A Criação Restaurada

A Criação Restaurada Albert M. Wolters




Resenhas - A Criação Restaurada


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fabio.ribas.7 14/12/2022

A criação restaurada
?A lei criacional clama para ser expressa em formas novas e surpreendentes. Todo o vasto conjunto da civilização humana não é o espetáculo das aberrações arbitrárias de um capricho evolucionário nem o panorama inspirador das realizações criativas do próprio eu; antes, é a demonstração da maravilhosa sabedoria de Deus na criação e o significado profundo da nossa tarefa no mundo. Somos chamados a participar na obra de Deus na execução do projeto de sua obra-prima?.

O livro ?A criação restaurada?, de Albert M. Wolters, da Editora Cultura Cristã, tem como crédito ser curto, objetivo e direto. Logo na introdução, o autor já deixa evidente sua intenção. Algumas questões das quais senti falta em Nash e Sire ganham cor neste pequeno livro. Embora Wolters também não enfrente o problema do ?pré-teórico?, cabe lembrar que nem o fizeram Nash e Sire. Por outro lado, Wolters já chega mostrando a diferença entre ?cosmovisões bíblicas? e ?cosmovisão Reformada?. Tanto em Nash, como em Sire, na minha opinião, faltou tratar, aprofundar e relacionar a doutrina da total depravação do ser humano com esse estudo da cosmovisão. E, acredito eu, é nessa relação entre ambas que deveria ser enfrentado o tema sempre constante das inconsistências e das contradições, porque elas têm seu nascedouro no ambiente pré-teórico. Ao que parece, ainda que Wolters leve mais em consideração do que os dois outros autores já citados a questão da natureza humana totalmente depravada, ele também já descarta o pré-teórico. Enfim, pontas permanecerão em aberto até que um outro autor ouse avançar sobre elas. O mais impressionante é que, apesar disso tudo, Wolters assume que a parte mais interessante desse estudo é exatamente as inconsistências das cosmovisões (então, por que não escreve sobre isso, Woltinho?!).
Duas premissas são fundamentais: 1) Tudo o que Deus criou é bom; 2) a lei faz parte da Criação e ela é que permite a liberdade. Wow! Este é o ponto de partida mais sensacional já apresentado: é cosmovisão Reformada na veia! Pois, partindo dessas duas verdades bíblicas, tanto a sua leitura da própria bíblia precisa estar atrelada a isso, como, também, a sua visão do mundo! E essas premissas vão gerar uma leitura e interpretação muito específica em meio a tantas outras simples ?cosmovisões bíblicas?. E são essas premissas que nos servem também como trampolim para um salto sobre toda a Bíblia, para que possamos ver que ela é um livro de uma única história, a grande história de Deus. Já começamos vendo que a Queda afetou todo o cosmos. Percebamos, pois.
Dentro da estrutura da cosmovisão Reformada, o autor está trabalhando com o escopo criação-queda-redenção. Na seção da Queda, o ponto mais importante é fugir do erro do gnosticismo, que entende que o mundo é mau. No mínimo, na história humana, esse ensino errado do gnosticismo tem levado sempre à escolha de algo na criação para o responsabilizar pela maldição que nos assola. E isso ocorre na sexualidade, na política, nas artes, no esporte etc: estamos tentando repetir a terceirização da nossa responsabilidade, atribuindo o mal aos elementos que nos cercam. É aquela velha dicotomia entre o sagrado e o profano. E, indubitavelmente, isto não é o Evangelho. A Criação é boa, foi criada por Deus sendo boa, mas, por causa do pecado, ela agora está corrompida e manchada. Todavia, no plano de Deus, a Criação será redimida! Novos céus e nova terra se farão! As coisas não são más em si mesmas: o mundo não é mau, o corpo não é mau, o trabalho não é mau. A Criação atingida pelo pecado, que a Bíblia chama de ?mundo?, tem sua distorção, corrupção e escravidão na rebeldia do ser humano em não querer viver sob a lei criacional de Deus!
Finalmente, a Redenção se apresenta como a recuperação da bondade criacional por meio da anulação do poder do pecado e do conseguinte esforço rumo à remoção progressivade seus efeitos em todas as áreas e lugares. Retornamos por meio da cruz, porque apenas a expiação de Cristo lida com o pecado e com o mal eficazmente em sua raiz. A versão do Evangelho segundo Marcos acerca da Grande Comissão nos manda ?pregar o evangelho a toda criatura?, porque em toda parte há necessidade de libertação do pecado. Contudo, a grande ideia de cosmovisão aplicada pelo autor está na ideia ?do que era para ser, mas o que acabou sendo?. Em outras palavras, o autor chama isso de estrutura e direção. Assim, todas as coisas deveriam passar por essa tomada de consciência por parte do Reformado. Exemplo: a dança é em si algo ruim? A dança faz parte da estrutura artística criacional, mas acabou sendo deturpada naquilo que se tornou por causa do pecado.

