A Importância do Ato de Ler

A Importância do Ato de Ler Paulo Freire




Resenhas - A Importância do Ato de Ler


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matlima 22/04/2019

Serve como introdução...
Cuida-se um pequeno livro contendo basicamente 3 textos, que resumem os "Cadernos de Cultura Popular" usados pela equipe de Paulo Freire no bem sucedido projeto de alfabetização de adúltos em São Tomé e Príncipe. A linguagem é simples e remete ao oralismo, não aprofundando as ideiais e teses defendidas por Freire noutras obras.
O livro é um pouco enfadonho, pois repetitivo e marcado por dados de pouca relevância para quem não é educador. Ainda assim, vale a leitura como forma de introdução ao pensamento desse notável brasileiro.
Nos textos, Freire defende que a educação é um ato fundamentalmente político e que a leitura da palavra é precedida pela leitura de mundo. Defende, ainda, que o trabalho e a disciplina são fundamentais para a construção de uma nove sociedade, livre da exploração.
Ele sustenta a necessidade de que educadores e educandos se posicionem criticamente ao vivenciarem a educação, superando a suposta neutralidade da educação. Além disso, diz que o universo particular do educando (seu contexto e saberes) deve ser respeitado pelo educador, evitando que este imponha sua visão de mundo àquele. Por fim, aduz que a alfabetização não deve ser nem ingênua, nem astuta. Deve ser crítica, assim considerada a questionadora e reflexiva, que busca entender e ressignificar o mundo.
Toda a tese é nitidamente marcada por uma influência marxista. De um lado, busca-se quase que uma superação dos papéis de educador e educando, já que ambos interagem de modo dinâmico e dialético (o ato de ensinar é indissociável do aprender). Do outro, defende-se a educação como alavanca para as mudanças sociais.
Frases e ideias interessantes tiradas do livro:
“quem considera petulância da classe trabalhadora reivindicar seus direitos, quem pensa, por outro lado, que a classe trabalhadora é demasiado inculta e incapaz, necessitando, por isso, de ser libertada de cima para baixo, não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia, Pelo contrário, quem assim atua e assim pensa, consciente ou inconscientemente, ajuda a preservação das estruturas autoritárias.”
“O trabalho que transforma nem sempre dignifica os homens e as mulheres. Só o trabalho livre nos dá valor”
“Todos os Povos têm cultura, porque trabalham, porque transformam e mundo e, ao transformá-lo, se transformam.”
“Uma educação pelo trabalho, que estimule a colaboração e não a competição. Uma educação que dê valor à ajuda mútua e não ao individualismo, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade, e não a passividade.”
Estando num lado da rua, ninguém estará em seguida no outro, a não ser após atravessá-la. Assim também ocorre com a compreensão menos exata da realidade. Temos de respeitar os níveis de compreensão que as pessoas têm de sua própria realidade. Impor a nossa compreensão em nome de sua libertação é aceitar soluções autoritárias como caminhos de liberdade.


site: https://twitter.com/matlima
João Moreno 28/08/2019minha estante
Cara, que texto bom! Parece que, enquanto lia, ouvia um professor discorrendo sobre. Uma dúvida: você escreve sobre a influência marxista. Pra você, isso é um problema? Abraços!




Tiago Ribeiro Santos 13/01/2009

Obra de leitura rápida, curta, mas indispensável para estudantes de Comunicação Social, ou qualquer pessoa que deseja entender a necessidade da leitura em nosso dia a dia.

O livro é fininho, parece brincadeira - o que Paulo Freire jamais faria, porém é seríssimo. Aprenda com ele a ler e a pensar sobre cada coisa que passa em frente aos nossos olhos, seja um livro, ou o garoto sem escola que nos oferece bala no sinaleiro, mas que as vezes parecemos não entender.

