitas dicas de leitura e, além disso, dá um outro olhar acerca da leitura/literatura infantil e da criança. Recomendo!
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Locimar 13/09/2020

Tantas bobices, mas também tantas gostosuras. Viva a Literatura, toda a literatura.
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Cássia 11/09/2020

Como contar história para crianças e desenvolver o prazer pela leitura.
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Graci 23/07/2013

Fanny Abramovich (1989, p. 60) Emoção verdadeira é uma coisa , pieguice gasta e obvia é outra...


GRACIELE LEHNEN BIJEGA 10\10\2012


Fanny Abramovich (São Paulo SP 1940). Escritora de literatura infantil e juvenil, pedagoga e atriz. Filha de mãe brasileira e pai argentino,é descendente de família judaica que imigra para o Brasil. Aos 14 anos de idade, Fanny começa a trabalhar dando aulas particulares. Com 16, matricula-se no curso normal do Instituto de Educação Padre Anchieta, concluindo-o em 1958, no Colégio Batista Brasileiro. No mesmo ano em que inicia o curso normal, passa a lecionar no Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, onde atua por 11 anos. Em 1957, ingressa no Teatro Escola de São Paulo - Tesp, no qual trabalha até 1962. Ao concluir a formação de normalista, começa o curso de pedagogia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo - FFCL/USP, que conclui em 1963. Nesse ano, trabalha como consultora pedagógica da Editora Giroflé e tem seus primeiros contatos com a literatura infantil e juvenil. Ganha bolsa de estudo do governo francês, em 1965, e se especializa em arte e educação em Paris. Permanece na capital francesa até o ano seguinte, quando vai para Roma estudar tele-educação na rede de comunicação RAI. Ao retornar ao Brasil, abre o Centro de Educação e Arte - CEA, que mantém suas atividades por oito anos. A partir de 1968, ministra cursos e presta assessoria sobre arte e educação em diversos lugares do país. Em 1977, começa a escrever sobre educação infantil para o Jornal da Tarde e outros periódicos. Apresenta também quadros sobre o assunto na televisão, como no programa TV Mulher, da TV Globo, em 1980. Participa, em 1979, como co-autora, da publicação de Teatricina. Seu primeiro livro na área de pedagogia, O Estranho Mundo que Se Mostra às Crianças, é publicado em 1983. Estréia na literatura infantil e juvenil em 1986, com Deixa Isso pra Lá e Vamos Brincar, que é reformulado dez anos depois, ganhando novo título: Brincando de Antigamente. Ainda em 1996, tem editado seu livro de memórias Ziguezagues: Andanças de uma Educadora e Escritora.


