As Portas da Percepção/Céu e Inferno

As Portas da Percepção/Céu e Inferno Aldous Huxley
Aldous Huxley




Resenhas - As Portas da Percepção / Céu e Inferno


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Lista de Livros 29/10/2015

Lista de Livros: As portas da percepção / Céu e Inferno, de Aldous Huxley
“““O leito”, como o define pitorescamente o ditado italiano, “é a ópera do pobre.” De modo análogo, o sexo é o paisagismo do hindu; o vinho, o impressionismo persa. E isso, evidentemente, porque as experiências da união sexual e da embriaguez gozam daquela diversidade essencial característica de todas as visões, inclusive na de paisagens.
Se, em certa época, o homem encontrou satisfação em determinada atividade, é de presumir-se que, até então, deveria ter havido qualquer outra coisa que a substituísse. Na Idade Média, por exemplo, os homens tinham uma preocupação obsessiva, quase maníaca, por palavras e símbolos. Qualquer coisa, na Natureza, era imediatamente considerada a ilustração concreta desta ou daquela noção formulada em um dos livros ou legendas considerados sagrados pela opinião corrente.
No entanto, em outros períodos da História, o homem encontrou uma profunda satisfação em reconhecer a diversidade autônoma da Natureza, incluindo muitos aspectos da qualidade humana. A manifestação dessa diversidade foi expressa em termos de arte, religião ou ciência. Quais seriam os equivalentes medievais de Constable e da ecologia, da observação dos pássaros e das Eleusínias*, da microscopia e dos ritos de Dionísio, e do haiku japonês? Creio que poderão ser encontrados, em um extremo da escala, nas Saturnais e, do outro lado, no misticismo. Carnavais, Festas da Primavera, bailes de máscaras são coisas que permitem uma constatação direta da diversidade animal, subjacente à personalidade individual e social. A contemplação inspirada revela o extremo oposto dessa diversidade da sublime Despersonalização. E algures, entre esses dois extremos, situam-se as experiências dos visionários e das artes propiciadoras de visões, por meio das quais se busca retomar e refundir essas experiências — a arte do joalheiro, do fabricante de vidro pintado, do tapeceiro, do pintor, do poeta e do músico.
A despeito de uma História Natural que não passava de um conjunto de símbolos monotonamente moralistas, sob o jugo de uma teologia que, em vez de encarar as palavras como a representação das coisas, tratava essas coisas e os fatos como demonstrações das palavras bíblicas e aristotélicas, apesar disso tudo nossos antepassados permaneceram relativamente sãos. E isso lhes foi possível graças à fuga periódica à asfixiante prisão de sua presunçosa filosofia racionalista, de sua ciência antropomórfica, autoritária e não-experimental, de sua religião demasiadamente rígida, para mundos não-verbalistas, inumanos, habitados por seus instintos, pela fauna visionária dos antípodas de suas mentes e — mais além, embora ainda incluído nessa totalidade — graças ao Espírito Interior.”

* Os festivais de Elêusis ou Eleusínias, em que se celebravam os mistérios de Demétrio e Perséfone, na cidade grega de Elêusis, próxima a Atenas.
*
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Mari 09/01/2010

As Portas da Percepção / Céu e Inferno Aldous Huxley
As Portas da Percepção

Escrito em 1954, o ensaio trata dos efeitos da ingestão de drogas alucinógenas, mais especificamente a mescalina, um alcalóide encontrado em um cacto mexicano chamado peiote. Trata-se da descrição de uma experiência assistida por médicos realizada por Huxley com intuito científico, e das inferências feitas a partir da análise de dados recolhidos.

O título da obra provém de uma célebre citação do poeta William Blake: "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.

Através desse conceito, Huxley acredita que o cérebro humano filtra a realidade, de forma que apenas parte das imagens e percepções possíveis cheguem de fato até a consciência, pois o processamento da realidade em sua plenitude seria insuportável devido ao volume elevado de informação.

Segundo o autor, as formas de atenuar a existência desse filtro e vivenciar o mundo em sua plenitude seriam a ingestão de determinadas drogas, a prática de jejuns prolongados, a auto-flagelação e períodos prolongados de silêncio e isolamento, devido aos efeitos fisiológicos e psíquicos que essas práticas propiciam à percepção humana. É realizada ainda uma comparação possível entre os efeitos das drogas e os sintomas esquizofrênicos, pelo desequilíbrio químico semelhante.