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Rangel 15/12/2009

Prática pedagógica de interpretar o mundo
O livro “a importância do ato de ler” do bacharel em direito e doutor em filosofia e história da educação, Paulo Freire, que recebeu o “Diploma de Mérito Internacional” pela International Reading Association, de Estocolmo, Suécia, em julho de 1990, é baseado em uma comunicação sobre as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adultos, em uma experiência desenvolvida no país de São Tomé e Príncipe, que dimensiona o compromisso político com a tarefa de recuperar o oprimido na sua dignidade humana. Inicialmente, a obra se refere à prática pedagógica da leitura, que deve envolver a sua própria compreensão como ato, a fim de decofidicar as palavras e interpretar o mundo, nas percepções de texto e contexto, para um olhar crítico da realidade, a fim de realizar práticas políticas de mobilização e organização do povo contra práticas elitistas, colonialistas e exploradoras.
O exemplo da alfabetização de adultos realizada pelas bibliotecas populares, como meios de educação ativa, devem ser utilizadas, no processo educativo de forma não neutra, a fim de proporcionarem interpretação da realidade que não deve ser ingênua e alienada. Os Cadernos de Cultura Popular de Paulo Freire, utilizados para o processo de alfabetização e pós-alfabetização, centralizam reflexões para a participação democrática dos educandos no ato do conhecimento, com o intuito de praticar leitura e escrita da cultura de memória e oralidade em debates, na análise dos fatos para compreender uma reconstrução nacional, tratando de assuntos de interesse do próprio povo. Assim, conforme os cadernos, estudar significa criar e recriar, não repetir a expressão da ideologia dominante, pois a atividade da realidade concreta deve ser a geradora do saber e de caráter social, convergir a unidade, a disciplina, o trabalho e a vigilância de um povo na luta de se construir uma nova sociedade. O jogo de palavras, no ato de ler, deve ser amplamente dinamizado, para reinventar o pensar e o expressar para transformar o mundo que se conhece, principalmente, o produtivo, de forma justa. O trabalho manual deve ser valorizado igualmente ao trabalho intelectual. Todos, numa nação, devem estudar ao trabalhar, transformar a matéria bruta em matéria-prima, que esta pode produzir instrumentos, os meios de trabalho, que, na realidade, são todos meios de produção para se trabalhar. E dessa forma, as forças dos trabalhadores devem ser combinadas com os meios de produção para a produção em si, a fim de que o processo produtivo do trabalho seja de colaboração entre todos e não para competição. Na produção, a cultura do povo deve ser valorizada por ser a forma de se produzir e a maneira de o povo compreender sua relação com o mundo, mas ao mesmo tempo, ser aberta para a interação com outras culturas. Na produção, a cultura do povo deve ser valorizada por ser a forma de se produzir e a maneira de o povo compreender sua relação com o mundo. Na questão de adquirir conhecimento pela leitura, o desafio é pensar certo, observar os verbos da língua não só como panorama de luta, mas também para problematizarem, estimularem, provocarem, transferirem textos e frases para uma participação consciente do povo, na reconstrução nacional, de ação e pensamento, a fim de aprofundar conhecimentos da prática para que o povo se faça sociedade revolucionária e que exija do governo preocupação sistemática com a educação para estimular a produção. Na educação, o estudo da língua e da linguagem não deve ser gramatical, formal e mecânico, mas dinâmico, participativo, que estimule a curiosidade e a criatividade. A prática da educação, da leitura e da escrita deve ser sempre avaliada, analisada e comparada para corrigi-la e melhorá-la, a fim de que as dificuldades sejam superadas. E a importância da leitura para a transformação do meio que vive o educando deve ser crítica, convincente, envolvente, didática, lógica, consistente, promotora de consciência da história, revolucionária de idéias e pensamentos nas questões filosóficas, culturais, sócio-econômicas e políticas, a fim de a educação ser uma práxis libertadora.
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Mau 26/04/2010

