Marcos Aurélio 13/08/2021Uma história entre tantas semelhantes, do povo brasileiroMarta é uma adolescente que mora em Catanduva, interior de São Paulo, com a família. O pai Pedro é trabalhador, e governa a família com mão forte, autoritárismo.
O Proálcool estava entre a segunda e a terceira fase do programa, que começou com a crise do petróleo, em 1973.
Os "gatos" eram agentes usados pelos usineiros para não pagar os direitos trabalhistas aos boias-frias. Os "gatos" exigiam produtividade alta, e obrigavam os trabalhadores a comprar ferramentas em locais determinados, além da roupa para trabalho. Muitos trabalhadores e trabalhadoras morreram em acidentes causados pelo transporte precário.
Luiz Puntel teve a coragem de tocar em assuntos polêmicos, a luta de classes, no fim da década de 80, que ainda respirava o ar de 21 anos de ditadura militar.
Marta, estudante dedicada, menina geniosa, forte, sonhadora e idealista. Não poupa esforços para ajudar a mãe, doente.
Pedro é administrador de um sítio, mas o fazendeiro requer a propriedade para plantio de cana e despeja a família, que se muda para Bebedouro, para trabalhar na colheita de laranja.
Pedro e Altair, único filho homem, trabalham na roça. Um dia Marta acorda atrasada para fazer a marmita do pai e do irmão, e atrasa a saída de ambos que precisam trocar de condução para chegar ao trabalho.
No caminho, um acidente mata vários trabalhadores, dentre eles Altair. Pedro culpa Marta pela morte do filho. Para fugir da lembrança, e com entressafra da Laranja, ele decide mudar com a família para Guariba, onde vai trabalhar como boia-fria nos canaviais.
Marta conhece Agenor, por quem se apaixona, e Tânia uma professora dedicada e compreensiva, de quem se torna amiga da menina.
A adolescente encontra uma forma de provar ao pai seu valor, estudando e trabalhando. A família se engaja na luta por melhores condições de trabalho e outro acidente os une definitivamente.
O plot twist acontece quando o mineiro “Mudinho” começa a trabalhar no canavial.
A história é excelente, bem escrita, carregada de sentimento. Dor, amor, paixão e o perdão.
Lembrei-me de quando ouvi pela primeira a expressão boia-fria. Foi uma reportagem apresentada no Canal 5, e a cena jamais me sairá da memória.
Uma mulher, com lenço amarrado na cabeça, camisa e calça comprida, e luvas. Nas mãos uma marmita de alumínio, com arroz, farinha e feijão, somente.