Huxley descreve sua experiência como visão da onisciência, com desapego de idéias e conceitos e percepção da existência em si, deixando de ter a visão cotidiana dos objetos segundo sua funcionalidade. Essa nova percepção torna-se fascinante pela intensidade com que tudo parece pulsar existência (paralelo e influência do Existencialismo, corrente filosófica e literária que destaca a liberdade, a responsabilidade e a subjetividade do ser humana, considerando cada ser como único, mestre de seu destino, e afirmando o primado da existência sobre a essência, segundo a definição de Sartre: A existência precede e governa a essência).

A percepção se alarga e o espaço e as dimensões tornam-se irrelevantes, gerando uma sensação de pequenez, já que assim o ser humano percebe sua incapacidade de assimilar tantas impressões. O autor também descreve sua mudança de interesses, pois o mundo toma novas formas e significados perante a experiência. Huxley disserta ainda sobre a necessidade de fuga, a possibilidade da droga perfeita e a ligação entre drogas, transcendência e religiosidade.

Ensaio muito interessante e profundo, essencial para o entendimento das limitações cotidianas em nossa relação perceptiva com o Universo.


Céu e Inferno

Ensaio posterior ao As Portas da Percepção, também trata da ingestão de mescalina, sob o ponto de vista de ser um dos meios de conhecer antípodas da mente (áreas desconhecidas, inconsciente), sendo outro meio citado o hipnotismo. Visa acrescentar alguns pontos esquecidos no ensaio anterior, essencialmente a questão da possibilidade de uma experiência negativa com alucinógenos, talvez por motivos fisiológicos, mas, principalmente, por motivos psicológicos.


Huxley afirma que a mescalina altera a percepção, tornando conscientes coisas que o cérebro ignora em seu estado normal por serem inúteis a sobrevivência. Interfere, possivelmente, no sistema enzimático, diminuindo a eficiência do cérebro como válvula reguladora de informações percebidas.


O autor cita a obra Diário de uma Esquizofrênica em suas descrições do inferno na experiência visionária: pode haver existencialismo aterrador, claridade elétrica e implacável, percepção muito apurada, sensação de estar mais presa ao corpo e à condição. O exemplo é utilizado para traçar um possível paralelo entre os efeitos de droga e os sintomas da esquizofrenia, de forma que o desequilíbrio químico que há em ambos os casos fosse semelhante, especulação já feita em As Portas da Percepção.


Huxley descreve mudanças drásticas na percepção, com luzes e cores intensificadas, ampliação dos valores (passando ao significado puro), visualização geométrica (enxerga-se desenhos dentro de desenhos). O autor afirma que nos antípodas da mente estamos quase livres de linguagem e conceitos. Há ainda uma descrição de componentes comuns nas experiências visionárias, como pedras preciosas, vidro, paisagens; e a interpretação em termos teológicos e tradução artística da experiência.


Ótimo ensaio, não servindo apenas de complemento ao anterior, mas sim como nova visão sobre a percepção humana e os possíveis desdobramentos desta.
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Diego55 28/11/2021

"Abrindo as portas da percepção...
... o tal de Aldous Huxley de cara ficou doidão."

O livro é dividido em duas partes:

As Portas da Percepção, onde Huxley relata sua experiência enquanto esteve sob influência da mescalina (alucinógeno).

E Céu e Inferno, escrito alguns ano depois, onde ele fala dos efeitos transcendentais que a droga causa e os compara com o modo como grandes artistas enxergavam o mundo.

A leitura é muito boa na primeira parte, na segunda requer um pouco de paciência e é preciso ter o celular ao lado para fazer algumas pesquisas na internet, principalmente quando Huxley cita alguns artistas e suas obras ao comparar as mesmas com as visões que algumas pessoas tem sob influência da mescalina.

