spoiler visualizarLemos 07/12/2023
Não agrada a todos, mas é um favorito para mim
Assisti o filme Perdido em Marte dezenas de vezes, então posso afirmar que é um dos meus filmes preferidos e, o livro, não fica atrás. É ainda melhor.
Enquanto eu lia, não percebi que poderia, para algumas pessoas, ser uma leitura maçante, porque toda a parte científica me interessou muito. Fiquei intrigada, me perguntando qual o processo criativo do autor para escrever determinados acontecimentos. Ele pensava nos problemas e depois procurava desesperadamente por soluções lógicas, ou ele pensava nas soluções e procurava problemas em que essas soluções pudessem se encaixar? Para mim, soa como um enorme desafio pensar em todas as formas como um planeta pode tentar você. E é um desafio ainda maior pensar em como contornar todas essas situações.
Enquanto estudante de engenharia (em um núcleo comum a várias engenharias e com pretensões de seguir pela engenharia mecânica, como Mark), gostei muito do livro e pretendo lê-lo de novo quando tiver mais conhecimento científico, porque quero descobrir como posso destrinchar as ideias do autor, saber se funcionam ou não. Essa é uma das razões de eu gostar do livro: a constante luta para a sobrevivência, quando o inimigo é um planeta e tudo que a pessoa tem é o próprio conhecimento para se apoiar.
Dito isso, eu entendo que algumas pessoas não gostem do livro porque esperam um aprofundamento na psique do personagem. Se o que você espera é isso, não leia, você vai se decepcionar. O Mark não está narrando as coisas conformem acontecem, ele escreve um diário, deixa algumas de suas experiências registradas e o principal objetivo dele dificilmente é usar o diário para desabafar. É um diário de bordo, para registrar a sequência de ações dele, algo que ele sabe que pode, e provavelmente vai, acabar nas mãos da NASA um dia e que é muito importante para a ciência, quer ele sobreviva ou não.
Além disso, não acho ilógico a maneira que ele age. É muito comum que as pessoas usem humor para lidar com situações estressantes e ele faz isso com frequência. Fica nítido nos e-mails que ele envia para alguns personagens, depois da metade do livro. Ele faz piadas pesadas e uma personagem pede que ele não diga isso para outra pessoa e ele entende isso, porque a maneira dele de lidar com o que aconteceu é rindo, mas não é assim para todos. Em paralelo, ele faz pedidos pessoais e dolorosos para outros personagens, para garantir que algumas palavras de conforto cheguem a família dele, caso ele morra.
Às vezes, ele fica mal, mas se acalma antes de registrar no diário de bordo o que aconteceu. E ele, como um sobrevivente, nunca dedica tempo demais para ficar desesperado, porque há sempre algo urgente para fazer. Posso entender isso, porque ajo de forma semelhante, focando sempre em uma sequência de problemas que preciso resolver antes que seja tarde demais.
Então, não. O livro não foca nas emoções, foca nas ações dele (é um diário de bordo, pessoal, não é o diário de uma adolescente), no entanto, eu não acho que o Mark é mal construído. Ele apenas não irá agradar todas as pessoas.