O Enredo do meu samba

O Enredo do meu samba Marcelo de Mello




Resenhas - O Enredo do meu samba


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Rodriguinho @literario.rojo 01/01/2021

Eu vou tomar um porre de felicidade 
Vou sacudir vou embalar toda a cidade (...)?
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Início com esse samba da União da Ilha de 1989 um dos vários marcantes sambas que são retratados nessa coletânea de samba enredos da "minha vida", no caso do escritor Marcelo de Mello que reuniu em um trabalho rico em detalhes e curiosidades de sambas e enredos que fizeram história e atravessa gerações e são lembrados até hoje nas rodas de samba da vida e que estão na trajetória do autor, ou seja, não fique desapontado se algum samba que você leitor goste não esteja nesse conjunto.
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Com um acervo de imagens dos desfiles e  uma escrita descontraída e que te deixa curioso em busca de saber mais sobre os enredos.
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O autor não prezou por destacar apenas sambas campeões e sim aqueles que marcaram sua época e que estão no imaginário de foliões e críticos do samba. Cito aqui o enredo sobre Os Sertões, obra de Euclides da Cunha que foi contado na avenida pela escola Em Cima da Hora em 1976 que como a história de Antônio Conselheiro teve um desfecho trágico na avenida porém com um samba emblemático num paradoxo como citado no livro que diz "não há um samba bonito que não seja triste...." Refletimos ai meus leitores. 
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E também o espírito de "Dom Quixote" da União da Ilha referências na qual a escola se aventura em alcançar o almejado título sem abrir mão de seus ideias. No livro dois de seus sambas atemporais são contatos pelo autor o "É Hoje" de 1982 e "Festa Profana" de 1989. E por sinal dois dos meus capítulos favoritos e não deixaria de destacar aqui ??. 
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Luis 08/03/2015