No livro A Importância do ato de Ler, Paulo Freire trata sobre a leitura como forma de conscientização social, destacando a importância da formação de novos leitores que sejam criadores e autônomos em suas interpretações e capazes de guiarem-se na direção de seu interesse, contrariando que a leitura seja uma simples decodificação de códigos e repetição de fonemas. A obra nasceu de uma conferência realizada na cidade de Campinas, em São Paulo, tendo enfoque na leitura. Seu estilo guarda ainda traços da oralidade desta situação. Paulo Freire estabelece com clareza e profundidade uma relação íntima entre leitura e vida. Além disso, relata sua experiência na alfabetização de adultos desenvolvida em São Tomé e Príncipe.
Primeiramente, é demonstrado o papel do educador e educando no processo de ensino-aprendizagem, enfatizando que a leitura não começa na escola, mas muito antes dela. Já no segundo capítulo é problematizada a questão da alfabetização de adultos e o uso da biblioteca popular, evidenciando a importância do aluno em seu próprio processo de alfabetização. E por fim, para mostrar as aplicações dessa prática alfabetizadora em São Tomé e Príncipe, em seu terceiro capítulo o livro destaca o material utilizado na escola, desde a sua adesão até sua construção e montagem, resultantes de um trabalho desenvolvido por Freire e sua equipe em busca de uma identidade social, política e, sobretudo, educacional.
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Camila 30/01/2012

Alfabetização de adultos
O autor aborda neste livro seu método de ensino pedagógico, focando a alfabetização de adultos e a educação desenvolvida em São Tomé e Princípe, uma educação que não se restringe a memorização ou decoração de regras de conjuntos silábicos, mas sim à técnicas as quais requerem criatividade, imaginação e PRÁTICA da leitura e da escrita em paralelo com discussões de informações do mundo e da vida. Apresenta a importância da leitura dentro de um contexto e a relevância que a biblioteca possui em apresentar-se não como um depósito de livros, mas sim como um centro de cultura para fins didáticos e de estímulos à criatividade. De acordo com o autor: “A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo”.
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Fran 27/08/2012

A importância do ato de ler é um livro que você pode ler facilmente em apenas um dia. Retrata bem a já conhecida ideologia do educador Paulo Freire, constante defensor de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Na verdade esse breve, mas significante livro é composto de três artigos em que Freire discorre primeiramente sobre a importância do ato de ler, de uma forma dialogada que nos faz perceber o quanto a leitura está presente na vida do autor desde sua mais tenra infância, como ele faz questão de explicitar.
Em seguida destaca a alfabetização de adultos e a necessidade do desenvolvimento de bibliotecas populares, onde ele defende a compreensão crítica da alfabetização, envolvendo a compreensão igualmente crítica da leitura, e, portanto, demanda a compreensão critica da biblioteca.
E, por fim, destaca sua experiência na alfabetização de adultos na Ilha de São Tomé e Príncipe no fim da década de 70, quando o país encontrava-se recém-saído do jugo colonial português (lembra um outro país¿).
O ponto significativo deste livro e, evidentemente em toda obra de Freire, é que ele deixa bem claro a sua convicção de que não NEUTRALIDADE DA EDUCAÇÃO. Não é possível, seja aqui no Brasil ou em São Tomé e Príncipe pensar uma educação que não esteja a serviço de algo ou alguém, naquele caso a serviço da libertação daquelas pessoas que estavam sendo alfabetizadas e convidadas a participar da história fazendo a história.
É dessa forma que ele enfatiza que se fazia necessário “estimular a capacidade crítica dos alfabetizandos enquanto sujeitos do conhecimento, desafiados pelo objeto a ser conhecido.”
Não há muito mais o que falar, pois Paulo Freire é conhecido mundialmente pela sua ideologia da libertação. Recomendo essa leitura, pois é breve, porém instigante.