Huxley também faz algumas ligações entre os efeitos da droga com a hipnose e a esquizofrenia.
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Diego Rodrigues 28/03/2021

"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." - William Blake
Em 1953, Aldous Huxley, escritor já renomado com obras como "Contraponto" (1928) e "Admirável Mundo Novo" (1932) em seu currículo, se submeteu a uma experiência com mescalina, um alucinógeno natural extraído do cacto peiote. O objetivo? Abrir as portas de sua mente. Huxley defendia a tese de que o nosso cérebro, com o intuito de nos preservar e garantir a nossa sobrevivência, age como uma espécie de válvula limitadora, um filtro, e que, por conta disso, nós não percebemos o mundo ao redor como ele realmente é. Assistido pelo psiquiatra Humphry Osmond, Huxley fez seus experimentos e os resultados podem ser conferidos em duas obras: "As Portas da Percepção" (1954), livro que se tornou um dos símbolos do movimento hippie; e "Céu e Inferno" (1956), um ensaio complementar. Ambos reunidos em um único volume lançado pela editora Biblioteca Azul, em 2015.
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"I. Alucinógenos e experiência religiosa. II. Efeitos psicotrópicos. III. Xamanismo." Essa é a classificação da ficha catalográfica do livro. Doido, né? Mas se você está pensando que o que temos aqui é uma espécie de diário de um drogado, se enganou. Huxley fez bem mais do que apenas descrever os efeitos causados pela mescalina. O que temos aqui é uma análise séria e aprofundada da mente humana. Temas como a arte e a religião também são debatidos. E, é claro, sendo Huxley, críticas sociais não faltam. Além do nosso próprio cérebro, Huxley acreditava que alguns elementos externos também podem agir como agentes limitadores, sendo o principal deles a própria sociedade. Vítimas de um sistema, nós acabamos por enxergar sob a lente dos conceitos impostos pela mesma. É preciso remover esse véu para ver a verdade.
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Essa foi uma leitura bem diferente, nunca tinha lido nada do tipo e gostei bastante da experiência. Apesar do tema central do livro ser o experimento do autor com a mescalina, ele vai bem além disso e gera um rio de reflexões sobre os mais variados assuntos. Aquilo que mais gosto na escrita de Huxley, que é o seu poder de nos fazer questionar o mundo ao redor e duvidar do que está bem debaixo do nosso nariz, se faz muito presente aqui. Nada pior do que a estagnação de uma cultura ou de uma sociedade, esse é o primeiro passo em direção a qualquer abismo mais obscuro que possa surgir adiante. Precisamos manter os olhos abertos, ou melhor, as portas, e para isso nada melhor do que ter um guru como Aldous Huxley, esse incansável despertador de mentes humanas.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Andre.Thieme 12/07/2022

Ampliando a percepção
Não tinha noção da publicação de ensaios pelo autor de Admirável mundo novo. Nessa coletânea de ensaios o autor nos brinda com uma descrição da própria experiência utilizando drogas estimulantes e como isso altera a sua capacidade perceptiva, ou seja como ele interpreta as informações sensoriais a partir do uso da droga psicoativa. É muito interessante ter essa experiência através da descrição tão primorosa do autor. Os apêndices são também muito legais e aumentam as discussões e possíveis reflexões sobre a experiência humana que foi classificada como divina no passado. O autor traz muitas interpretações bem relevantes inclusive para pensarmos nos estudos da psicologia. No fim, essa edição ainda inclui um texto do Sidarta Ribeiro, trazendo muitas reflexões atuais.
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Desterrorama 01/07/2023