O livro Literatura Infantil gostosuras e bobices de Fanny Abramovich, trata de diversos assuntos e resalta a importância da literatura infantil, desde o ouvir, olhar histórias, as ilustrações, o humor, a poesia para crianças, os contos de fadas e seu papel fundamental para a criança, o desenvolvimento da apreciação critica da leitura, a importância da biblioteca, dentre muitos outros eixos que perpassam e de estabelecem entre si. Que tratarei com mais atenção no decorrer de minha resenha.
No primeiro capítulo a autora trata do ouvir histórias. A importância de ouvir histórias na formação da criança, que escutá-las é o primeiro passo para a formação de um leitor,e que ser um leitor não é simplesmente ter o habito de ler e sim citando Fanny Abramovich (1989, p.16) ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão de mundo. Que o primeiro contato de uma criança com o texto é feito oralmente, ler histórias alem de estabelecer estes primeiros passos, é instigar o imaginário. Ouvir histórias ainda pode despertar emoções importantes como: medo, raiva, tristeza, irritação, bem estar, e ainda que através das histórias podem-se descobrir outros lugares.
Contar uma história, não é meramente o ler em voz alta. É necessário que haja um conhecimento prévio da obra que irá ser realizada a leitura, que se deve mostrar familiarização com aquilo que se lê, ou seja, não tem como se contar uma boa história colocando tempos no texto onde não há, demonstrando estranheza de palavras que compõem o texto. O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção. Pode se ler qualquer história para crianças, o que não pode é ler de qualquer jeito! Aproveitando o texto da melhor forma possível, criar um clima de envolvimento, de encanto, que se saiba respeitar as pausas, e prolonga-las quando necessário como respeito ao tempo de imaginário de cada criança. Não precisa ter pressa para acabar e sim se deleitar em casa página.
Este ouvir histórias não se restringe apenas a quem não sabe ler. Quando a criança sabe ler, a sua relação com a história é diferente, mas há grande prazer em ouvi-las. É estimulador.
No segundo capítulo o ponto que a autora trata é o olhar histórias, que ha grande valor nos livros sem texto, e mais ainda, que a ilustração é uma narrativa visual. Cada ilustração instiga as mil possibilidades, pois não é restrita ao direcionamento do texto, e sim da imagem. Que cada pagina virada constrói o roteiro visto, percebendo, sentindo, vivendo mexendo com a inteligência e sagacidade do leitor. A autora cita também alguns escritores que usam da narrativa visual como os livros: Quem embaralha se atrapalha de Eva Furnari. São Paulo, FTD, 1986, O Pega- Pega de Eliardo França e Marry França 8 ed. Ática, São Paulo 1986, e A nova aventura do ratinho de Monique Felix, 3 ed. São Paulo, Melhoramentos, 1987. Que além do valor há grande importância no olhar histórias Fanny Abramovich (1989, p.33) E é tão bom saborear e detectar tanta coisa que nos cerca usando este instrumento nosso tão primeiro, tão denotador de tudo : a visão. Talvez seja um jeito de não formar míopes mentais...
No terceiro capítulo o ponto trabalhado são as ilustrações dos livros, como os livros infantis desenham os personagens com o esteticamente belo imposto pela sociedade. Como se reforçam ou se confundem nos livros infantis o ético e o estético. A bruxa, o gigante e outros personagens são feios, grotescos e até mesmo “deformados” causando repulsa instintiva. Enquanto a fada, a princesa a mocinha segue o modelo da raça ariana: loiras, olhos claros, corpo delicado, roupa imaculada. O príncipe alto, forte, elegante, barbeado, limpo, com aspecto de quem acabou de sair do banho, mesmo depois de ter cavalgados desertos inteiros atrás de suas princesas. O pai ou a mãe seguindo mais ou menos os padrões estéticos dos 30 anos, óculos, barba, algum indicativo daquilo que fazem da sua profissão, independendo de como agem ou daquilo que são. O negro é sempre o subalterno, o serviçal, a negra cozinheira, lavadeira, seu ótimo coração e colo amigo sempre disponível, sua apresentação física não tendo o estereótipo de mais atraente. Tratando-se do ladrão ou marginal, é o pobre, sujo, com roupas rasgadas, negro de preferência, com feições feias. O Rei é o velho de barba longa, associando a ideia de poder mais com longevidade do que com sabedoria, os assessores do rei, ou seja, os membros da corte que opinam sobre as decisões, geralmente são maduros, fartos, com gestos lentos, sempre agrupados em torno do rei, mulheres nunca aparecem nestas confabulações. A tia a vizinha a professora, pertencem a um mesmo grupo, todas atendem pela denominação tia, de um modo geral aparecem com um coque preso severamente, na meia idade , pouco sorridentes, por mais disponíveis que são nunca tem aparência jovial, surpreendentes, não possuem charme, seu vestir é pouco atraente, se metem em tudo que não se diz respeito e são solteironas. Já os avôs e avós, são de idade avançada, e por terem esta idade tão avançada, aparecem sempre sentados devido este cansaço, raramente andam, raramente saem as ruas, são obsoletos. As crianças claro são bonitas: brancas, limpas, bem vestidas, nunca aparecem cansadas ou sujas não importa qual for a brincadeira. Já a garota pobre tem um aspecto bem diferente geralmente é negra, é feia, suja. Os índios e japoneses só aparecem em situações mirabolantes, sendo um herói ou formulando um papel didático cultural demagógico.
A importância e porque de analisar as ilustrações de nossos livros, não se trata da qualidade do desenho, de imagens mais realistas e menos lúdicas, ou tirar as ilustrações dos livros. E sim ver os estereótipos perpetuados por elas! Os preconceitos transmitidos, não só através das palavras, mas também dos desenhos, pois os desenhos são também uma forma de comunicação. O lugar que os bonitos associados com bons ocupam em nossa sociedade. Afinal porque a Europa é um pais de primeiro mundo o estereótipo europeu é o agradável? E nós somos os feios do terceiro mundo? É preciso e urgentemente, revelar aquilo que muitas vezes passa despercebido, nos nossos livros de literatura infantil.
No quarto capítulo o ponto tratado pela autora é o humor na literatura infantil. Há varias forma de introduzir o humor na história, através de ideias engraçadas como, por exemplo, uma situação inusitada do Joelho do Juvenal de Ziraldo. São Paulo, Melhoramentos que se trata da conversa entre um joelho e um pé. Introduzir de forma irônica o tédio comum dos adultos em personagens nada comuns, como em Sapomorfose de Cora Rónai, que trata de uma bruxa entediada com a rotina doméstica, cansada, aborrecida. O Nonsense presente nas histórias infantil que geralmente geram boas gargalhadas. E também a incoerência do adulto de forma satirizada. Um deboche muito saudável das instruções, regras e normas impostas pelos adultos, que para a criança não tem significado algum, apenas é algo que a prende. O susto o espanto como um momento de sacada bem humorada, a reação espontânea do adulto sem prejulgamentos sem padrões estabelecidos, o espanto a surpresa como intriga também, e os equívocos que premeditamos conforme vamos lendo e descobrimos que no final não foi nada daquilo que projetamos.
A autora sita também ótimos escritos brasileiros que nunca perdem o bom humos nas histórias, são eles:
João Carlos Marinho em O gênio do crime, O caneco de prata, Sangue fresco e Berenice. Marcado pelo ritmo frenético, o rumo inusitado que os acontecimentos tomam o animalismo presente nos personagens.
Sylvia Orthof, com uma leveza que encanta, histórias curtas com um gostinho de quero mais, a criatividade que inventa, reinventa e torna a inventar. A quebra fascinantemente os estereótipos. Com inúmeros livros fantásticos como Sacoricos do Céu, Ervelina e o princês , A velhota Cambalhota, A mesa de botequim e seu amigo Joaquim, Os bichos que tive. O humor da Sylvia é imenso!
Monteiro Lobato, com o Sítio do Picapau Amarelo, e gostei muito que a autora faz uma critica com a exclamação entre parentes Fanny Abramovich (1989, p.60)...(nada haver com aquele que passou um tempo na TV.). Num sitio onde tudo pode acontecer, onde é a lógica da criança e não a do adulto que opera. Uma mistura muito rica entre a realidade e fantasia.
A autora conclui por final indagando o porquê do humor afinal? Que o humor na literatura infantil não é só o que provoca as gargalhadas, só ficar rindo de bobeira pura. É muito mais é o incerto, certo do dia-a-dia.
E os autores que conseguem entender isto, são os que conseguem ter uma visão nova de coisas antigas, sem preconceitos, sem estereótipos. E nada melhor que instigar, e provocar o incerto naquilo que temos como dogma para garantir umas boas risadas, ou talvez rever novos caminhos, outras possibilidades.
No quinto capítulo um ponto muito precioso, e bem trabalhado pela autora é a poesia para crianças. Que este é um gênero literário que sofre muito preconceito edita-se muitas vezes sem avaliar critérios fundamentais.
Algumas vezes a poesia infantil é vista como uma ferramenta moralizadora, tem de conter costumes edificantes, ou glorificar datas comemorativas, e obviamente por serem pensadas desta forma tem grandes chances de não ser de qualidade, com uma escrita precária que entedia a criança.
Tem quem ache que poesia para criança tem que ser bonitinha, mimosinha... E tantos outros “inhos” onde se subestima a criança. Que sempre proseia no diminutivo, sempre entendendo o infantil como pejorativa.
Ainda há quem entenda poesia para criança como algo que deve tratar de temas patrióticos, cívicos que as crianças recitam em datas especificas que indubitavelmente irão causar na criança aquela sensação de ridículo.
A poesia também é vista como tendo que ser um de seus componentes obrigatoriamente assuntos piegas, órfãos abandonados, escravos, cartas de guerra, a moça que foi abandonada e etc, citando Fanny Abramovich (1989, p. 60) Emoção verdadeira é uma coisa , pieguice gasta e obvia é outra...Claro que a poesia pode ser triste uma ótima descrição é a de Mario Quintana intitulada “ Tristeza de escrever” onde ele diz um pequeno tesouro : “ Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página: por isto a palavra escrita é triste.”