“um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado.” Paulo Freire.
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Elaine Cris 25/02/2014

Impressões sobre minha leitura do livro A importância do ato de ler de Paulo Freire
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam – 51 ed. – São Paulo: Cortez, 2011. (Coleções questões da nossa época; V. 22)

A escolha desse livro para leitura e para o embasamento teórico do meu TCC faz jus ao quanto Paulo Freire é assertivo em sua teoria de que a aprendizagem é movida pelo despertar do interesse no indivíduo. Ninguém aprende nada por obrigação ou sem uma determinada atenção ou motivação para o objeto desconhecido.
A importância do ato de ler, o livro, aborda de uma maneira simples e objetiva como se dá o processo de letramento da leitura do mundo. Para Freire a leitura do mundo e a leitura da palavra escrita ou falada são totalmente interligadas, uma não pode existir sem a outra, e uma se faz necessária para complementar a outra. Ninguém fala ou escreve algo sobre o qual nunca viu ou viveu. A não ser que tenha uma imaginação muito além. Mas, mesmo assim a imaginação é permeada por fatos já vistos, a diferença é que o indivíduo adquire prática e com a prática, criatividade para brincar com seus pensamentos.
Freire gentilmente nos convida a fazer com ele uma viagem no tempo da nossa história e nos mostra como desde o nosso nascimento começamos a fazer a nossa leitura do mundo. E isso é o fato de percebermos o mundo, senti-lo, compreendê-lo, conhecê-lo, etc.
Note que em todas as situações em quanto crescemos somos cercados por interação nossa com o meio e com o outro e não somos passivos a essas situações, agimos sobre ela. Isso lembra muito Vygostsky e Piaget. Portanto, em todas nossas experiências, experimentamos, nos movemos até ela, sentimos, e por que fazemos isso?
A resposta para isso não requer nenhum preparo de mestrado ou doutorado, é simples. Freire afirma que o que nos move é o interesse, a curiosidade, a necessidade! Essa é a mola que nos impulsiona para a construção do saber humano e nossa cultura.
Uma criança não é um pote vazio que alguém vai inserindo informações. Quando ela chega à escola esta repleta de seus saberes, de suas experiências. Portanto há necessidade de conhecer sua história, de provocar, para que ela perceba as experiências novas que ela pode romper, e para isso há necessidade que ela receba estímulos que lhe provoque esse interesse. E isso tanto pelos pais quanto pelos educadores.
Assim então provocados, estimulados, nosso instinto humano nos guia a apreender o que nos rodeia. E é assim, experimentando, manipulando, observando, participando que o homem se torna consciente de si e do mundo que o cerca. Sendo capaz de transformar, solucionar problemas, criar novos problemas, produzir e agir criticamente e ativamente sobre o mundo para sua sobrevivência e prolongar a sua existência.
A escrita e a leitura da escrita é o aperfeiçoamento desta capacidade intelectual de reflexão do homem. Só o homem é capaz de planejar o futuro, de relembrar o passado e agir sobre o meio de forma consciente, ou seja, ele sabe o que acontece quando age sobre algum objeto. Por exemplo, Freire nos conta a uma história de dois homens que cortaram uma arvore para construir um barco. Quando eles cortaram a árvore sabiam exatamente o que fariam com ela depois. Podiam visualizar o futuro. E sabiam que precisavam do barco para poder pescar e suprir suas necessidades. Isso é solucionar uma necessidade, a de sobrevivência. O homem trabalha para sobreviver modificando e transformando o mundo ao seu redor.
Freira deixa claro que esse processo de percepção e leitura da ação não se dá noite para o dia. Tampouco se realiza sem que se faça algo para que ocorram mudanças. Não se aprende a andar sem ser andando. Não se aprende escrever sem ser escrevendo. E somente a prática do fazer nos capacita melhorar a nossa ação. Frase parafraseada do autor, pois adaptei o texto para a minha necessidade.
Com a prática da leitura de mundo, o homem adquire esclarecimento e passa a perceber e compreender o seu mundo e o mundo externo do seu. Sendo assim capaz de dialogar e questionar este mundo. A palavra escrita, portanto, nada mais é do que a organização do ato perceptivo e da leitura realizada á todo momento da vida. E é o que faço ao me debruçar sobre essas folhas em branco e transcrevo em palavras a minha compreensão e reflexão crítica deste livro. Pude dialogar com Freire e ele fez de suas ideias fontes que esclareceram coisas que eu já sabia na prática.
No segundo e no terceiro artigo Freire nos apresenta como essa visão se realiza na prática. Ele narra como se deu o processo de reconstrução da sociedade através da alfabetização do povo de São Tomé e Príncipe. Um povo liberto recentemente da colonização de Portugal em 1981.
Neste ponto, já considerando que o ato da leitura do mundo, e a sua ligação com a leitura escrita é algo esclarecido no meu texto, quero salientar que Freire tem como fundamentação de sua experiência que educação é um ato político. Portanto, educar é politizar. Freire diz que é necessário que o educador tenha essa consciência e compreenda o seu papel enquanto cidadão.
Finalizo meu texto com uma frase deste livro e convido todos que leram até aqui que se permitam a leitura deste livro excelente de apenas 102 páginas e totalmente esclarecedoras.
“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo”
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jmrainho 30/05/2016

