Mah 24/10/2015
A Tartaruga Se Move!!!
Hey leitores! Que tal um livro que mescla filosofia, religião e muita ironia?
Este livro foi uma cortesia da editora Bertrand, e confesso que nunca tinha ouvido falar do escritor Terry Pratchett (vergonha), já que ele é um escritor brilhante, ganhador de vários prêmios e tem quinze livros publicados no Brasil, sendo Discworld uma das séries mais vendidas e que já fora traduzida para 37 idiomas!
Pequenos Deuses é um livro... complexo, mas vamos lá!
Brutha é um sujeito simples e sem grandes ambições, de uma fé implacável e com uma memória de dar inveja, capaz de guardar cada minucioso detalhe do que ver e ouve. Ele é o noviço no Templo do Grande Deus Om, que outrora se manifestara em forma de touro para os antigos Profetas, mas dessa vez... ao tentar se manifestar no Discworld, bom, não foi bem o que ele esperava.
“-Veja desta forma – disse. –Será que o Grande Deus –fez os chifres sagrados – Om já se manifestou como uma humilde criatura deste tipo? Um touro, sim, claro, uma águia, com certeza, e acho que, em uma ocasião, um cisne... mas uma tartaruga?”
Om então se depara com uma realidade abusiva ao entender que somente Brutha podia ouvi-lo, ou seja, será que Brutha, o noviço do templo, esse sujeito inocente e ingênuo, é o seu único crente?
“O problema em ser um deus é que não se tem ninguém para quem orar.” – Om
Brutha é o Escolhido. E a tartaruga é Grande Deus Om. E juntos, eles embarcam numa perigosa aventura, ainda mais porque Brutha quer desmascarar a poderosa Igreja corrupta, e evitar uma terrível Guerra Santa.
Vorbis é o Exquisitor (sim, é assim que está escrito no livro) que desperta pavor em todos; um homem cruel e que ouve somente a si mesmo. Ele fará de tudo pra destruir todos que acreditam na Tartaruga que se Move, ou seja, que o mundo viaja através do vazio sobre o casco de uma enorme tartaruga, e ele usará Brutha e sua incrível memória como uma excelente arma na guerra.
“- Eu sou o Diácono Vorbis da Quisição da Cidadela – disse Vorbis friamente.
O Tirano olhou para cima e lhe deu outro sorriso lagarto.
-Sim, eu sei – disse. – Você tortura pessoas como profissão. Por favor, sente-se, Diácono Vorbis. [...]”
Confesso achei entediante o começo da história, mas à medida que o enredo desenrolava fui ficando mais envolvida até que caí em curiosidade, por não conseguir imaginar nenhum final para aquela trama.
Adorei a capa que a editora fez para o livro, achei bonita por ter desenhos tão grosseiros e “feios”, mas gostei ainda mais quando percebi que retrata uma das cenas dos livros, e é incrível para um leitor identificar seus personagens só observando suas características.
O livro é incrível, sobretudo depois que você finalmente entende aonde o escritor quer chegar (eu demorei), sendo narrado na terceira pessoa alternado entre vários personagens, nós dando uma visão privilegiada da história que se passa na maior parte do tempo em Omnia.
“-Não existe tal coisa – disse ela. –Na vida, se não prestar atenção, você afunda.”
-Rainha do Mar.
A história é carregada de personagens marcantes e sarcásticos, como o filósofo Didátilos, e seu aprendiz, Urn, o cético e ateu sargento Simony, e um dos meus favoritos que é a Morte.
“Morte hesitou. TALVEZ JÁ TENHA OUVIDO A FRASE, disse, INFERNO SÃO OS OUTROS?
-Sim. Sim, é claro.
Morte assentiu. EM TEMPO, disse, VOCÊ APRENDERÁ QUE ELA ESTÁ ERRADA”.
Enfim, indico para aqueles que adoram ironias e sarcasmo, pois Pratchett aborda o tema “deuses” com muito humor.
“Om esfregou a testa. Passei tempo demais lá embaixo, pensou. Não consigo parar de raciocinar de forma superficial.
—Eu acho –disse – que, se você quiser milhares de pessoas, tem que lutar por uma. –Cutucou o Deus Solar no ombro. –Ei, solzinho?
Quando o Deus olhou para trás, Om quebrou a cornucópia em sua cabeça.”
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