Trips
Ao ler este livro percebi que aldous huxley é mais interessante quando careta. o relato de sua trip sob efeito da mescalina é um tanto enfadonho: viajava na maionese com a ondulação de sua calça. isso me fez lembrar duma história do livro "1968: o ano que não terminou" de zuenir ventura. era um trecho sobre o cineasta glauber rocha e um técnico de cinema viajando de carro rumo ao nordeste. glauber dizia que os brancos estadunidenses espalharam drogas pesadas pelos subúrbios habitados pelos afro-americanos com a finalidade de desarticular o movimento dos "panteras negras". acreditava que as drogas transformavam os usuários em alienados. glauber era careta. enquanto ele lia "os sertões", seu companheiro de viagem, que era chegado num verdinho, ficou imaginando o que se passaria na mente do criador das pérolas "terra em transe" e "deus e o diabo na terra do sol" se fumasse um. criaria um épico cinematográfico, decupado magistralmente como um "ivan, o terrível" dum eisenstein, repleto de planos gerais, relâmpagos e trovoadas digno dum "sertões" de euclides da cunha? o técnico acendeu um fino e ficou surpreso quando glauber pediu uma tragada. o carro faz uma parada no meio do nada para glauber aliviar a bexiga. o cineasta some por um bom tempo. quando volta ao carro, o técnico lhe diz, que demora! onde você estava? então, com um ar de satisfação, glauber responde: batendo uma. enfim... em alguns artistas o efeito duma "planta de poder" é puramente fisiológico. a finalidade de huxley ao escrever esse ensaio era a mesma dos ensinamentos de don juan: expandir a consciência. o que realmente importa na "erva do diabo" é justamente o que don juan diz e não a trip de castaneda, que teve que utilizar "plantas de poder" como huxley para romper a "razão", arrombar "as portas da percepção" (metáfora de william blake) e mergulhar na dança do inconsciente. no entanto, as abordagens de ambos autores são diferentes. huxley é mais científico enquanto castaneda, apesar de tentar sistematizar sua experiência, é místico. o fato é que tanto huxley quanto castaneda influenciaram a contracultura dos anos 60. huxley aparece na capa de "sgt. pepper's" dos beatles e a banda the doors tem esse nome devido ao livro. entretanto a obra de outros artistas também serviu como contraponto à geração "paz e amor", como os quadrinhos undergrounds de robert crumb que ridiculariza e expõe as consequências do estilo de vida dos hippies. sua história sobre "as almôndegas" é genial. só poderia ser extraída da mente de quem viveu nesse período. william burroughs já era punk antes mesmo dos proto-punks americanos e dos britânicos de 1977. em "junky", que nasceu como cartas remetidas ao poeta allen ginsberg, burroughs mostra um panorama geral da vida dos viciados nos anos 50. burroughs não glamouriza esse submundo. seu "passe" custou muito caro: um tiro na cabeça de sua esposa. nos anos 70, hunter thompson fez uma viagem alucinada rumo à las vegas em busca do Sonho Americano, após perder um bem precioso: sua esposa (eles se separaram devido à instabilidade profissional e emocional do autor). hunter thompson criou o estilo gonzo, um novo tipo de jornalismo misturando a objetividade com a ficção, a caricatura humorada com o surrealismo. se matou em 2005. já philip k. dick, também contemporâneo de burroughs e thompson, consumiu todo tipo de droga para potencializar o processo criativo, porém sofreu profundamente o efeito colateral ao ponto de passar o resto de sua vida se questionando se o feixe de luz rosa que viu no início dos anos 70 se tratava duma entidade divina, que fora Buda e Jesus, ou loucura (vide pelo menos "VALIS" e "a scanner darkly"). de todos esses autores, PKD foi com certeza o mais doidão, pois de FATO viveu dentro de sua ficção. dizia que "a Realidade é aquilo que quando você para de acreditar, não desaparece". a trip de Huxley soa bastante ingênua comparada aos romances filosóficos de PKD. todas essas substâncias alteradoras da percepção transcenderam a mente e a obra desses autores durante o século XX, contudo, fausto fawcett em "favelost" nos alerta que o que abre a cabeça mesmo é machadada. em suma, lá vai uma dica de como escrever algo relevante com a percepção alterada:

1) fique três dias sem dormir e sem comer e depois tome três xícaras de expresso gourmet de shopping.

2) bata a cabeça três vezes numa parede e suba um morro. leve papel, lápis e borracha.

3) aguarde Deus no topo do morro por três horas. em breve Ele recitará os 10 Mandamentos pra você.
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Fabiano 21/09/2012

A leitura não é muito simples. Tem uma pegada inglesa, sisuda... cheia de palavras difíceis e referências que desconheço, de artistas e coisas assim "européias" e elegantes...

Já tinha lido outro livro dele o "Admirável Mundo Novo". Esse "As Portas da Percepção / Céu e Inferno" eu tinha começado a ler há alguns anos atrás mas desisti... aí agora que tenho andando bastante de trem voltei a ler e dessa vez consegui terminar :)

O livro na verdade são dois ensaios, um que é o "As Portas da Percepção" e o outro que é "Céu e Inferno". Ambos da década de 50 e falando sobre as experiências de Huxley com a mescalina, principio ativo de um cacto muito utilizado por certos povos para cura e transcendência espiritual.

Se ler o livro com calma, "palavra por palavra", dá para captar bem os aspectos mais interessantes sobre as experiências de Huxley e suas teorias a respeito da natureza da consciência e da percepção.