A poesia para a criança assim como a prosa, não pode ser entendida infantil com infantilizada. Tem que ser boa, e muito bem escrita, como toda boa poesia, que mexe com a emoção, que nos aguça, que nos deixa um pouco diferente depois de cada verso.
Há poetas que brincam com as palavras, que rimam a poesia, que repetem fonemas, assim, como nas cantigas de roda estes mesmos recursos são empregados. Recursos estes que enriquecem a poesia como os anagramas onde invertesse as posições das letras e forma-se novas palavras, como as rimas que dão movimento a escrita, o ritmo que estabelece o compasso da leitura.
Uma poesia bem escrita é mesmo um tesouro. Provocam e evocam sensações, é como se através das palavras desse para provar a poesia, e quando isto acontece como é doce! Outras poesias ainda retratam os sonhos, onde o leitor pode se identificar e enaltecer. Além disto, a poesia fala de emoção, seja ele triste, alegre, é como a empatia da gente pelo poeta, e do poeta pela gente.
Tem muitos poetas ainda que utilizem a poesia para falar das vivencias infantis como A menina dos olhos de Elza Beatriz, que fala de uma saudade próxima real, da imaginação do mundo mágico que a criança esta constantemente a criar e recriar. Há ainda a poesia narrativa, histórias inteirinhas recheadas de rimas. E muitas poesias que se dizem para adultos, que as crianças adorariam se deliciar.
Enfim a autora conclui em como se deve trabalhar poesia com criança, e que não há uma maneira correta e sim uma infinitude de formas, que poesia é sempre descoberta.
No sexto capítulo a autora trata da literatura como uma forma de se interar da verdade, afinal a literatura também informa. Querer entender o processo de como nascemos até quando morremos faz parte natural da curiosidade da criança. Querer saber mais sobre si, sobre o próximo, sobre seu corpo, sobre as mazelas da vida ou amores. A criança dependendo do momento, da experiência, das suas duvidas, pode ter interesse por ler sobre um infinito de assuntos. Nunca se esquecendo de que estamos falando de literatura e não livros didáticos, e nem em didatizar a literatura. Estamos falando de literatura que tem uma linguagem fluida, que aborda um problema, ou vários não de modo obvio, mas sim, discursivo que levará a infinitos caminhos de aprendizagem.
Qualquer assunto pode ser importante, e não depende só da curiosidade da criança, mas também do desenvolvimento do mundo, das contradições. O assunto abordado não pode ser superficial, tem que ser importante, mobilizador, verdadeiro, e o assunto será verdadeiro quando o escritor esta convencido de sua importância.
Podemos ler sobre relações familiares, que são tão importantes para a crianças, as carências. E até mesmo num conto de Mamãe é a mulher do papai de Werner Zotz, que uma criança ao abrir a porta percebe uma relação amorosa entre os pais, se enraivece, sente ciúmes, até compreender que sua mãe é também a mulher de seu pai. Alem de tratar do ciúme possessivo, da fala egocêntrica comum que as crianças exclamam : “a MINHA mãe!”, trata também do tabu em relação ao sexo e seu nascimento. Sem que para isto o professor tenha que falar o significado, didatizar empobrece e muito o verdadeiro significado da literatura para a criança. Podemos também ler sobre diversos assuntos como a separação, crescimento pessoal, morte, as diferentes formas de poderes... e tantos outros assuntos.
No sétimo capítulo a autora trata dos contos de fadas, como são antigos e sempre contemporâneos por tratarem das angustias tão reias da infância. Cada elemento tem um papel fundamental nos contos de fadas, retirar um destes elementos não irá contemplar a compreensão integral que a criança busca. Como ai esta o grande problema da Walt Disney, por adocicar os contos de fadas, tiraram seus conflitos fundamentais, os desestruturaram, podaram partes valiosíssimas para a criança. Tentar moralizar um conto de fada é um erro gravíssimo é tirar da criança a sua subjetividade tão valiosa!
Os contos de fadas falam de medos tão reais da infância. Medos que o autor tem, medos que a criança compartilha, medos com que todos nos convivemos, sendo numa intensidade maior ou menor, que aprendemos a superar, substituir, enfrentar, que aprendemos a conviver ou lidar.
Os contos de fadas falam de amor e sobre o amor em todos os seus prismas, sofrimento, descoberta, encanto, possibilidade, entregas e plenitudes, inicio e fim, a pergunta feita é: quanto estes contos de fadas nos revelam ?
Como é importante, como já falei não condensar os contos. Tirar por exemplo a morte do soldadinho de chumbo e colocar um final feliz, é tirar todo o perturbador sentimento de tristeza que o amor às vezes nos causa. É não deixar a criança experimentar este sentimento, como prévia experimentação desta forma de amor!
Os contos de fadas falam da dificuldade de ser criança como nos contos dos Irmãos Grimm no Pequeno polegar e Branca de neve , como o Peter Pan de James Barrie. Fala da angustia, injustiça, dificuldade, obstáculos, enfrentados de forma tão real na infância, muitas vezes sendo “entendido” pela criança só na subjetividade.
Os contos de fadas falam de carências como em “ Joãozinho e Mariazinha” dos irmãos Grimm dois irmão vivem a carência de comida (pobreza) e a carência de afetividade ( a mãe morreu) , além disto a madrasta quer separar a família abandonando-os em uma imensa floresta desconhecida para qual ainda não estão preparados, só quando encontram a casinha de gostosuras ( que significa a fartura) conseguem resolver os seus problemas, suas duvidas pensando, agindo em conjunto.
Os contos de fadas falam de autodescobertas e de descobertas da própria identidade, o que é fundamental para o crescimento/desenvolvimento. Como na história tão conhecida de Anderson em “O patinho feio”, que trata da rejeição pelo diferente, tratando da difícil caminhada que tem de ser feita para nos conhecermos verdadeiramente. E o poder em que há em conhecermos nossa verdadeira identidade, enquanto todos os patos o rejeitavam por ser diferente dos demais na verdade ele era um lindo cisne. Como em “Joãozinho e o pé de feijão” e quais são os gigantes que as crianças enfrentam.
Os contos de fadas falam de perdas e buscas falam também de esquecimentos, e abandonos daquilo que um dia foi significativo. Falam de crescimento de buscas. Fala de tristeza de desconfortos de revelações de sexualidade, da vida, da morte, de ciclos que iniciam e terminam. Das dificuldades e da necessidade de provar a nossa capacidade a cada instante, de como temos que afirmar nosso valor como pessoa, que é nossa identidade que será alcançada depois de muito sofrimento, rejeição, turbulências e busca. Falam de pessoas e a busca da felicidade. Fala de fantasia do poder que há no sonhar no desejar e projetar. O imaginar é também reciclar ideias.
No oitavo capítulo a autora aborda o trabalho que deve ser realizado para o desenvolvimento de uma apreciação crítica. A literatura infanto-juvenil foi incorporada na escola, e com isto há um entendimento generalizador que as crianças passaram a ler. Até poderia ser verdade, se esta leitura não fosse carregada da noção de dever, tarefa e sim como prazer de deleite, descoberta, liberdade. O livro é indicado não escolhido pelo leitor, tem de ser lido num prazo.
Porque ao invés disto a criança não vai a biblioteca e escolhe aquilo que se quer ler, deixando cada um entrar em contato e manusear, folhear, buscar achar o livro. Claro que com isto a professora teria que ler muito mais livros, e até que ponto o professor esta disposto a isto?
O principal critério é a praticidade, a pronta entrega e não a qualidade do livro em si. Muitas vezes são adotados autores medíocres, histórias desinteressantes, que não tocam o aluno um livro para querer e não só para saber, e alguns vão querer e outros querer saber. É subjetivo a escolha do livro,intransferível e pessoal, é um erro mortal generalizar uma única leitura a uma pluralidade de leitores. Fora o usar histórias fantásticas e massacra-las grifando nos livros verbos, pronomes, tentando achar o significado ao invés de simplesmente recebê-lo encontrá-lo. A bendita ficha, questionário, que é requerido no final de cada leitura, uma ficha tão geral tão bitolada que não é a compreensão real daquilo que se lê. Porque não trabalhar aquilo que a leitura provocou, qual sentimento despertou... Porque tornar a leitura asséptica, tão impessoal.
A conversa é fundamental para desenvolver um leitor critico, conversa e não questionamento. Onde a criança pode expor se gostou ou não, se concordo ou não concorda, não o questionamento que condiciona a resposta a uma única especificidade inquirida.É formular opinião própria, conceitos, é amar ou odiar um autor por si só.E há tanto em se discutir em uma história, se é original, se é criativa. Se o final deixou a desejar? Demorou demais ou foi muito apressado? E a história é bem escrita? Quais as sensações e sentimentos que ela despertou?Assim como no objeto livro, há muito que se observar perceber, comentar, opinar. Desde a capa, se é monótona, se desperte o interesse. Do formato do livro do manusear o livro.
E o aluno pode registrar isto, o que gostou o que não gostou. Aquilo que o atrai ou incomoda. E principalmente sempre valorizando a conversa. Literatura é arte é prazer simplesmente ter o livro na escola não é sinônimo de formar leitores inquietos, questionadores, pensantes. Se ler for só lição de casa, que perda haverá no somente ler por obrigação.
No nono capitulo a autora trata da importância da biblioteca na formação de leitores, e de este ambiente ser livre. Que o contato com o livro desde a fase mais inicial da educação infantil irá agregar e muito na formação do ser. Como o livro é de 1989, há uma preocupação da autora de suscitar no professor o interesse por montar uma biblioteca escolar, felizmente isto agora é obrigatório direito garantido pela Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, as escolas tem de garantir este espaço tão rico no processo educativo.