Alimentador de cabeças
Nesses tempos onde houve um ressurgimento do culto à ignorância e à intolerância de algumas minorias que se tornaram mais ruidosas quando grupos políticos abriram a tumba da história, é oportuno ler esse pequeno livreto de Paulo Freire. Composto de palestras e artigos, a obra trata do ato político da leitura e que não existe e nem deve haver neutralidade no ensino. Um bom ensinamento depois que a Assembleia Legislativa de Alagoas transformou em lei o projeto de um deputado que proíbe os professores de emitirem opinião em salas de aula de todo o estado. "O mito da neutralidade", diz Freire, "leva à negação da natureza política do processo educativo... é o ponto de partida para compreendermos as diferenças fundamentais entre uma prática ingênua, uma prática astuta e outra crítica". O autor aborda a alfabetização e pós alfabetização de adultos e defende bibliotecas locais onde os cidadãos e cidadãs de todas as classes contribuam com o conhecimento de suas experiências, descobrindo o mundo a partir das leituras e da troca de suas próprias histórias de vida. A obra traz ainda um trecho do Cadernos de Cultura Popular, utilizado na pós-alfabetização na ilha de São Tomé (África equatorial).

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TRECHOS

A leitura do mundo precede a leitura da palavra.

Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. A memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em conhecimento do objeto.

Minha crítica à magicização da palavra não significa que, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos tetos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes.

Sempre vi a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de conhecimento.
A leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.

É o que Gramsci chamaria de ação contra-hegemônica

O mito da neutralidade da educação, que leva à negação da natureza política do processo educativo e a torná-lo como um quefazer puro, em que nos engajamos a serviço da humanidade entendida como uma abstração, é o ponto de partida para compreendermos as diferenças fundamentais entre uma prática ingênua, uma prática astuta e outra crítica.

Do ponto de vista crítico, é tão impossível negar natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político. É impossível uma educação neutra, que se diga a serviço da humanidade. Tanto no caso do processo educativo quanto no do ato político, uma as questões fundamentais seja a clareza em torno de a favor de quem e do que, portanto contra quem e contra o quê, desenvolvemos a atividade política.

A educação burguesa, sistematizada. Sua sistematização e generalização é que só foram viáveis com a burguesia como classe dominante e não mais contestatória.
A educação reproduz a ideologia dominante, é certo, mas não faz apenas isso.
O fato de não ser o educador um agente neutro não significa necessariamente, que deve ser um manipulador.

Escutá-los é, no fundo, falar com eles, enquanto simplesmente falar a eles seria uma forma de não ouvi-los. Dizer-lhes sempre a nossa palavra sem jamais nos expormos e nos oferecermos à deles, arrogantemente convencidos de que estamos aqui para salvá-los.
Estando num lado da rua, ninguém estará em seguida no outro, a não ser atravessando a rua.

Nada poderá ser feito antes que uma geração inteira de gente boa e justa assuma a tarefa de criar a sociedade ideal.

