:: Sofia 08/02/2021A pior experiência que tive num longo tempoO início do livro, o diário de Jonathan Harker é medonho e interessante. Digno da expectativa que tinha sobre Drácula. Se passa no castelo, na perspectiva de um inglês que procura se libertar enquanto descobre o que é aquele ser forte, pálido, que não come, sem servos em um grande palácio e que o mantém cativo.
Deveria ser uma característica do livro Drácula ser uma aventura interessante, de terror e imaginativa. Porém, Bram Stoker não soube transformar a leitura em cativante. Os personagens são "mornos" e muito parecidos entre si. Todos concordam com as estratégias; todos têm a mesma visão de vida; usam, inclusive, os mesmos adjetivos e expressões! Eles têm todos o espírito nobre, louvável, etc, etc. Isso para mim é um grande erro, considerando que o livro é escrito na forma de diários e que eles, inicialmente, seriam confidenciais. Não é possível distinguir a quem pertence o diário em questão, se não fosse pelo subtítulo que os nomeia.
Essa pouca diferenciação das personagens ainda me irrita mais quando se trata de Mina Harker. É a única mulher de relevância no romance, mas, para que sua presença "caiba" nas discussões, ela age LITERALMENTE como os outros homens. Chega a um ponto que as personagens comentam "Mina tem o cérebro de um homem" (pois ela pensa como a gente!).
Outro ponto que me chateou foi a personagem Van Helsen. Não foram abordados os estudos sobre vampiros desse erudito, cujos conhecimentos conduzem praticamente toda a 2° metade do livro! Ele poderia ter sido tão bem trabalhado...
Chega a um ponto que o livro sequer é de terror mais... se torna algo como um romance policial fraco, de perseguição e procura por pistas, mas sem reviravoltas. Pelo menos, tem um bom pacing. Minha avaliação ainda tem 1,5 estrela pois houveram duas partes de gostei muito. A que Jonathan tem, sozinho, contato com o Conde Drácula e a que Mina tem contato direto com ele.
Bem, essa leitura foi um desafio que me propus assim que percebi que detestei o livro: queria ler um inglês mais antigo, rebuscado (o que valeu, pois adquiri vocabulário); é um clássico, queria ter propriedade para conversar sobre ele; e precisava concluir a leitura, porque essa edição me custou os olhos da cara! Demorei cerca de 2,5 anos para ler 300 páginas, me obriguei a ler. Não aconselho a leitura.