REFERÊNCIAS:
Livros:

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. SP: Scipione, 1989

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. SP: Paz e Terra, 1980, 7ª ed.

GRIMM, Jacob. Wilhelm. Contos de Grimm. Belo Horizonte, MG: Itatiaia, 2008, 3 ed.
Santos 16/04/2016minha estante
QUERO MUITO LER ESSE LIVRO, MAS NÃO ENCONTRO.


Francisca.Freire 04/09/2016minha estante
GOSTARIA TAMBÉM DE LER ESTE LIVRO, ACHO EXCELENTE, PELAS CITAÇÕES DE ALGUNS TRABALHOS ACADÊMICOS QUE TENHO VISTO, MAS PORÉM NÃO TENHO ENCONTRADO PARA COMPRAR, COMO DESEJARIA.




Graciele 20/10/2012

Fanny Abramovich (1989, p. 60) Emoção verdadeira é uma coisa , pieguice gasta e obvia é outra...


GRACIELE LEHNEN BIJEGA 10\10\2012


Fanny Abramovich (São Paulo SP 1940). Escritora de literatura infantil e juvenil, pedagoga e atriz. Filha de mãe brasileira e pai argentino,é descendente de família judaica que imigra para o Brasil. Aos 14 anos de idade, Fanny começa a trabalhar dando aulas particulares. Com 16, matricula-se no curso normal do Instituto de Educação Padre Anchieta, concluindo-o em 1958, no Colégio Batista Brasileiro. No mesmo ano em que inicia o curso normal, passa a lecionar no Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, onde atua por 11 anos. Em 1957, ingressa no Teatro Escola de São Paulo - Tesp, no qual trabalha até 1962. Ao concluir a formação de normalista, começa o curso de pedagogia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo - FFCL/USP, que conclui em 1963. Nesse ano, trabalha como consultora pedagógica da Editora Giroflé e tem seus primeiros contatos com a literatura infantil e juvenil. Ganha bolsa de estudo do governo francês, em 1965, e se especializa em arte e educação em Paris. Permanece na capital francesa até o ano seguinte, quando vai para Roma estudar tele-educação na rede de comunicação RAI. Ao retornar ao Brasil, abre o Centro de Educação e Arte - CEA, que mantém suas atividades por oito anos. A partir de 1968, ministra cursos e presta assessoria sobre arte e educação em diversos lugares do país. Em 1977, começa a escrever sobre educação infantil para o Jornal da Tarde e outros periódicos. Apresenta também quadros sobre o assunto na televisão, como no programa TV Mulher, da TV Globo, em 1980. Participa, em 1979, como co-autora, da publicação de Teatricina. Seu primeiro livro na área de pedagogia, O Estranho Mundo que Se Mostra às Crianças, é publicado em 1983. Estréia na literatura infantil e juvenil em 1986, com Deixa Isso pra Lá e Vamos Brincar, que é reformulado dez anos depois, ganhando novo título: Brincando de Antigamente. Ainda em 1996, tem editado seu livro de memórias Ziguezagues: Andanças de uma Educadora e Escritora.


