Do outro lado

Do outro lado Mary del Priore




Resenhas - Do Outro Lado


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Nícolas_Moura 09/08/2023

Uma Análise Crítica Profunda e Necessária
"Do Outro Lado" é uma obra que incita discussões profundas sobre a abordagem do Espiritismo e do sobrenatural, mas não de maneira satisfatória. A autora, Mary Del Priore, apresenta uma história abrangente, porém, falha em oferecer a análise rigorosa e a profundidade necessárias para um entendimento verdadeiramente esclarecedor.

Minha crítica por sua falta de clareza na distinção entre o Espiritismo e outras crenças espirituais, o que resulta em confusão para aqueles menos familiarizados com o tema. Ao tentar traçar a história do Espiritismo, a autora parece se perder ao abordar conceitos, práticas e religiões diferentes, deixando o leitor em um estado de incerteza sobre qual é exatamente o foco.

A abordagem da autora é questionada quanto à falta de referências específicas e rigor conceitual. Ela cita fontes genéricas, mencionando "importantes filósofos" e "renomados antropólogos", sem nomear especificamente os autores ou os trabalhos a que se refere. Isso diminui a credibilidade da obra e dificulta a verificação das informações apresentadas.

A autora parece mais interessada em apresentar fatos do que em analisá-los criticamente. A falta de discussão sobre questões controversas dentro do Espiritismo, como conflitos internos e fraudes, contribui para uma representação simplista e não abrangente do assunto.

Um aspecto notável da obra é a divisão entre o texto e as ilustrações, que prejudica a experiência de leitura. As ilustrações, apesar de interessantes, são separadas do texto principal, o que cria uma desconexão entre as informações apresentadas e as imagens que as complementam.

A autora parece hesitar em explorar questões que poderiam enriquecer a compreensão do leitor sobre a influência de pensadores e filósofos anteriores na formação dessa crença.

Em resumo, "Do Outro Lado" oferece uma visão geral da história do Espiritismo e do sobrenatural, mas deixa a desejar em termos de análise crítica, rigor conceitual e profundidade. As críticas levantadas pelos resumos apontam para a necessidade de uma abordagem mais detalhada e cuidadosa ao tratar de um assunto tão complexo e multifacetado.
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ToniBooks 24/12/2021

Além dos outdoors.
"Não se trata mais de inquirir se Deus existe ou não, mas de se concentrar sobre os efeitos benéficos de crer". Esse trecho de "Do outro lado", da historiadora Mary del Priore, indica o caminho que a autora percorreu para expor as suas ideias na presente obra.
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Cláudia Matta 09/11/2014

Um pouco da história sobre o espiritismo no Brasil

Este livro relata a questão do sobrenatural em nossa sociedade, principalmente desde o fim do século XIX. O livro contém várias histórias interessantes e pitorescas. Além, de explicar o sincretismo religioso brasileiro, um processo de adaptação de crenças religiosas de origem africana ao contexto da colonização europeia nas Américas. O livro é uma maneira de saber sobre o nosso passado e assim entender melhor a consolidação do espiritismo no Brasil.

O primeiro capítulo é curto, e não trata das questões históricas do espiritismo. É mais um relato sobre as crenças em fantasmas, almas de outro mundo, mortos-vivos, presentes no século XIX e início no século XX.

Já o segundo capítulo, explica o que são mesas volantes, uma moda que chegou dos Estados Unidos. Também explica como surgiu o espiritismo e de como este chegou ao Brasil.

O terceiro capítulo fala dos curandeiros, cartomantes e exorcistas. Nele relata a religião espírita como um espetáculo mágico. Também relata vários casos de exorcismo. Em sua maioria, as pessoas exorcizadas eram mulheres ou pobres. As mulheres histéricas eram chamadas e diagnosticadas pela medicina da época como "endemoniadas". Triste preconceito. Na verdade, os espiritismo confundia-se com costumes africanos e dos pajés.

