Mah 29/06/2016
Libertos
O livro nos leva a conhecer primeiramente Marco, um autor que está passando por um terrível bloqueio de criatividade, logo após ter sido contratado por uma mulher misteriosa para escrever um projeto.
Mas tudo muda certo dia, quando ele nota que escreveu, mesmo sem se lembrar, uma série de palavras numa língua diferente, semelhante a símbolos.
“Eram formulas matemáticas, símbolos antigos e aquela língua que se mostrou enigmática no começo de tudo, mas que agora era tão transparente como água.”
Logo ele se vê perseguido por pessoas que nunca viu, lhe impulsionando a pedir ajuda ao seu amigo mais antigo, Rafael, um cara carismático que de acordo com Marco entende dessas “coisas malucas”. Este por sua vez acaba lhe contando verdades imagináveis juntamente com Janine, sua mentora.
“Talvez fosse melhor não acordar desta vez. O mundo que conhecia não era bom e, agora que conhecia parte dela, estava ficando cada vez pior. Queria descansar de verdade, queria poder viver, e não sobreviver.”
Rafael é um Liberto e Marco acaba de se tornar um após ter sido acessado psiquicamente por sua contratante misteriosa. Confuso, eu sei, mas garanto que o autor explica tudo bem melhor no livro.
“[...] no começo, parece que tudo aquilo que você conhece não está do jeito que deveria ser, mas, no fundo, você sente algo pulsar, e isso te diz que não é assim, que você pode alcançar um entendimento, não que a resposta virá, mas busca por ela será o seu norte.” –Rafael.
Ao longo da obra conhecemos vários outros personagens, como Victoriya, uma capitã que trabalha para Caster Von Rosen, um homem calculista responsável pela equipe Zero da Rede, que tem por missão interceptar jovens libertos que estão manifestando seus feitos de forma imprudente. A Rede é uma organização comandada pelos Arquitetos, que querem controlar as mentes humanas, deixando-as desacreditar no sobrenatural; ela caça e às vezes destrói seres fantásticos. Os integrantes dessa coordenação são muitas vezes composta por Libertos, que foram convertidos e chamados desde então Esclarecidos, preferindo tratar a magia como ciência.
A data 12-12-12 chegou e muito acreditaram que a raça humana se extinguiria da Terra, mas o que não sabíamos era que naquele dia o mundo mudaria, mas não fisicamente. Uma antiga força foi libertada de novo, conhecida como Sombra. Os libertos têm como papel ajudar quem precisa de ajuda e lutar para sobreviver (pois são constantemente perseguidores por seres de outros planos) enquanto lutam para devolver o espirito da magia à humanidade, e claro, deter o avanço da Sombra para o plano étero, onde os humanos vivem.
“[...] Mas quando uma responsabilidade aparece, não podemos simplesmente virar as costas. A roda do mundo continua a girar, independente de quem segure em suas laterais.”
Marco busca ajuda e encontra outros três libertos que tiveram suas obras interceptadas. Michael é um magico, Ivan, um escultor e Elisa, uma pintora, e todos entregaram suas obras para contratantes misteriosos, menos Marco. Os emissários precisam de quatro obras de quatro libertos para realizar um determinado ritual para invocar algo ou alguém, possivelmente Lords (seres nascidos na Sombra que comandam pequenos reinos abissais).
“—Das quatro artes, um ser superior agirá. Da escultura formará seu corpo. Da pintura se formará sua imagem. Da escrita formará sua história. E da mágica se formará tua essência.”
Enfim leitores, esse é um livro com um início confuso e apressado, mas que melhora ao longo das páginas. Os personagens são diversificados e construídos, entre tantos gostei mais da Elisa, que representou bem o papel de uma mulher forte e determinada, e a escrita do Igor Feijó é fácil e fluída, capaz de nos envolver principalmente nas “cenas” de luta e perdas.
“Marco agradeceu e viu o quanto Elisa podia ser forte. Sua maneira de agir, de falar e até de se impor, tudo nela parecia gerar poder de uma forma elegante.”
O final me surpreendeu bastante, pois juro que não esperava “aquilo”. A narrativa é feita na terceira pessoa, nos dando uma visão privilegiada dos pensamentos de vários personagens, incluindo os vilões. A capa e a gráfica do livro são incríveis! As ilustrações internas são fantásticas, amei os símbolos que antecedem os capítulos, desenhados pelo próprio autor! Aguardo pelos próximos livros dessa série de fantasia fantástica.
Artífices da Vontade é um livro que recomendo principalmente para os jovens leitores, e para os que apreciam uma dose generosa de aventuras sobrenaturais, fantasia e ação.
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