O livro Literatura Infantil gostosuras e bobices de Fanny Abramovich, trata de diversos assuntos e resalta a importância da literatura infantil, desde o ouvir, olhar histórias, as ilustrações, o humor, a poesia para crianças, os contos de fadas e seu papel fundamental para a criança, o desenvolvimento da apreciação critica da leitura, a importância da biblioteca, dentre muitos outros eixos que perpassam e de estabelecem entre si. Que tratarei com mais atenção no decorrer de minha resenha.
No primeiro capítulo a autora trata do ouvir histórias. A importância de ouvir histórias na formação da criança, que escutá-las é o primeiro passo para a formação de um leitor,e que ser um leitor não é simplesmente ter o habito de ler e sim citando Fanny Abramovich (1989, p.16) ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão de mundo. Que o primeiro contato de uma criança com o texto é feito oralmente, ler histórias alem de estabelecer estes primeiros passos, é instigar o imaginário. Ouvir histórias ainda pode despertar emoções importantes como: medo, raiva, tristeza, irritação, bem estar, e ainda que através das histórias podem-se descobrir outros lugares.
Contar uma história, não é meramente o ler em voz alta. É necessário que haja um conhecimento prévio da obra que irá ser realizada a leitura, que se deve mostrar familiarização com aquilo que se lê, ou seja, não tem como se contar uma boa história colocando tempos no texto onde não há, demonstrando estranheza de palavras que compõem o texto. O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção. Pode se ler qualquer história para crianças, o que não pode é ler de qualquer jeito! Aproveitando o texto da melhor forma possível, criar um clima de envolvimento, de encanto, que se saiba respeitar as pausas, e prolonga-las quando necessário como respeito ao tempo de imaginário de cada criança. Não precisa ter pressa para acabar e sim se deleitar em casa página.
Este ouvir histórias não se restringe apenas a quem não sabe ler. Quando a criança sabe ler, a sua relação com a história é diferente, mas há grande prazer em ouvi-las. É estimulador.
No segundo capítulo o ponto que a autora trata é o olhar histórias, que ha grande valor nos livros sem texto, e mais ainda, que a ilustração é uma narrativa visual. Cada ilustração instiga as mil possibilidades, pois não é restrita ao direcionamento do texto, e sim da imagem. Que cada pagina virada constrói o roteiro visto, percebendo, sentindo, vivendo mexendo com a inteligência e sagacidade do leitor. A autora cita também alguns escritores que usam da narrativa visual como os livros: Quem embaralha se atrapalha de Eva Furnari. São Paulo, FTD, 1986, O Pega- Pega de Eliardo França e Marry França 8 ed. Ática, São Paulo 1986, e A nova aventura do ratinho de Monique Felix, 3 ed. São Paulo, Melhoramentos, 1987. Que além do valor há grande importância no olhar histórias Fanny Abramovich (1989, p.33) E é tão bom saborear e detectar tanta coisa que nos cerca usando este instrumento nosso tão primeiro, tão denotador de tudo : a visão. Talvez seja um jeito de não formar míopes mentais...
No terceiro capítulo o ponto trabalhado são as ilustrações dos livros, como os livros infantis desenham os personagens com o esteticamente belo imposto pela sociedade. Como se reforçam ou se confundem nos livros infantis o ético e o estético. A bruxa, o gigante e outros personagens são feios, grotescos e até mesmo “deformados” causando repulsa instintiva. Enquanto a fada, a princesa a mocinha segue o modelo da raça ariana: loiras, olhos claros, corpo delicado, roupa imaculada. O príncipe alto, forte, elegante, barbeado, limpo, com aspecto de quem acabou de sair do banho, mesmo depois de ter cavalgados desertos inteiros atrás de suas princesas. O pai ou a mãe seguindo mais ou menos os padrões estéticos dos 30 anos, óculos, barba, algum indicativo daquilo que fazem da sua profissão, independendo de como agem ou daquilo que são. O negro é sempre o subalterno, o serviçal, a negra cozinheira, lavadeira, seu ótimo coração e colo amigo sempre disponível, sua apresentação física não tendo o estereótipo de mais atraente. Tratando-se do ladrão ou marginal, é o pobre, sujo, com roupas rasgadas, negro de preferência, com feições feias. O Rei é o velho de barba longa, associando a ideia de poder mais com longevidade do que com sabedoria, os assessores do rei, ou seja, os membros da corte que opinam sobre as decisões, geralmente são maduros, fartos, com gestos lentos, sempre agrupados em torno do rei, mulheres nunca aparecem nestas confabulações. A tia a vizinha a professora, pertencem a um mesmo grupo, todas atendem pela denominação tia, de um modo geral aparecem com um coque preso severamente, na meia idade , pouco sorridentes, por mais disponíveis que são nunca tem aparência jovial, surpreendentes, não possuem charme, seu vestir é pouco atraente, se metem em tudo que não se diz respeito e são solteironas. Já os avôs e avós, são de idade avançada, e por terem esta idade tão avançada, aparecem sempre sentados devido este cansaço, raramente andam, raramente saem as ruas, são obsoletos. As crianças claro são bonitas: brancas, limpas, bem vestidas, nunca aparecem cansadas ou sujas não importa qual for a brincadeira. Já a garota pobre tem um aspecto bem diferente geralmente é negra, é feia, suja. Os índios e japoneses só aparecem em situações mirabolantes, sendo um herói ou formulando um papel didático cultural demagógico.
A importância e porque de analisar as ilustrações de nossos livros, não se trata da qualidade do desenho, de imagens mais realistas e menos lúdicas, ou tirar as ilustrações dos livros. E sim ver os estereótipos perpetuados por elas! Os preconceitos transmitidos, não só através das palavras, mas também dos desenhos, pois os desenhos são também uma forma de comunicação. O lugar que os bonitos associados com bons ocupam em nossa sociedade. Afinal porque a Europa é um pais de primeiro mundo o estereótipo europeu é o agradável? E nós somos os feios do terceiro mundo? É preciso e urgentemente, revelar aquilo que muitas vezes passa despercebido, nos nossos livros de literatura infantil.
No quarto capítulo o ponto tratado pela autora é o humor na literatura infantil. Há varias forma de introduzir o humor na história, através de ideias engraçadas como, por exemplo, uma situação inusitada do Joelho do Juvenal de Ziraldo. São Paulo, Melhoramentos que se trata da conversa entre um joelho e um pé. Introduzir de forma irônica o tédio comum dos adultos em personagens nada comuns, como em Sapomorfose de Cora Rónai, que trata de uma bruxa entediada com a rotina doméstica, cansada, aborrecida. O Nonsense presente nas histórias infantil que geralmente geram boas gargalhadas. E também a incoerência do adulto de forma satirizada. Um deboche muito saudável das instruções, regras e normas impostas pelos adultos, que para a criança não tem significado algum, apenas é algo que a prende. O susto o espanto como um momento de sacada bem humorada, a reação espontânea do adulto sem prejulgamentos sem padrões estabelecidos, o espanto a surpresa como intriga também, e os equívocos que premeditamos conforme vamos lendo e descobrimos que no final não foi nada daquilo que projetamos.