O quarto capítulo fala dos inimigos do além, dentre eles a igreja católica e o estado que condena a dura penas quem praticava o espiritismo ou as religiões afro-brasileiras.

Por fim, o capítulo cinco fala sobre o eterno sobrenatural no período da república. Nessa época, havia uma grande crise econômica, desemprego, inflação alta e superprodução do café. Os escravos recém libertos viviam em um estado de quase abandono. Uma pobreza muito grande marcou o início da República. Com isso, recorria-se ao além como única alternativa para cura dos males.

A autora do livro, Mary del Priore, é uma acadêmica que escreve muito bem. Foi professora de história da USP e PUC/RJ e escreveu mais de 40 livros. Foi vencedora de vários prêmios literários nacionais e internacionais.

Gostaria de encerrar a resenha com um pensamento de Inácio de Loyola citado no livro: "Para quem acredita, nenhuma palavra é necessária; para quem não acredita, nenhuma palavra é possível."
adijobs 23/11/2014minha estante
Leitura interessante. Ótima resenha.


Cláudia Matta 23/11/2014minha estante
Obrigada Adilson.
Um abraço.




Paulo Silas 22/01/2022

O sobrenatural é algo que fascina, seja causando encanto, seja causando pavor. Crentes e céticos possuem esse interesse em comum naquilo que não pode ser explicado, mesmo considerando que cada qual de acordo com suas razões e intenções que justificam os olhos que se voltam para o oculto. O mundo todo, desde o primevo, está cheio de relatos sobre aparições, fantasmas, seres, magias, feitiços, encantamentos e diversas outras questões que não pertencem a esse mundo, demonstrando que, sob certa ótica, elas acabam fazendo parte, sim, desse mundo. Com a pretensão de realizar uma abordagem histórica sobre o sobrenatural - com enfoque no século XIX e no espiritismo -, Mary del Priore apresenta aos leitores essa interessante e cativante obra sobre a temática.

A autora abre o livro com um capítulo no qual explica "como tudo começou", trazendo algumas histórias sobre crenças no século XIX que repercutiram com notoriedade no imaginário social, apontando para o fato de que, mesmo com o avanço da razão em uma sociedade cada vez mais científica, o 'crer' nunca deixou de existir. Na sequência, a escritora narra o surgimento do mesmerismo, das mesas volantes e do espiritismo - que viraram moda em diversos países, incluindo aí o Brasil. Em seguida, Mary del Priore reserva um capítulo para abordar aquilo que intitula de "outras manifestações do Além", escrevendo sobre curandeiros, cartomantes, exorcistas e outros praticantes do sobrenatural e suas atuações principalmente no Brasil. A seguir, todo o combate dos céticos contra esses fenômenos sobrenaturais e seu adeptos é relatado pela autora. Por fim, a historiadora pontua que, mesmo com toda a transformação social pela qual passou o Brasil entre a fase do Império e a da Primeira República, as crenças - que também se transformaram - permaneceram (e permanecem) existindo, sendo uma parte que constitui a sociedade como um todo.

A obra permite um conhecimento específico sobre o passado (do século XIX), expondo um pouco da bastante próxima relação da sociedade com o sobrenatural. Trata-se de uma obra acadêmica - histórica - com uma narrativa bastante imparcial, a qual expõe fatos, relatos e opiniões de uma época não muito distante, não havendo qualquer pretensão de desmistificar ou corroborar as crenças das quais o livro aborda. Assim, a leitura acaba agradando tantos aqueles que creem quanto os que não acreditam. Além disso, a linguagem é bastante convidativa, não técnica, permitindo assim uma leitura bastante fluida e satisfatória.
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DrAlu 26/09/2021

A autora além de escritora já foi comunista de jornal, portanto fez um apanhado bem extenso de como o espiritismo iniciou no Brasil no século XIX. E relatou como eram encarados todos os cultos espirituais, além de pessoas que faziam curas espirituais, clarividência e telecinesia... Alguns até com truques de mágica... e nessa mistura toda emergiu o Espiritismo no Brasil. Acredito que este seja um livro interessante aos adeptos, mas para mim não mudou minha visão perante o espiritismo.
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Marcelo 16/12/2022

Um desserviço ao Espiritismo
Esse foi realmente um desserviço ao Espiritismo.

