spoiler visualizarCris Moraes 17/10/2018
O livro que li, baseado em fatos reais, chama-se Dançando com o Inimigo. Quem narra a história é Paul Glaser. Ele descobre que sua família é de origem judaica, por encontrar uma mala perdida de sua tia Rose Glaser. Então, com o material dessa mala, ele narra a história dela. Uma dançarina profissional, judia, com grande talento, que foi dona de uma renomada escola de dança e que, de repente, na Segunda Guerra, perdeu o status de "gente" simplesmente por ser judia. Paul conta como a tia vai se adequando (desde promover shows de dança aos soldados nazistas até se envolver sexualmente com algum comandante) com o objetivo de se manter viva e de manter vivos o irmão (pai de Paul) e os pais.
Que mensagem podemos tirar de mais este relato de guerra? Eu costumo dizer que histórias de guerra são tão cruelmente verdadeiras que nem ousamos imaginar como são... Penso que fica a reflexão de que a guerra nunca traz algo de muito bom. Que as perdas, em todos os sentidos, são imensuráveis... E que não dá para julgar alguém por "flertar" com o inimigo se esse alguém está com uma arma na cabeça. Ou, no caso, se este alguém está num campo de concentração. Rose fez o que achou que devia fazer para que ela e a família pudessem viver. E até acho que ela conseguiu manter sua autenticidade como pessoa, apesar de tudo.
Apesar de ser um tema pesado, gostei como não há aquele tom derrotista e nem de heroísmo forçado. É apenas a história de alguém tentando sobreviver. Claro que a gente sabe das atrocidades claras nas entrelinhas. Ficam muito visíveis, embora não expressamente narradas... Vale a pena prestar atenção no narrador (Paul Glaser). Fica claro como ele se incomodou muito ao descobrir que vinha de uma família de judeus... É um estigma pesado, que atravessa as gerações. Uma leitura forte. De reflexão. Recomendo.