Pelo que entendi, o cara pensa no cérebro como possuindo uma "válvula redutora de percepções" que nos permite ter maior chance de sobrevivência biológica e nos protege da onisciência, porque um indivíduo que pudesse perceber (muito) mais do que precisa, ficaria pirado. Segundo ele, do ponto de vista de sobrevivência convém limitar nossa percepção ao que interessa.

No entanto, segundo a visão do inglês, quando essa válvula redutora de percepções perde sua eficiência, a noção do "eu" é diminuída e o sujeito é capaz de visualizar um pouco da eternidade, transcendendo os aspectos mais comuns de sobrevivência e vivenciando experiências espirituais muito profundas (não necessariamente boas ou ruins, mas muito profundas). E ele relata tais experiências com detalhes muito ricos e bem descritos. E também expões suas reflexões muito interessantes a respeito do assunto.

O que achei interessante dessa ideia é que esse contato mágico não acontece através de um aumento de alguma atividade cerebral, mas sim de uma diminuição. Não é que o sujeito procura perceber mais, ele só deixa de perceber menos :P

O título do livro é inspirado num poeta inglês que dizia que "quando as portas da percepção estiverem abertas o homem poderá ver as coisas como elas são: infinitas"

Se tiver interesse pelo assunto e saco para palavras difíceis vale a pena ler.


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Atrolhado 18/08/2020

Afogado no melhor dos mundos.
Acabo de terminar esse livro espetacular chamado As Portas da Percepção/Céu e Inferno do autor Aldous Huxley
?
Eu adoro como os livros mais importantes da nossa vida surgem como uma surpresa agradável por uma indicação jogada ao acaso no nosso alcance. E sempre chegam na hora certa, eu diria que por seu caráter mágico.

Nesse livro aí, que na verdade são dois em um, o autor tenta explicar pra gente como o uso de substâncias alucinógenas podem despertar novas percepções e reacomodar nossos valores de vida e existência.

"Ah lucas, então é livro de drogado".

Longe disso, MUITO LONGE MESMO.

O autor aborda uma série enorme de questões filosóficas e artísticas, a última coisa que você vai encontrar nesse livro é um estímulo para o uso de drogas. Agora, um estímulo para redescobrir os valores que empregamos em absolutamente todas as coisas da nossa vida, isso ele dá de sobra.

Os apêndices no final do livro trazem análises artísticas incríveis, coisas que eu jamais iria imaginar, que me deram vontade de revisitar toda história da arte que eu conheço e desconheço.

São 160 páginas e é tão denso que me vi diversas vezes parando a leitura pra processar tantas redescobertas incríveis.

Indico muito pra quem tem a necessidade de se reinventar, indico ainda mais para artistas e amantes da arte, mas indico que tome cuidado com esse labirinto de minotauro e não perca sua linha de volta a saída porque a profundidade é enorme.

5/5
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Carlos Patricio 29/04/2012

Genial
Conseguiu colocar em palavras o que ninguém consegue.
Tudo verdade, tudo bem descrito. Concordo com ele em quase tudo.
Provavelmente nunca haverá um livro melhor sobre os efeitos dos alucinógenos. Adorei também a comparação com o "divino".
Genial.
André 22/05/2019minha estante
Se gostou e ainda não tenha lido... Leia Carlos Castañeda


Carlos Patricio 22/05/2019minha estante
Tá na estante já, e na lista, vlw irmão




Dea 01/03/2023

Muito além de um relato convencional
Esse livro me surpreendeu! Ele não é uma apologia ao uso de alucinógenos como muito ouvi falar. Ao contrário, é uma reflexão profunda sobre a percepção do aspecto NUMINOSO que habita tudo que nos cerca e a nós mesmos. A mente afiada e lúcida de Huxley nos proporciona descrições claras e precisas e nos leva a mergulhar em reflexões aguçadas, que fazem deste um dos livros mais prazeirosos e interessantes que já li. Mas, advirto que nao é uma leitura para mentes que podem fazer uma interpretação rasa do conteúdo.
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Rafael Cerdeira 17/02/2024