A autora, uma historiadora conhecida e respeitada, empreendeu a tarefa de contar a historia do sobrenatural e do Espiritismo. Sem conhecer a história de fato, a autora até coloca algum esforço como historiadora para relatar os fatos, mas mistura conceitos, práticas e religiões, o que só confunde o leitor menos familiarizado com o tema.

Sabemos que no Brasil as pessoas confundem outras vertentes religiosas que acreditam na reencarnação e na comunicação com os espíritos com o Espiritismo, e embora a autora tente separar as coisas, acaba só confundindo mais...

O fato de colocar no subtítulo que vai apresentar a história do Espiritismo e uma foto de uma reunião mediúnica numa mesa dá a entender que de fato apresentará essa história, mas decorrer do texto a autora aborda cartomancia, umbanda, candomblé, magnetismo, metapsiquica, positivismo, sonambulismo, teosofia... quase como se fosse tudo a mesma coisa. Aprofunda a relação do brasileiro com as cartomantes e o arquivo de fotos que o livro apresenta é basicamente de anúncios de jornais do final do século XIX e início do século XX onde cartomantes ofereciam seus serviços.
Sem falar na falta de referências no texto... Como uma historiadora cita fontes apontando como ?uma importante filósofa.. um renomado antropólogo... um importante sociólogo...? sem citar o nome de quem ela se refere???

Enfim, uma perda de tempo para quem busca uma leitura minimamente séria sobre o tema.
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Jana 23/12/2014

Pensei que era uma coisa e era outra.
Mary del Priore é uma das minhas escritoras favoritas pelo simples fato de que: ela é uma historiadora que usa linguagem simples. Fala o que quer de forma direta e atraente. Sou estudante de história e até posso ser considerada "ignorante" por colegas, mas pra mim, não importa se o assunto é o mais interessante do mundo - se for escrito de forma entendiante, tal assunto será esquecido e pronto. E tem historiador que simplesmente AMA escrever 239 parágrafos para algo que poderia ser dito em 1 utilizando palavras que parecem ter sido escolhidas a dedo no dicionário; tudo para que o texto pareça o mais erudito possível. Resultado: as pessoas preferem ler livros de História escritos por jornalistas, ao invés de optar por produções de pessoas que estudaram a vida toda para isso.

Mary del Priore é diferente; escreve de forma simples e transforma conhecimento em entretenimento. Meus favoritos dela são "Histórias e Conversas de Mulher" e "Histórias Íntimas". Então, naturalmente, quando soube do lançamento de "Do outro lado", fiquei louca para comprar.

E não, não é só porque era da Mary del Priore. 85% dos meus motivos envolveram o subtítulo: "a história do sobrenatural e do espiritismo".

Fato 1: amo praticamente tudo relacionado ao SOBRENATURAL. De fato, é algo que chama atenção de muita gente.

Fato 2: não sou espírita e, embora respeite a religião, não é um assunto que me desperte interesse.

Fato 3: o livro tem como subtítulo " a história do sobrenatural E do espiritismo". Assim, comprei-o não por causa do conteúdo relacionado ao espiritismo, mas sim pelo relacionado ao SOBRENATURAL.

Conclusão: decepção.

Por que?

A boa escrita de Mary del Priore permanece, assim como o capricho na diagramação do livro. São poucas páginas, não chegam a 300. Deveria ser uma leitura rápida e divertida, mas acabei demorando mais de um mês para terminar. E o motivo para isso foi que de sobrenatural mesmo, o livro não deve ter nem 8 páginas.

