Tiago sem H - @brigadaparalela 12/01/2016Andrew Smith não é um autor totalmente desconhecido do público nacional, mesmo que o tenha conhecido somente agora. Em 2014 a Editora Gutenberg publicou o livro Minha Metade Silenciosa que foi e continua sendo muito elogiado pelos leitores, por contar a história de um garoto que por ter nascido com apenas uma orelha sofre bullying frequentemente.
Saindo dessa vertente mais séria, o autor resolveu apostar em uma história maluca. Sim!! Selva de Gafanhotos é uma história maluca, porém, uma história maluca boa. Então vocês se perguntam: se é uma história maluca boa, por que a classificação foi regular? Calma, calma, calma, que logo, logo eu explico.
A trama irá girar em torno de Austin, um garoto descendente de polonês que vive em uma cidade fictícia no interior dos Estados Unidos. Por ser um garoto adolescente, ele estará com seus hormônios à flor da pele e só pensará em sexo. O livro todo. Outros dois personagens irão interagir com ele ao longo da história e são eles: Robby, seu melhor amigo e Shann, sua namorada.
Ele é um garoto de 16 anos que estuda em uma escola luterana e que vive sua vida pacata de adolescente até o dia, ele e Robby são cercados por outros estudantes "rivais" e apanham desses garotos. Para aumentar o grau de agressão, seus tênis são jogados por cima de um prédio. À noite, os dois amigos resolvem pegar seus objetos no teto desse prédio e Austin, por pura curiosidade, incita Robby a juntos, invadirem uma das lojas desse prédio.
A loja em questão pertence ao patrão de Austin, que por sempre manter seu escritório fechado, instigou no garoto tal desafio. Ao entrar no escritório, eles se deparam com objetos surreais dentro de globos de vidro, jarros e aquários. Pedaços de corpos, cérebros, entre outras coisitas. Acontece que naquela mesma noite, os agressores dos garotos, também resolvem invadir essa loja e roubam um dos globos do escritório e acidentalmente deixam esse globo cair no chão e se quebrar, liberando a então denominada: Cepa de praga IM 412E Contida. Está dada a partida para o fim do mundo.
Selva de Gafanhotos é um livro apocalíptico. Desde o início, Austin já avisa ao leitor de que o mundo irá acabar e que ele será o responsável por escrever essa história. E não se trata de um apocalipse zumbi ou causado por uma doença mortal. Não!! É um apocalipse causado por gafanhotos de 1,80m. As pessoas que são contaminadas pela cepa, tem eclodidos de seu corpo gafanhotos gigantes que só pensam em duas coisas: comer e se reproduzir. Tem como um livro de apocalipse gafanhoto gigante ser ruim? Pior que tem!!
A ideia do autor para a história é genial, as explicações que ele fornece ao leitor são ótimas, ou seja, você terminará o livro sem dúvida nenhuma das questões que ele apresentou (ao menos para algumas que ele deixará em aberto para cada um imaginar seu próprio ponto de vista), a construção dos personagens é bem interessante. O livro peca e muito é na escrita.
A história é narrada pelo Austin e o que me incomodou e muito na leitura foi a repetição das palavras. Lembra quando você estava (ou está) na escola (faculdade) e sua professora de redação diz para você não repetir palavras? Pois então, se Austin talvez tivesse prestado mais atenção a essa aula do que somente em sexo, a história seria escrita de outra forma. Sério, ele trata 99% das vezes todos os personagens com nome e sobrenome e toda vez tem que escrever o nome inteiro da sua escola (Escola Luterana Curtis Crane). Além de sempre tratar os personagens por nome e sobrenome, ele repete muito para construir suas orações, como por exemplo:
Andrzej Szczerba ficou... (final da frase cortada por motivos de: possível spoiler).
Andrzej Szczerba perguntou... (final da frase cortada por motivos de: possível spoiler).
Andrzej Szczerba chorou... (final da frase cortada por motivos de: possível spoiler).
(início da frase cortada por motivos de: possível spoiler)....voava em volta de Andrzej Szczerba... (final da frase cortada por motivos de: possível spoiler).
Isso cansa muito o leitor. Teve uma página que contei 18 nomes repetidos. Isso é muito, muito cansativo. Ao final do livro, quando faltavam cerca de 30 páginas eu simplesmente não estava conseguindo prosseguir com a leitura.
Outros pontos que seriam interessantes, mas que se tornam massantes pela constante repetição são os fatos relatos por Austin sobre seus antepassados, desde a saída da Polônia até a chegada aos Estados Unidos e a questão da sexualidade abordada pelo autor, já que Austin é apaixonado tanto por Shann, quanto por Robby.
A edição da editora Intrínseca é muito bonita, é simples, mas bonita, com as bordas de páginas pintadas em tom verde-limão, diagramação ótima e com as silhuetas dos gafanhotos no início de cada parte do livro (o livro é dividido em 4 partes + 1 epílogo) e foi esse o motivo de eu ter comprado, sem mesmo saber da história.
Por fim, Selva de Gafanhotos é aquele livro maluco do tipo: pra amar ou para odiar. Talvez, mas só talvez, se o livro fosse transportado para as telas do cinema, seria um filme legalzinho de ser visto, já que não teríamos tanta repetição. A ideia da história é boa, a edição apesar de simples é bonita e o Epílogo é muito bom, destoando totalmente do martírio que foi o livro todo (no caso se você não gostar da leitura, é óbvio...).