?Quando olhamos através das lentes corretivas da Escritura, percebemos que, em todos os lugares, as coisas da nossa experiência começam a se revelar como criadas, sob a maldição do pecado, e ansiando pela redenção?.

Assim, diz o autor, que a nossa tarefa básica é discernir estrutura e direção.

?A estrutura denota a ?essência? de algo criado, o tipo de criatura que é pela virtude a lei criacional de Deus. A direção, pelo contrário, refere-se ao desvio pecaminoso dessa ordenança estrutural e conformidade renovada a ela em Cristo?.

Portanto, como cristãos, somos chamados para essa batalha direcional. Outra ideia importante do livro para mim é que o autor faz a associação direta entre a palavra ?reforma? e ?santidade?. Então, reformar é trazer as coisas aos pés da cruz, separar do uso ordinário para o uso extraordinário, que é a glorificação do Senhor. Nunca gostei da palavra ?redimido?, mas ?santificado? cai bem para a proposta da cosmovisão reformada. Nas palavras do próprio autor, como devemos ver essa santificação?

??o evangelho é uma influência de fermentação na vida humana onde quer que ela esteja, uma influência que devagar, mas constantemente, provoca mudança de dentro para fora. O evangelho afeta o governo de uma maneira especificamente política, as artes, de uma maneira peculiarmente estética, o conhecimento, de uma maneira singularmente teórica e as igrejas, de uma maneira distintamente eclesiástica. Ele faz com que seja possível a renovação de cada área criacional a partir de dentro, não de fora?.

Por fim, há um método nessa avaliação de todas as coisas e, quando digo ?todas as coisas?, refiro-me à família, à igreja, ao Estado, às artes etc. Uma das tantas ótimas ideias do livro é que ?como todas as criaturas de Deus, as instituições sociais foram criadas ?segundo a sua espécie?. Cada instituição tem natureza e estrutura criacional distintas?, explica-nos o autor.
Por fim, a pergunta fundamental da nossa cosmovisão é: ?Qual é a maneira mais efetiva de trazer reforma e santificação à determinada área da minha vida??.
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marcelinho 17/05/2023

Esse livro é um bom ponto de partida para enteder, de forma bem geral, a ideia de criação, queda e redenção na cosmovisão reformada.
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luanlessa13 15/04/2020

Um livro valioso
Em A Criação Restaurada, Wolters cumpre o que promete expondo claramente a base da cosmovisão reformada; seus exemplos são muito úteis para compreender melhor os assuntos (que para um cristão médio podem ser complicados) e as categorias que ele apresenta são tão proveitosas, que o fazem um ponto de partida para aqueles que querem começar a estudar filosofia reformada.

Tenho duas ressalvas (que não diminuem em nada a importância deste livro). A primeira é que, penso eu, ele força um pouco na exegese de alguns textos (Gn 1:11 na pg 80; Mc 16:15 na pg 82). A segunda é que achei estranho a maneira como ele entende os dons espirituais, ao compará-los à habilidades naturais (página 103). Não tenho domínio no assunto para afirmar que ele está errado, mas parece fugir um pouco da ortodoxia.
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Gualter 04/04/2023