"Do Outro Lado" é um livro sobre a história do espiritismo no Brasil. Suas origens na Europa, como ele veio e se propagou pelo Brasil, suas formas de manifestação no nosso país. E é praticamente isso, com um ou outro assunto a mais.

Impressões:

- Em vários momentos, senti como se estivesse lendo uma extensa defesa do espiritismo. Sei lá qual é a crença de Priore e tão pouco me interessa, mas são vários e vários parágrafos de como os ensinamentos espíritas foram desdenhados, deturpados, caçados. Chega a ser repetitivo, além de extremamente imparcial (algo que é fundamental tanto para jornalista quanto para historiador. Impossível ser totalmente objetivo, mas a imparcialidade é buscada por escritores de ambas profissões). No fim, o livro se transformou, aos meus olhos, num extenso dossiê de defesa e exaltação do espiritismo.

- Que a palavra sobrenatural foi colocada no título para chamar a atenção: se fosse apenas história do espiritismo, o público seria limitado. O sobrenatural chama a atenção, desperta a curiosidade humana. Eu, pelo menos, esperava ver o que assustava as pessoas do século XIX, qual era a relação deles com o fantasmagórico e o além, quais eram as manifestações do sobrenatural. Mas tudo que é posto no livro acaba sendo relacionado, em algum momento, com o espiritismo. É como se o "sobrenatural" houvesse sido posto na capa apenas para aumentar as vendas...

Afinal, o sobrenatural vai bem além do espiritismo. É um campo amplo que envolve crenças, medo, esperança, tradições. Resumir o sobrenatural a uma única crença é limitar todo um assunto. Destacando que, quando eu comprei, li a sinopse atrás do livro e ainda mantive a expectativa... Apenas ao ler o conteúdo explicativo na orelha foi que descobri, no meio de um parágrafo, que o enfoque principal da obra seria a história do espiritismo - algo de que eu também discordo, uma vez que o assunto É o espiritismo, com alguns pequenos desvios.

É um livro que não recomendo aos amantes do sobrenatural. No entanto, se você é espírita ou tem alguma curiosidade em saber sobre a história do espiritismo, será uma boa leitura.
Jorge Rodrigues de Moraes 08/08/2015minha estante
Olá! Também gosto de livros sobre história com uma linguagem mais direta, sem muitas voltas. Comecei a gostar deste de tipo de livro após ler a coleção Terra Brasilis, do Eduardo Bueno. Hoje tenho outros títulos de dele e de outros autores que seguiram o mesmo caminho. Em relação a Mary Del Priore, gostei de sua resenha sobre "Do Outro Lado". Pena eu já ter comprado o livro. Mas, de qualquer forma, como eu estou muito interessado no assunto, vou tentar a sorte.


Sergio330 19/09/2019minha estante
Sua resenha é perfeita e concordo com tudo. Parabéns . Comprei o livro por ser a Mary del Priore ; por ser formado em História , e me interessar por temas sobrenaturais . Também me decepcionei .




Heloise 28/01/2022

O sobrenatural
"Se você acredita em fantasmas, almas do outro mundo ou espíritos, percebeu então que não está traindo seus antepassados. Eles também acreditavam. E seguimos acreditando por uma razão: há infinitas questões sem resposta."
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Bruno Oliveira 14/11/2018

Breve comentário sobre o livro de Mary Del Priore
Confesso que abandonei duas vezes o livro de Mary Del Priore antes de conseguir terminá-lo. Do outro lado A História do sobrenatural e do espiritismo possui um prefácio terrivelmente mal escrito que me fez crer que o restante do livro seria igualmente ruim. Na terceira vez em que me confrontei com aquele texto desagradável, porém, consegui forças para continuar avançando. Para a minha sorte, o problema do prefácio parece ser alguma sobra de uma revisão mal feita, pois o restante do livro flui com facilidade.