Neste volume Audus Huxley relata um bocado de suas brisas com a mescalina. O texto segue com a tentativa de Huxley de descrever a experiência pscicodelica e suas impressões e interpretações das cores preternaturais e os antípodas da mente.
Infelizmente, Huxley, um cara branco e europeu que ele era, fez algumas analogias um tanto quanto racistas com o lance dos antípodas e o velho mundo "civilizado". Ele também escreveu volumosas e enfadonhas citações descritivas de obras de arte ilustradas com suas cores preternaturais visionárias da Europa medieval. As referências que ele faz de poesias de outros autores chegam a ser piegas.
Os melhores momentos residem na descrição de sua brisa, que foi direcionada e acompanhada por profissionais no decorrer de lugares específicos como seu escritório e um jardim de flores, onde ele teve uma percepção fabulosa de uma cadeira de madeira.
É perceptível que o autor ficou intrigado com a experiência e escrever os dois volumes foi uma tentativa de racionalizar a brisa através do intelecto de seu cabeção britânico literário.
As portas da percepção é um clássico para a comunidade psicodélica, mas não chega a entregar uma aventura significativa da alma humana através das plantas de poder.
Vale muito citar a maneira em que Aldus Huxley deixou o mundo dos vivos. Ele sofria de câncer terminal e pediu que sua esposa lhe aplicasse uma boa quantidade de lsd, fazendo-o atravessar o limiar entre a vida e a morte na brisa.
O posfácio escrito pelo Sidarta Ribeiro sintetiza de maneira muito informativa e elegante a relação entre a humanidade e as substâncias psicoativas ao longo do tempo e faz comentários muito pertinentes sobre a degradação que o egoísmo humano provoca no mundo.

Obs: tomei lsd esse final de semana e percebi o quão desafiador pode ser descrever a experiência preternatural visionária. Ter a experiência é algo muito mais significativo do que ler sobre a brisa de outrem.
Rene.Guimaraes 17/02/2024minha estante
Literalmente uma Brisa ?




Thiago Barros 21/05/2020

A percepção da vida
Esse obra fantástica retrata não só as experiências do autor com o uso do peitote (alucinógeno extraído de um cacto), mas também a relação histórica do Homo Sapiens com as substâncias de alteração de percepção. Achei fantástico as observações que o autor faz quando se encontra em transe, pois retrata o que vinha a falar em um de seus livros ?Adonis e o alfabeto?: a relação da mente virgem, do observar o objeto com o mais puro dos sentimentos, como se fosse a primeira vez que estivesse vendo o tal. Essa perspectiva de compreensão ?Virgem? segundo ele é trazida à tona com o uso de substâncias assim como por meio da meditação, pois a mente estando vazia e pura, consequentemente estará livre de crenças e limitações, podendo assim, dar relevância até mesmo ao mais simples dos objetos que encontramos todos os dias que não damos a mínima importância.
O autor também trás análise de obras e pinturas, apontando a importância da simbologia e da cor nas experiência do homem.
O posfácio dessa edição ficou de uma natureza muito bela, apontando implicitamente o pensamento do autor ao criticar a hipocrisia social e os problemas do mundo.
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Cassiano.Monegate 15/04/2021

Um livro que fala sobre mentalidade humana e natureza
Huxley subiu de patamar nas minhas considerações...
Gostei muito deste livro. Ele é interessante de ler, o autor traz a experiência dele com a mescalina, detalha suas miragens que teve quando usou a substância, e depois reflete sobre elas.
Ele apresenta, juntamente com as experiências diferenciadas dele, várias reflexões acerca dos modos que vemos e usamos determinadas coisas para atingirmos as "experiências visionárias do Outro Mundo" (algo como "alcançar um outro nível de consciência") com elas, como as cores, as obras de arte, os rituais religiosos, etc.
É um livro que recomendo para quem tem curiosidade em aprender sobre a magia dos enteógenos e explorar outras perspectivas de entendimento sobre a vida e a relação do ser humano com o Planeta Terra.
Dá para aprender bastante sobre obras de arte com este livro também, ele cita muitos pintores e expõe observações sobre determinadas pinturas.
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Erica 01/11/2020

Noiado gourmet
Aldous Huxley tomou droga e ficou tão emocionado que escreveu dois ensaios sobre a experiência. Ele conta fascinado aquilo que todo nóia já sabe.

Acho importante pros nóias e não nóias lerem esse livro, já que pros nóias pode ajudar a ir com calma e entender como usar com segurança. Pros não nóias, se estiverem com a mente aberta, quebra vários tabus. As reflexões de Huxley sobre drogas e sociedade são preciosas e ele trata o assunto de maneira bastante didática.
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