A única diferença entre mim e um educador astutamente ingênuo, com relação à compreensão de um dos aspectos centrais do processo educativo está em que, sabendo amos, ele e eu, que a educação não é neutra, somente eu o afirmo.

Os pós-alfabetizandos precisam ter uma pequena biblioteca popular com a inclusão de páginas escritas pelos próprios educandos. Biblioteca popular, como centro cultural e não como um depósito silencioso de livros. Estórias em torno de vultos populares famosos, dos “doidinhos” da vila, com sua importância social, das superstições, das crendices, das plantas medicinais, da figura de algum doutor médico, da de curandeiras e comadres, da de poetas do povo.
Entrevistas com artistas da área, os fazedores de bonecos, de barro ou de maneira, escultores quase sempre de mão-cheia; com as rendeiras que porventura ainda existam, com rezadores gerais, que curam amores desfeitos ou espinhelas caídas.

Ao contrário da manipulação, como do espontaneísmo, é a participação crítica e democrática doa educandos no ato do conhecimento de que são também sujeitos.
Fazer a História é estar presente nela e não simplesmente nela estar representado.

Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema. Estudar não é fácil porque estudar é recriar e não repetir o que os outros dizem.

Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre.



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Ricardo Silas 12/09/2016

Ser leitor é...
Certo dia, li um artigo que destacava os países com o melhor índice de alfabetização e educação do mundo, a maioria deles escandinavos, como a Dinamarca, Finlândia, Noruega, entre outros. O mais curioso foi constatar que o programa de ensino público desses lugares se baseiam na pedagogia de Paulo Freire, feitas, é claro, as correções e adaptações necessárias ao contexto de cada país. Em "A importância do ato de ler", nota-se o quanto a educação pode ser transformadora na vida das pessoas. Não basta memorizar palavras, decorar o b-a-bá: é preciso, como bem diz Freire, fazer uma leitura da realidade em que se vive, com uma postura crítico diante do mundo, para depois fazer a leitura das palavras. No processo de alfabetização aplicado por Paulo Freire, o educando aprende a entender sua condição de ser humano político, a enxergar sua capacidade de realizar mudanças para o bem de todos ao seu redor. Ele aprende que uma sociedade verdadeiramente justa é aquela na qual as relações entre exploradores e explorados não podem existir, e só por meio da educação libertária o indivíduo se emancipará das algemas do corpo e da mente. Acho que a importância do ato de ler é maior - muito, muito maior - do que imaginamos:

"Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre."
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Damien Willis 28/01/2017

"A SOCIEDADE NOVA - O que é uma sociedade sem exploradores nem explorados? É a sociedade em que nenhum homem, nenhuma mulher, nenhum grupo de pessoas, nenhuma classe explora a força de trabalho dos outros. É a sociedade em que não há privilégios para os que trabalham com a caneta e só obrigações para os que trabalham com as mãos, nas roças e nas fábricas. Todos são trabalhadores a serviço do bem de todos.Não se cria uma sociedade assim da noite para o dia Mas é preciso que o Povo comece a ter na cabeça, hoje, esta forma de sociedade, como Pedro e Antônio tinham na cabeça, antes de derrubar a árvore, a forma do barco que fizeram."


Verdade que sou muito alheio à pessoa, ensinamentos e propostas de Paulo Freire, embora saiba quem seja, onde atuou (educação) e tenha uma vaga noção do que dizia. Portanto, até este ponto tenho considerado suas discussões e ideias de aspectos bastante humanitários, e isso me agrada. Mas Freire é um homem cuja imagem está dividida (não igualmente, mas está) numa guerra ideológica e por isso sou obrigado a conhecer melhor suas ideias antes de dar qualquer veredito.
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Volnei 28/02/2017

A importância do ato de ler
Podemos dizer que a leitura é como uma chave com a qual abrimos o mundo da imaginação e ao mesmo tempo nos tornamos mais esclarecidos em diversos aspectos . Ler é um ato que nos possibilita melhorar não só o conhecimento, bem como nossa forma de falar. Sem nos esquecermos que nosso vocabulário torna-se cada vez maior a medida que lemos. A leitura é algo que não pode ser vista como um castigo mas como um ato prazeroso para aquele que lê por isso é fundamental se descobrir qual estilo de leitura que gostamos .