Apesar disso, tive uma experiência morna com a obra, sobretudo porque algumas posições teóricas da autora limitaram meu interesse e atrapalharam minha fruição. Por isso, em vez de resenhar o livro aqui, tentarei detalhar neste texto minhas críticas em relação ao texto de Del Priore.


Texto versus ilustrações:

Como A História do sobrenatural e do espiritismo aborda diversas personalidades e práticas coletivas (as sessões de mesas girantes, por exemplo) a autora tem muito o que mostrar visualmente. Aliás, as ilustrações contidas no livro são muito interessantes, pois desvelam o imaginário de uma época e apresentam todo um universo próprio, contudo, elas estão apresentadas numa sessão à parte do livro e precisam ser vistas em um momento póstumo à leitura, perdendo sua interlocução com o texto. É preciso ler as ilustrações e depois tentar retomar os textos que as esclarecem, ou ler o texto e tentar adivinhar quais ilustrações são referentes a quais excertos, num entendiante movimento de ida e volta que só atrapalha a fruição do livro.


Muitos detalhes; pouco rigor:

Ainda que o livro de Del Priore seja bastante informativo e traga muitos dados interessantes, ele também é um bocado frouxo e transmite a impressão de falta de rigor e cuidado, pois suas informações são frequentemente ambíguas e precisariam de um esclarecimento conceitual mais rigoroso que a autora não faz. Talvez sequer perceba a necessidade de fazer, não sei dizer.

Cito um exemplo: “Os dogmas principais do espiritismo eram a “reencarnação” e a “pluralidade de mundos” […]” (p.55). Para começar, é comum que espíritas impliquem com a palavra “dogma” quando aplicada à sua religião, pois tal palavra indicaria aquelas normas indiscutíveis contidas nas religiões. Supostamente, o espiritismo não teria quaisquer normas desse tipo, consequentemente, o leitor que ler a obra com os olhos de um espírita terá motivos para negar o que a historiadora diz. Penso porém que é possível defendê-la nesse caso, bastando interpretarmos que a palavra dogma de uma maneira menos pejorativa, como um termo que designa as teses fundamentais de uma doutrina sem as quais ela não existe. Sinceramente, acho que é a isso que Del Priore está se referendo, inclusive, concordo com ela a esse respeito. Não não há espiritismo sem a crença na “reencarnação” e na “pluralidade de mundos”, como também seria preciso engordar bastante essa lista acrescentando aí a existência dos fenômenos mediúnicos, dos espíritos, etc. A lista é enorme, na verdade. Penso que a historiadora mencionou apenas dois dogmas porque pretendia tratar especificamente deles logo mais, contudo, mesmo que façamos esse trabalho de entender a posição da autora e defendê-la de uma leitura enviesada, seu texto poderia dispensar o leitor disso ao apresentar os elementos que anulariam essa leitura. Uma nota de rodapé na palavra dogma, explicando o que autora entende por dogma e o que seriam dogmas no espiritismo faz falta nesse excerto, por exemplo. Imprecisões ou ausências como essa por todo o livro, facilitando leituras ruins, má compreensões ou simplesmente limitando o livro em pontos nos quais ele poderia orientar melhor o leitor.

Lembro de uma colega de graduação que tinha um sério problema de escrita: seus textos eram desenrolares descritivos, quer dizer, eles meramente relatavam aquilo que ela tinha visto ou lido na exata ordem em que as coisas tivessem se apresentado. Minha colega era incapaz de colocar aos fatos qualquer questão; apenas os repetia sem perceber que eles não eram tácitos e estavam impregnados de ideologias, sendo preciso lidar com tais coisas para apresentá-los num texto crítico. Retomo essa lembrança porque o livro de Mary Del Priore se parece com os textos de minha colega, não colocando questões nem para si, nem para o leitor, e avançando pela apresentação de fatos sucedidos de fatos, personagens sucedidos por outros personagens, que não necessariamente confluem para uma interpretação do assunto; somente para sua exposição. A autora parece jamais ter tido questões sobre o tema, ela apenas o aprendeu.


