z..... 12/04/2020
Um curioso urubu, pobre e com percepção de fracassado em seu contexto (como na incapacidade de voar), em busca de seus sonhos, ou fantasias, relacionados a ida para a cidade e consequente descoberta e desfrute de vida tida como razão existencial.
É uma metáfora, envolvendo fatores como êxodo rural, ingenuidade, esperança no desconhecido e busca da felicidade.
Caminho cheio de revelações onde confronta seu idealismo com a realidade, descobrindo coisas como a ganância, a poluição e os interesses egoístas entre os homens.
Selecionei a obra pelo título, após leitura de Voltaire, supondo que seu Cândido teria correlações com o Cândido Urubu.
Não sei se esteve nas inspirações do autor, mas com um pouco de criatividade, e forçação de barra, dá para traçar paralelo.
Tal qual o famoso Cândido, iludido num doutrinamento de otimismo em que tudo o que existe tem perfeição e expressa-se da melhor forma possível em todos os acontecimentos, o singelo urubu também é iludido num ideal de perfeição e felicidade que encontraria no cotidiano da cidade.
E tal qual o famoso, a iludida ave tem experiências e descobertas que levam a outras conclusões, redirecionando objetivos.
Entre as experiências do Cândido Urubu, o trabalho num tal Censo da Felicidade, onde suas pesquisas o levam a percepção do materialismo egoísta. Curiosamente acaba se tornando alvo dessa disposição, diante de extinção de animais na sociedade e sobrar para ele o alvo da ganância na venda de animais.
O livro tem esse direcionamento, de revelações da realidade diante da ingenuidade. Obviamente, em histórias inusitadas e surreais, mas com inspirações realistas.
Vou encerrar com aspecto que não curti.
No início o autor apresenta duas histórias num contexto de interesse a seus intentos de exposição da ignorância, em que usa Jesus Cristo como personagem em conotação desrespeitosa e blasfema para a mentira, a malandragem e o egoísmo. Disposição arrogante, em desprezo ao Senhor para querer impactar se exaltando em suas pretensões. Desnecessário e nocivo para si mesmo.
Leitura na quarentena.
Domingo de Páscoa!