A autora sita também ótimos escritos brasileiros que nunca perdem o bom humos nas histórias, são eles:
João Carlos Marinho em O gênio do crime, O caneco de prata, Sangue fresco e Berenice. Marcado pelo ritmo frenético, o rumo inusitado que os acontecimentos tomam o animalismo presente nos personagens.
Sylvia Orthof, com uma leveza que encanta, histórias curtas com um gostinho de quero mais, a criatividade que inventa, reinventa e torna a inventar. A quebra fascinantemente os estereótipos. Com inúmeros livros fantásticos como Sacoricos do Céu, Ervelina e o princês , A velhota Cambalhota, A mesa de botequim e seu amigo Joaquim, Os bichos que tive. O humor da Sylvia é imenso!
Monteiro Lobato, com o Sítio do Picapau Amarelo, e gostei muito que a autora faz uma critica com a exclamação entre parentes Fanny Abramovich (1989, p.60)...(nada haver com aquele que passou um tempo na TV.). Num sitio onde tudo pode acontecer, onde é a lógica da criança e não a do adulto que opera. Uma mistura muito rica entre a realidade e fantasia.
A autora conclui por final indagando o porquê do humor afinal? Que o humor na literatura infantil não é só o que provoca as gargalhadas, só ficar rindo de bobeira pura. É muito mais é o incerto, certo do dia-a-dia.
E os autores que conseguem entender isto, são os que conseguem ter uma visão nova de coisas antigas, sem preconceitos, sem estereótipos. E nada melhor que instigar, e provocar o incerto naquilo que temos como dogma para garantir umas boas risadas, ou talvez rever novos caminhos, outras possibilidades.
No quinto capítulo um ponto muito precioso, e bem trabalhado pela autora é a poesia para crianças. Que este é um gênero literário que sofre muito preconceito edita-se muitas vezes sem avaliar critérios fundamentais.
Algumas vezes a poesia infantil é vista como uma ferramenta moralizadora, tem de conter costumes edificantes, ou glorificar datas comemorativas, e obviamente por serem pensadas desta forma tem grandes chances de não ser de qualidade, com uma escrita precária que entedia a criança.
Tem quem ache que poesia para criança tem que ser bonitinha, mimosinha... E tantos outros “inhos” onde se subestima a criança. Que sempre proseia no diminutivo, sempre entendendo o infantil como pejorativa.
Ainda há quem entenda poesia para criança como algo que deve tratar de temas patrióticos, cívicos que as crianças recitam em datas especificas que indubitavelmente irão causar na criança aquela sensação de ridículo.
A poesia também é vista como tendo que ser um de seus componentes obrigatoriamente assuntos piegas, órfãos abandonados, escravos, cartas de guerra, a moça que foi abandonada e etc, citando Fanny Abramovich (1989, p. 60) Emoção verdadeira é uma coisa , pieguice gasta e obvia é outra...Claro que a poesia pode ser triste uma ótima descrição é a de Mario Quintana intitulada “ Tristeza de escrever” onde ele diz um pequeno tesouro : “ Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página: por isto a palavra escrita é triste.”
A poesia para a criança assim como a prosa, não pode ser entendida infantil com infantilizada. Tem que ser boa, e muito bem escrita, como toda boa poesia, que mexe com a emoção, que nos aguça, que nos deixa um pouco diferente depois de cada verso.
Há poetas que brincam com as palavras, que rimam a poesia, que repetem fonemas, assim, como nas cantigas de roda estes mesmos recursos são empregados. Recursos estes que enriquecem a poesia como os anagramas onde invertesse as posições das letras e forma-se novas palavras, como as rimas que dão movimento a escrita, o ritmo que estabelece o compasso da leitura.
Uma poesia bem escrita é mesmo um tesouro. Provocam e evocam sensações, é como se através das palavras desse para provar a poesia, e quando isto acontece como é doce! Outras poesias ainda retratam os sonhos, onde o leitor pode se identificar e enaltecer. Além disto, a poesia fala de emoção, seja ele triste, alegre, é como a empatia da gente pelo poeta, e do poeta pela gente.
Tem muitos poetas ainda que utilizem a poesia para falar das vivencias infantis como A menina dos olhos de Elza Beatriz, que fala de uma saudade próxima real, da imaginação do mundo mágico que a criança esta constantemente a criar e recriar. Há ainda a poesia narrativa, histórias inteirinhas recheadas de rimas. E muitas poesias que se dizem para adultos, que as crianças adorariam se deliciar.
Enfim a autora conclui em como se deve trabalhar poesia com criança, e que não há uma maneira correta e sim uma infinitude de formas, que poesia é sempre descoberta.
No sexto capítulo a autora trata da literatura como uma forma de se interar da verdade, afinal a literatura também informa. Querer entender o processo de como nascemos até quando morremos faz parte natural da curiosidade da criança. Querer saber mais sobre si, sobre o próximo, sobre seu corpo, sobre as mazelas da vida ou amores. A criança dependendo do momento, da experiência, das suas duvidas, pode ter interesse por ler sobre um infinito de assuntos. Nunca se esquecendo de que estamos falando de literatura e não livros didáticos, e nem em didatizar a literatura. Estamos falando de literatura que tem uma linguagem fluida, que aborda um problema, ou vários não de modo obvio, mas sim, discursivo que levará a infinitos caminhos de aprendizagem.
Qualquer assunto pode ser importante, e não depende só da curiosidade da criança, mas também do desenvolvimento do mundo, das contradições. O assunto abordado não pode ser superficial, tem que ser importante, mobilizador, verdadeiro, e o assunto será verdadeiro quando o escritor esta convencido de sua importância.
Podemos ler sobre relações familiares, que são tão importantes para a crianças, as carências. E até mesmo num conto de Mamãe é a mulher do papai de Werner Zotz, que uma criança ao abrir a porta percebe uma relação amorosa entre os pais, se enraivece, sente ciúmes, até compreender que sua mãe é também a mulher de seu pai. Alem de tratar do ciúme possessivo, da fala egocêntrica comum que as crianças exclamam : “a MINHA mãe!”, trata também do tabu em relação ao sexo e seu nascimento. Sem que para isto o professor tenha que falar o significado, didatizar empobrece e muito o verdadeiro significado da literatura para a criança. Podemos também ler sobre diversos assuntos como a separação, crescimento pessoal, morte, as diferentes formas de poderes... e tantos outros assuntos.