A narrativa sobre a história:

Creio que a origem de meus incômodos com a obra seja o fato da autora sempre preferir a narrativa em vez do trabalho investigativo rigoroso. Seu livro faz uma exposição geral da história da espiritualidade no Brasil, entretanto, evita discutir minúcias de quaisquer tipos, inclusive quando trata do espiritismo. Del Priore pouco aborda questões controversas a respeito da história dessa religião, o que acaba dando um tom um tanto “oficialesco” ao livro, como se a autora evitasse desagradar os adeptos desse credo. Tudo soa plácido, confortável demais, e somos pouco informados acerca dos conflitos internos do espiritismo, suas linhas concorrentes, as conhecidas fraudes em que alguns de seus membros se meteram e coisas assim. A história do sobrenatural e do espiritismo está muito abaixo de um trabalho como O babuíno de madame Blavatsky, por exemplo, que vai fundo no processo tortuoso de consolidação de uma religião.

A despeito da quantidade de informações que a autora apresenta, seu texto suscita dúvidas se ela sabe mesmo a extensão daquilo com que está lidando ou se decidiu propositalmente ficar na superfície do assunto para priorizar a divulgação científica. A investigação sobre as bases teóricas do espiritismo não vai muito além do óbvio sobre Mesmer e Pestalozzi, por exemplo, o que me fez lembrar da última vez em que li um texto de Kardec e era apresentada, de uma maneira não muito sofisticada, alguma prova da existência de deus a partir da noção de causa e efeito. Era um eco de Tomás de Aquino, sem dúvidas. Kardec nitidamente sabia “por ouvir dizer” algo das clássicas provas da existência de deus, mas de forma rudimentar, sem o requinte que elas possuem nas obras dos filósofos medievais. Diante disso, é possível colocar questões do tipo: quais seriam as leituras de Kardek? Um bom estudo sobre o espiritismo poderia esclarecer questões como essa que, pelo que sei, seguem em aberto, embora possam ser notadas por qualquer leitor com algum conhecimento da história do pensamento científico e filosófico ocidental. Quando abri o livro de Del Priore, imaginei que essas questões fossem ao menos mencionadas nele, que a autora fosse ao menos abrir caminhos para o leitor trilhar por si mesmo segundo seu interesse, todavia, a historiadora dificilmente se desvia daquilo que é amplamente conhecido a respeito do espiritismo e promove poucas reflexões dentro dos temas tradicionais. Por conta disso, não me causou espanto que o último capítulo de seu livro, a conclusão, fosse tão curto mirrado, com corolários de pouca penetração.

site: https://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
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Fimbrethil Call 21/12/2014

Muito abrangente
Gostei muito desse livro, que conta a história do espiritismo no Brasil e tudo o que ele tocava. Como muitos abolicionistas eram espíritas, a autora traz um retrato que eu nunca tinha visto da luta pela abolição da escravatura no Brasil. Muito bom mesmo. Uma pesquisa muito minuciosa.


Carol 10/07/2017

O espiritismo na História do Brasil
Mary del Priore apresenta como o espiritismo chegou ao Brasil e reuniu adeptos sem que estes se afastassem de outras crenças e/ou pensamentos filosóficos em uma leitura de fácil entendimento. Além disso, aborda a presença do sobrenatural em diferentes crenças populares. Não se trata de um livro espirita ou espiritualista, mas de uma narração histórica, com base em referências bibliográficas e fontes.
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Eros 08/09/2017