Sobre as bases do pensamento reformado neocalvinista
O texto se propõe inicialmente a desenvolver o que seria uma visão de mundo cristã sob a ótica da tradição reformada. Percebe-se logo porém, que o recorte da ampla tradição reformada é a da teologia neocalvinista, especialmente a de Abraham kuyper. Para quem já é desta tradição e conhece bem seus fundamentos, o livro ajuda a relembrar e refinar conceitos básicos. De fato, dentro das premissas desta tradição o livro tem isights valiosos.
Penso porém que para um livro de introdução, sua linguagem não é muito acessível, o livro poderia ter sido redigido de maneira mais suscinta e objetiva. Além disso, um conceito chave do neocalvinismo, a soberania das esferas de kuyper, parece carecer de sólida fundamentação bíblica. Com isso quero dizer que o que neocalvinistas chamam de esfera de soberania com frequência sequer é dito ser uma criação de Deus, e portanto, carece de princípios para agirmos "biblicamente" nessas áreas. O próprio autor admite isso apesar de achar que ainda é possível falar dessas temas:

"O fato de que as Escrituras não falam expressamente de uma estrutura ordenada por Deus para instituições como escolas e empresas não significa que elas sejam arbitrárias e nada tenham a ver com os padrões dados por Deus." (P. 122)

A noção de estrutura e direção (essa sim, com fundamentação escrituristica) também não parece se aplicar bem a todos os casos e exemplos citados no texto, o que talvez nos mostre que essa é uma área em que a teologia reformada ainda precisa se refinar. Ditas estas coisas, me parece que o livro cumpre razoavelmente a tarefa de explicar o que é uma visão de mundo (ou cosmovisão) bem como apresentar o quadro narrativo da historia da redenção bíblica dentro da ótica reformada neocalvinista.
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Ricardo 22/04/2021

Estrutura e Direção
#umlivroporsemana
#skoob

Quanto mais reflito sobre os temas Criação-Queda-Redenção, mais percebo como a cosmovisão cristã tem tanto a contribuir em todas as áreas da vida.
O que mais gostei neste livro foi o tratamento do tema estrutura e direção. Resgata-nos do ufanismo e ilusões, bem como do desânimo e ceticismo quanto à situação em que este mundo se encontra.

Que o Senhor me dê a direção certa, livrando-me dos maus caminhos, para que as boas estruturas da tua criação evidenciem a tua glória, no nome de Cristo, o Senhor!
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Rodrigo.Dias 09/06/2022

Gostei!
Um excelente livro introdutório sobre cosmovisão reformada, e uma porta de entrada para o estudo da filosofia reformacional.

Wolters define cosmovisão como a estrutura que define as crenças básicas do ser humano sobre as coisas. Sua análise de uma cosmovisão cristã (criação, queda e redenção) é fundamental para se entender estrutura e direção.

?Quando olhamos através das lentes corretivas da Escritura, percebemos que, em todos os lugares, as coisas da nossa experiência começam a se revelar como criadas, sob a maldição do pecado, e ansiando pela redenção?.

?Todos os cristãos zelosos, em quaisquer áreas em que são chamados a exercer as suas responsabilidades, devem levar a sério a questão da cosmovisão bíblica e orientar tanto o seu pensamento quanto a sua ação de modo correspondente. Ignorar a questão é negar a relevância prática das Escrituras para a maior parte da nossa vida comum?.
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Adilson R 22/05/2021

Cosmovisão cristã
A cosmovisão cristã não é mais uma forma de se enxergar o mundo, assim como diz C. S. Lewis que ele acreditava no cristianismo assim como acreditava no sol, não porque visse o sol, mas porque através dele ele poderia enxergar tudo mais. Penso que esta obra no ajuda exatamente desta forma, pois, nos ajudar a entender que a cosmovisão cristão nos dá clareza sobre como as coisas realmente são e como devem ser.
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alvsalmeida 12/12/2023

Esclarecedor
Muitos podem dizer que não entende o significado de uma cosmovisão, mas a falta do entendimento não impede que ela tenha uma, viva em uma e tenha trocas com o meio por causa dela.

Quando se trata de uma cosmovisão cristã então, ela abrange literalmente aquele que vive segundo as Escrituras, levando nos posicionar entre duas estruturas obrigatórias que se deve aplicar ao redor, justamente para não correr o risco de se deixar levar pelo tradicionalismo e legalismo presente.

De fato, as lentes da estrutura-direção estão agora sob minha pose para, sempre que necessário, saber ter argumentos corretos que fujam da doente imposição e separação entre ?espiritual? e ?secular?.
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