No sétimo capítulo a autora trata dos contos de fadas, como são antigos e sempre contemporâneos por tratarem das angustias tão reias da infância. Cada elemento tem um papel fundamental nos contos de fadas, retirar um destes elementos não irá contemplar a compreensão integral que a criança busca. Como ai esta o grande problema da Walt Disney, por adocicar os contos de fadas, tiraram seus conflitos fundamentais, os desestruturaram, podaram partes valiosíssimas para a criança. Tentar moralizar um conto de fada é um erro gravíssimo é tirar da criança a sua subjetividade tão valiosa!
Os contos de fadas falam de medos tão reais da infância. Medos que o autor tem, medos que a criança compartilha, medos com que todos nos convivemos, sendo numa intensidade maior ou menor, que aprendemos a superar, substituir, enfrentar, que aprendemos a conviver ou lidar.
Os contos de fadas falam de amor e sobre o amor em todos os seus prismas, sofrimento, descoberta, encanto, possibilidade, entregas e plenitudes, inicio e fim, a pergunta feita é: quanto estes contos de fadas nos revelam ?
Como é importante, como já falei não condensar os contos. Tirar por exemplo a morte do soldadinho de chumbo e colocar um final feliz, é tirar todo o perturbador sentimento de tristeza que o amor às vezes nos causa. É não deixar a criança experimentar este sentimento, como prévia experimentação desta forma de amor!
Os contos de fadas falam da dificuldade de ser criança como nos contos dos Irmãos Grimm no Pequeno polegar e Branca de neve , como o Peter Pan de James Barrie. Fala da angustia, injustiça, dificuldade, obstáculos, enfrentados de forma tão real na infância, muitas vezes sendo “entendido” pela criança só na subjetividade.
Os contos de fadas falam de carências como em “ Joãozinho e Mariazinha” dos irmãos Grimm dois irmão vivem a carência de comida (pobreza) e a carência de afetividade ( a mãe morreu) , além disto a madrasta quer separar a família abandonando-os em uma imensa floresta desconhecida para qual ainda não estão preparados, só quando encontram a casinha de gostosuras ( que significa a fartura) conseguem resolver os seus problemas, suas duvidas pensando, agindo em conjunto.
Os contos de fadas falam de autodescobertas e de descobertas da própria identidade, o que é fundamental para o crescimento/desenvolvimento. Como na história tão conhecida de Anderson em “O patinho feio”, que trata da rejeição pelo diferente, tratando da difícil caminhada que tem de ser feita para nos conhecermos verdadeiramente. E o poder em que há em conhecermos nossa verdadeira identidade, enquanto todos os patos o rejeitavam por ser diferente dos demais na verdade ele era um lindo cisne. Como em “Joãozinho e o pé de feijão” e quais são os gigantes que as crianças enfrentam.
Os contos de fadas falam de perdas e buscas falam também de esquecimentos, e abandonos daquilo que um dia foi significativo. Falam de crescimento de buscas. Fala de tristeza de desconfortos de revelações de sexualidade, da vida, da morte, de ciclos que iniciam e terminam. Das dificuldades e da necessidade de provar a nossa capacidade a cada instante, de como temos que afirmar nosso valor como pessoa, que é nossa identidade que será alcançada depois de muito sofrimento, rejeição, turbulências e busca. Falam de pessoas e a busca da felicidade. Fala de fantasia do poder que há no sonhar no desejar e projetar. O imaginar é também reciclar ideias.
No oitavo capítulo a autora aborda o trabalho que deve ser realizado para o desenvolvimento de uma apreciação crítica. A literatura infanto-juvenil foi incorporada na escola, e com isto há um entendimento generalizador que as crianças passaram a ler. Até poderia ser verdade, se esta leitura não fosse carregada da noção de dever, tarefa e sim como prazer de deleite, descoberta, liberdade. O livro é indicado não escolhido pelo leitor, tem de ser lido num prazo.
Porque ao invés disto a criança não vai a biblioteca e escolhe aquilo que se quer ler, deixando cada um entrar em contato e manusear, folhear, buscar achar o livro. Claro que com isto a professora teria que ler muito mais livros, e até que ponto o professor esta disposto a isto?
O principal critério é a praticidade, a pronta entrega e não a qualidade do livro em si. Muitas vezes são adotados autores medíocres, histórias desinteressantes, que não tocam o aluno um livro para querer e não só para saber, e alguns vão querer e outros querer saber. É subjetivo a escolha do livro,intransferível e pessoal, é um erro mortal generalizar uma única leitura a uma pluralidade de leitores. Fora o usar histórias fantásticas e massacra-las grifando nos livros verbos, pronomes, tentando achar o significado ao invés de simplesmente recebê-lo encontrá-lo. A bendita ficha, questionário, que é requerido no final de cada leitura, uma ficha tão geral tão bitolada que não é a compreensão real daquilo que se lê. Porque não trabalhar aquilo que a leitura provocou, qual sentimento despertou... Porque tornar a leitura asséptica, tão impessoal.
A conversa é fundamental para desenvolver um leitor critico, conversa e não questionamento. Onde a criança pode expor se gostou ou não, se concordo ou não concorda, não o questionamento que condiciona a resposta a uma única especificidade inquirida.É formular opinião própria, conceitos, é amar ou odiar um autor por si só.E há tanto em se discutir em uma história, se é original, se é criativa. Se o final deixou a desejar? Demorou demais ou foi muito apressado? E a história é bem escrita? Quais as sensações e sentimentos que ela despertou?Assim como no objeto livro, há muito que se observar perceber, comentar, opinar. Desde a capa, se é monótona, se desperte o interesse. Do formato do livro do manusear o livro.
E o aluno pode registrar isto, o que gostou o que não gostou. Aquilo que o atrai ou incomoda. E principalmente sempre valorizando a conversa. Literatura é arte é prazer simplesmente ter o livro na escola não é sinônimo de formar leitores inquietos, questionadores, pensantes. Se ler for só lição de casa, que perda haverá no somente ler por obrigação.
No nono capitulo a autora trata da importância da biblioteca na formação de leitores, e de este ambiente ser livre. Que o contato com o livro desde a fase mais inicial da educação infantil irá agregar e muito na formação do ser. Como o livro é de 1989, há uma preocupação da autora de suscitar no professor o interesse por montar uma biblioteca escolar, felizmente isto agora é obrigatório direito garantido pela Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, as escolas tem de garantir este espaço tão rico no processo educativo.