Origens do sobrenatural brasileiro
Mary Del Priore cativa pela espontaneidade da escrita.
O meio religioso é repleto de "histórias bonitas" para credibilizar seus princípios doutrinários. Com a Doutrina Espírita não foi diferente e o Brasil é responsável por "criar" um espiritismo tupiniquim, bem distante da proposta Kardequiana. Se Allan Kardec propôs um filosofia com consequências morais, o Brasil adaptou a filosofia de Kardec ao sincretismo nacional, formando uma religião atual tão formatada como as ditas dogmáticas ("Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho" é um dogma e tanto!).
A obra em questão mostra a paisagem avoenga que abrigou a filosofia europeia (francesa) nas terras brasileiras. Apresenta a importância de renomados espíritas na abolição da escravatura e mostra nomes da literatura brasileira influenciados, positiva ou negativamente, pelo Espiritismo, como Castro Alves e Machado de Assis.
A narrativa da autora é sóbria e apartidária, o que faz do livro uma preciosa fonte de consulta para quem não teme conhecer a origem das coisas, ainda que sofra o impacto de desnudar as próprias crenças!
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Aninha.Perez 31/12/2021

O sobrenatural visto com outros olhos.
Nesse livro a autora nos faz viajar no tempo e mostra o desenvolvimento da parte espiritual e como as pessoas lidavam com isso.

A linguagem é simples, direta e ainda tem imagens, principalmente dos jornais da época enriquecendo ainda mais a leitura.

Não é o primeiro livro que li dessa autora e como sempre, vale a pena a leitura, principalmente quem gosta de história.
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Diego Piu 14/04/2018

Adorei
Primeiro livro da Del Priore que eu li, pra melhorar ainda mais a experiência: sobre um tema que adoro!

A forma como a autora nos apresenta os fatos é muito agradável, uma leitura fácil e atrativa (eu não conseguia parar, e assumo que tenho um ritmo de leitura lenta, quase que degusto cada parágrafo). O que mais despertou minha curiosidade em abrir esse livro é ter o mundo paranormal sendo apresentado por uma historiadora, sem afetações, entender o cenário em que o tema se inseriu no Brasil, quais foram as dificuldades e como foram superadas (ou não), enfim! Recomendo de olhos fechados! Um livro que informa e diverte pelo ritmo da escrita. Pretendo ler outras obras da Del Priore o quanto antes, pois já sinto saudades!
Tatiana.Santos 06/11/2018minha estante
Já leu A Carne e o Sangue? Deliciosamente escrito para compreendermos a dualidade em que viveu D. Pedro I.


Diego Piu 07/11/2018minha estante
Ainda não, mas já tô com ele na prateleira! Encontrei numa super promoção numa livraria aqui de Manaus!


Tatiana.Santos 07/11/2018minha estante
Legal!!!! Boa leitura...


Diego Piu 07/11/2018minha estante
Ah! Seja bem vinda por aqui (acho uma das redes mais difíceis de fazer amizade, as que aparecem geralmente são ótimas), adoro receber dicas, leio de td um pouco e por aí vai!


Tatiana.Santos 07/11/2018minha estante
Obrigada! Digo o mesmo...que a leitura nos fortaleça. Abraços




Henrique_ 13/12/2018

Gosto muito do olhar histórico de Mary del Priori a respeito de temas controversos ou mesmo ignorados pela História tradicional. Neste livro, este olhar histórico é um relato muito bem documentado sobre como as sociedades do passado, sobretudo a brasileira do século XIX, lidavam com o além, com o oculto. O livro traz muitas informações interessantes sobre o surgimento do espiritismo, sua ligação com os pressupostos científicos, as diferenças entre o espiritismo kardecista e o "baixo espiritismo", este ligado às "casas de pretos" do sincretismo brasileiro, maior alvo de perseguição por parte da Igreja Católica e do Estado no Brasil. Vale a leitura a título de curiosidade e informação, apesar de que quantidade de detalhes utilizados para embasar os relatos, inerente a uma obra de pesquisa deste tipo, possa tornar a leitura um pouco cansativa, mas não menos interessante.
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