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br
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Fenix.Pires 14/11/2017

Leitura e Revolução
Paulo Freire é sempre uma leitura empolgante. O modelo método de Paulo Freire ainda é muito estudado e defendido entre os teóricos das teorias pedagógicas. Uma pedagogia essencialmente revolucionaria onde o protagonismo do povo simples, das massas, é sempre objetivando.
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Igor.Gomes 04/01/2019

o Povo com "P" maiúsculo
Paulo Freire, em sua obra "A Importância do Ato de Ler", surpreende com uma linguagem completa, educacional e que deve ser criticada, como o próprio sugere e que, inclusive, utiliza como um dos fundamentos da importância do ato de ler: tornar-se um crítico social.
O que mais me chamou atenção no livro como um todo foi a magia do autor ao, sempre que se referia à palavra "povo", utilizava-se de um "P" maiúsculo como forma de mostra de que é o Povo que compõe a sociedade e que são responsáveis pela transformação dessa.
Importante perceber e analisar a influência intelectual dos conceitos de Karl Marx presente no discurso do autor e como isso corroborou para a elaboração de um projeto tão eficaz e tão mágico que valoriza, sobretudo, a cultura e o Povo.
Fico feliz por essa leitura em uma sexta-feira. A você, desgraçado leitor (como diria o Mestre Machado de Assis) deixo à deixa: a importância do ato de ler é sobre o Povo, para o Povo e com o Povo.
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Dani 16/01/2019

[algumas das colocações por mim consideradas relevantes]

A educação para a leitura e interpretação, tanto das palavras como da realidade de mundo do indivíduo, é um ato político, assim como também qualquer ato político é educação.
Pensando aqui os atos da escrita e da leitura, estes são sempre ações que anunciam e denunciam. Educação, portanto, é poder e assim sendo não é possível que seja neutra.
Assim, quando, e se tivermos a intenção de buscar uma educação que não seja autoritária, que seja contra-hegemônica (ver Gramsci) é imprescindível que essa se volte para as massas populares, mas não para falar a elas ou sobre elas, mas sim para ouvi-las e, portanto, falar COM elas (P. 36).
É preciso o reconhecimento do direito que o povo tem de ser sujeito da pesquisa que procura conhecê-lo melhor (P. 40 ). O povo como sujeito do conhecimento de si mesmo é uma forma de produção e reprodução de conhecimento mais legítima possível.
O Brasil foi inventado de cima para baixo, autoritariamente. Precisamos reinventá-lo fugindo do problema da “leitura mecânica da palavra” (P. 44) para que o povo possa efetivamente fazer a História estando presente conscientemente nela e não simples e supostamente representado (P. 47).

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Rafael Zanini Francucci 15/03/2019

O “ensaísmo” abstrato da embromação
Ao ler este livro você compreende que os métodos de Paulo Freire tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos do próprio método. Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, e não o interesse.
Alguns veem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a veem como puro vazio e Paulo Freire como uma principal bexiga de vento. Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘pós-alfabetização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? a visão marxista sobre a desigualdade social é a única que explica esse fenômeno? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? onde há de fato descrito o método (alfabetização), passo a passo? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária? Não há apoio científico descrito, mas sim ações pedagógicas baseadas em uma visão Marxista da realidade, pressuposta como o verdadeiro evangelho da verdade social.
Não se engane, o que Freire considera leitura, não é nada relacionado com a interpretação de signos verbais escritos, suas significâncias, significados ou significações. Mas sim, a interpretação que o Marxismo faz da realidade. Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador. Empresto do pai de um amigo, uma frase para definir este livro: "Prosopopeia flácida para acalentar bovinos."
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