REFERÊNCIAS:
Livros:

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. SP: Scipione, 1989

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. SP: Paz e Terra, 1980, 7ª ed.

GRIMM, Jacob. Wilhelm. Contos de Grimm. Belo Horizonte, MG: Itatiaia, 2008, 3 ed.

Sites:

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5743


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Ioná 12/09/2010

Vamos por partes
Tenho tanta coisa para falar sobre o livro que a única maneira que encontrei de fazê-lo é discorrendo sobre os diversos capítulos separadamante.

1. Ouvindo histórias:
Neste primeiro capítulo a autora discorre sobre os diversos aspectos de se contar uma história. Desde de como iniciá-la até como concluí-la, passando pelos jeitos diferentes de despertar o interesse de quem ouve.
Por contar histórias há muito tempo, percebi a importância de tudo que ela escreveu, e creio que este livro deveria se o primeiro que toda e qualquer pessoa que deseja enveredar pela arte da contação de histórias deveria ler.

2. Olhando histórias:
Fanny fala das possibilidades das histórias sem texto escrito. Achei importante esta abordagem pois a literatura pictográfica, na minha opinião, é um tipo de leitura pouco explorada pelos educadores. Ainda, nos raros casos em que vi alguém utilizando, foi apenas para reforçar a produção de textos nos anos iniciais e não para usufruir de tudo que um livro sem texto pode proporcionar.

3. Ilustrações:
Tenho percebido, ao longo dos anos, que a maioria dos professores não dá a devida importância às ilustrações dos livros, quando, novamente na minha opinião, deveria ser preocupação primeira, pois a maioria das crianças, especialmente as ainda não-alfabetizadas, têm sua primeira empatia com uma obra, através da capa. E, "lê" o livro, somente pelas ilustrações. Lembro que fazia muito isso quando era criança. A análise das características dos personagens através da ilustração, também não tem sido muito usada nas escolas. Foi a primeira vez que vi um autor falar do significado que as ilustrações podem trazer para uma leitura. Achei muito bom!

4. O humor na literatura infantil:
A autora aborda a criatividade usada para se fazer rir nas histórias infantis. Cita trechos de histórias onde os autores conseguem passar suas mensagens, sem preconceitos, estereótipos, sem serem bobos demais, óbvios demais, enfim, sem travas. Achei bastante inteligente.

5. Poesia para crianças:
Neste capítulo específico, Fanny fala, com muita propriedade, de todas as emoções que as poesias podem despertar. Com ou sem rima, curtas ou nem tanto, divertidas, tristes, saudosas, todos os tipos de poesia! Quem disse que criança não gosta de poesia???

6. Se inteirando de verdades:
É difícil eleger, entre tantos, um capítulo melhor. Mas este, para mim, foi o mais significativo.
Nele, a autora explica que a literatura para crianças, também pode ser informativa, por que não? e cita ótimos livros que falam sobre assuntos espinhosos: relações familiares, separação, crescimento pessoal, morte e até política. Afinal, os pequenos leitores podem ser crianças, mas não são seres desconectados do mundo. Pelo contrário. Não tenho outra palavra - maravilhoso.

7. Contos de fadas:
Confesso que sempre tive uma bronca enorme dos clássicos infantis. Sempre achei que neles, o papel da mulher sempre foi o de fraca, ingênua, dependente. O único que lembro onde é a menina que tem papel mais ativo, é em João e Maria, mas convenhamos, João estava preso! Por conta disso, acabei deixando-os, muitas vezes, em segundo plano.
Bem, admito que pretendo mudar de atitude. Fanny me convenceu. Neste capítulo ela conta, com muita maestria, sobre os aspectos abordados nos contos de fada. Explica que eles falam de medos, amor, das dificuldades de ser criança, carências, autodescobertas, perdas e buscas. Ainda, fala da importância de se passar para o pequeno leitor a história escrita originalmente, fugindo das versões modificadas, que, muitas vezes, desvirtuam a ideia inicial do próprio autor. Me rendi.

8. Apreciação crítica:
Importantíssimo! Como despertar no leitor mirim a criticidade? Adorei este capítulo! Gostei, especialmente, o que a autora fala sobre a horrível ideia que alguns professores têm de solicitar um resumo do livro ao final da leitura. Abaixo as fichas literárias! Gostei também, (nossa! gostei de tanta coisa) das dicas sobre como perceber o livro. Não o texto, mas o objeto-livro. Levar a criança a olhar para o objeto que segura e manifestar sua opinião sobre o que está vendo. Gosta? É bonito? Poderia ter outro formato? A editora caprichou? E os desenhos? Ensinar a ver as características, a qualidade, etc, etc etc... Show, Fanny!

9. Formando bibliotecas:
Neste capítulo a autora dá ideias de como proceder para montar bibliotecas. Escolares ou particulares. Todas ótimas. Em minha cidade as bibliotecas escolares são realidade já há algum tempo. Mas confesso que vou utilizar algumas das suas ideias na minha casa. Tenho montes de livros infantis, bem ao alcance dos meus filhos, porém, não num espaço que possa ser considerado só deles, pessoal, que possam arrumar ou desarrumar ao seu gosto. Mudarei isso.

Não tem um só pedacinho deste livro que possa ser considerado desnecessário.

Recomendo demais: para quem gosta de literatura infantil, para quem gosta de literatura em geral, para ilustradores, para quem gosta de criança, para educadores de todas as séries, para pais e até para quem não gosta de ler! acho provável que possa encontrar nele um motivo para começar a gostar!!
Mateus 15/09/2010minha estante
Que resenha incrível, Ioná! Ficou muito bem feita, parabéns! Fiquei extremamente interessado no livro, parece ser mesmo muito bom. Vou procurá-lo, você me convenceu :)
Obrigado pela dica!


Lucia Sousa 29/11/2010minha estante
Valeu!Vou adicionar à minha estante!


Needa 16/04/2011minha estante
Obrigada! Excelente resenha, Vou fazer um concurso que pede para ler este livro. Sua ajuda foi fundamental!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Monny.Marinho 08/05/2015minha estante
Muito bom!


Santos 16/04/2016minha estante
Ola,estou louca atras desse livro para meu TCC.



Carla.Portella 21/07/2016minha estante
olá, sou nova por aqui e estou perdida, preciso desse livro como faço??? urgente, podem me ajudar?


Cristina.Barreto 21/09/2016minha estante
Incrível sua resenha eu preciso ler esse livro , pois estou fazendo meu Tcc ,será de grande serventia .


Lucia.Fragassi 24/01/2020minha estante
Iona, que riqueza de detalhes você passou para nós. Vou ler o livro e, saborear assim como você fez. Gratíssima. Ana Fragassi




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