A trilha sonora do palco iluminado
Começo a escrever essa resenha na terça feira do carnaval de 2015. Os jornais exaltam as atrações e surpresas que extasiaram o público presente às duas noites de desfile do grupo especial na Marquês de Sapucaí. Falam de fantasias, alegorias, artistas famosos, camarotes, musas, enfim, quase tudo que entra na receita do auto proclamado “maior espetáculo a céu aberto” do planeta. Para quem lê essas matérias e não sabe exatamente o que é o carnaval, talvez não atente para o detalhe de que se trata de uma festa essencialmente musical. Não por acaso, o samba, outrora componente mor dos quatro dias de folia, tem sido relegado a segundo plano. Não há uma linha sobre o que foi cantado na maratona do sambódromo.
Nesse contexto, o lançamento de “Enredo do Meu Samba” (Record, 2015) é um bálsamo que serve, antes de qualquer coisa, para resgatar o protagonista desses quatro dias de alegria.
Intencionalmente ou não, o autor, Marcelo de Mello, jornalista e jurado do prestigiado Prêmio Estandarte de Ouro, ao usar o subtítulo “ A história de quinze sambas-enredo imortais”, se livra das naturais sais justas que acompanham as obras que se baseiam em listas extremamente pessoais. Não se trata de uma escolha entre os maiores, os melhores ou os mais importantes sambas já cantados pelas escolas cariocas, muito embora, a maior parte dos escolhidos se encaixaria em qualquer uma dessas categorias. Na verdade, trata-se do resgate de histórias que, tendo como pano de fundo músicas que ultrapassaram o limite da quarta feira de cinzas, tornaram-se parte essencial do arquivo momesco. Em suma, Marcelo usa esses quinze sambas para registrar parte significativa da memória do carnaval do Rio.
O livro é organizado cronologicamente, iniciando-se com “Aquarela Brasileira”, de Silas de Oliveira, muito provavelmente o maior compositor do gênero, e que ajudou o Império Serrano a levar o campeonato de 1964, ainda no tempo dos desfiles da Presidente Vargas. Aqui cabe uma observação que reforça o caráter do livro de não se ser um greatest hits da avenida. Oficialmente, as disputas de escolas de samba começaram em 1928 organizadas pela imprensa, na mítica Praça Onze. Logo, claro está que, em termos de qualidade e como marcos históricos há sambas pré-1964 que poderiam muito bem também ser retratados na obra. Para ficar em só um deles, podemos citar o próprio Império Serrano, que, em 1949, foi vencedora com “Exaltação à Tiradentes”, composta por Mano Décio da Viola, Estanisláu Silva e Penteado. O samba, segundo consta foi o primeiro a ser gravado em disco ( o álbum oficial com os temas das escolas só teve a sua primeira edição em 1968), em 1955 por Roberto Silva, mas ficou famoso mesmo pela regravação de Elis Regina, que imortalizou os versos “Joaquim José da Silva Xavier, morreu a 21 de abril, pela independência do Brasil...” Embora a explicação não conste do livro, está nas entrelinhas que esse sentido de “permanência” foi o guia de Mello na escolha dos samba abordados. Iniciar com “Aquarela Brasileira” é simbólico pelo fato de ter sido uma das primeiras composições a ter o status de clássico, algo que não aconteceu de imediato, mas somente 11 anos depois, pelo estrondoso sucesso da regravação de Martinho da Vila em seu “Maravilha de Cenário”.
Outro aspecto interessante é notar que há um balanceamento entre as escolas abordadas, embora algumas sejam citadas mais de uma vez (Império e Salgueiro), nota-se a preocupação de se incluir o maior número de agremiações possíveis, mesmo á custa do corte de outros sambas imortais. Mais uma vez recorro ao Império Serrano, que ainda na década de 60, emplacaria mais duas obras primas : “Os Cinco bailes da História do Rio” (1965), notável por ter entre os seus autores (junto com Bacalhau e Silas de Oliveira) a primeiro mulher a fazer parte de uma ala de compositores, D. Ivone Lara e “Heróis da Liberdade” (1969), que para muita gente foi o maior samba enredo da história. O autor ? O Imbatível Silas. Em nome do equilíbrio, esses sambas não estão entre os 15.
Causa também estranheza a ausência de “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, tema da Mangueira de 1967, e que é citado em quase todas as antologias sobre o assunto. Gravado por Eliana Pittman no mesmo ano, a composição estourou em todo o Brasil e foi o estopim para o lançamento do disco oficial, a partir do ano seguinte. A Mangueira é representada no livro pela inclusão de “E Deu a Louca no Barroco”, de 1990. Lobato seria muito mais representativo.
Mas a verdade é que os acertos de “Enredo do meu samba” são muito mais numerosos que os equívocos. Mello conta o ponto de inflexão que mudou para sempre o gênero, o fantástico “Festa para um Rei Negro”, do Salgueiro, em 1971, que com o seu irresistível refrão (“Õ Lelê, Ô Lalá, Pega no banzê, Pega no ganzá) praticamente impôs uma nova era ao tipo de música que acompanhava os desfiles. O samba, composto por Zuzuca inspirado no canto das lavadeiras, entre as quais a sua mãe, se tornou eterno antes mesmo de vencer a disputa da escola, pois ainda nas fases eliminatórias começou a ser tocado nos bailes do Bola Preta. Em poucas semanas, o Rio inteiro cantava o refrão. Jogo ganho antes de entrar em campo.
Outro destaque é a surpreendente trajetória de “Os Sertôes” (Em Cima da Hora, 1976), um dos mais bonitos e tristes já cantados na avenida. Assinado por Edeor de Paula, foi a trilha de um desfile desastroso que levou a escola ao rebaixamento. Mesmo assim, e talvez até por conta disso, é outro campeão de audiência em qualquer roda que se preze. O autor , com estupenda sensibilidade, conta em detalhes todo o clima que cercou a improvável escolha do samba, classificado após a desistência de um dos concorrentes, pressionado pelo staff da escola que apoiava majoritariamente uma outra composição. De Patinho feio, “Os Sertões” se transformou em cisne, ainda que um cisne triste. Só esse relato já vale o livro.
A obra passeia ainda pelos grandes momentos da União da Ilha. É hoje, de 1982, é o escolhido, mas Mello não deixa de citar a polêmica em torno do mítico “O Amanhâ”, de 1978, que segundo alguns não foi assinado pelo verdadeiro autor, Didi, que compôs “É Hoje” e tem seu perfil único como um trunfo do volume.
Marcelo de Mello segue encandeando história fascinantes e, de certo ponto desconhecidas, de verdadeiros hinos, como “O Teu cabelo não nega (só da Lalá)” (Imperatriz, 1981); “ Bum bum praticumbum prugurundum” (Império Serrano, 1982), “ Ziriguidum 2001” (Mocidade, 1985); “E por falar em saudade...” (Caprichosos, 1985), “Kizomba” (Vila, 1988) e “ Liberdade, liberdade” (Imperatriz, 1989).
O livro fecha com “Explode Coração” (Salgueiro, 1993), o último a ultrapassar os limites do carnaval, lançado há mais de 20 anos, o que é sintomático do atual nível da produção musical das escolas.
Ler o “Enredo do meu samba” pode ser uma fonte de inspiração para renovar o gênero sem deixar de lado a tradição, afinal, como bem disse o mestre Ismael Silva, citado magistralmente pelo Império em 82, “Bum bum praticumbum prugurundum, o nosso samba, minha gente, é isso aí”.

Arsenio Meira 09/03/2015minha estante
Parafraseando o grande e saudoso Ismael Silva, digo, eu: Bum bum praticumbum prugurundum, um resenha, minha gente, é isso aí.
Abraços


Arsenio Meira 09/03/2015minha estante
Salvo engano, até o título (acho eu), faz menção a um belo samba canção composto por Jorge Aragão e ninguém menos que D. IVONE LARA, cuja letra associa os dissabores de um desfile mal sucedido de uma Escola de Samba e uma desilusão amorosa. É um samba canção que já se tornou um clássico, e pra mim, a gravação do grupo Fundo de Quintal supera todas as outras. Abração, Luis.


Luis 10/03/2015minha estante
É isso mesmo, Arsênio, Imortal parceria do nosso querido Jorge Aragão com a eterna primeira dama do samba, D,Ivone Lara. Esse livro foi um achado e vai junto no pacote que estou preparando para te enviar (não esqueci não !!!) Forte abraço, meu amigo.


Arsenio Meira 11/03/2015minha estante
Ê camarada! Valeu!
Mas fique ciente de que foi um gesto de admiração e reconhecimento que levei a termo para homenagear um cara que ama os livros, bate um papo legal, respeita a todos, dá um show na harmonia, no enredo é nota 20 e escreve as resenhas mais legais deste espaço, que é você. E sem pretensão, exceto a nobre intenção de conviver! Abraços do amigo Arsenio
Abração do amigo Arsenio


Amauri 19/12/2015minha estante
Perfeito Luis, você deveria escrever um livro e eu incluiria mais alguns na lista que você citou, porém fica para uma outra. Ganhei o livro 'O Enredo do meu Samba", ontem, em uma festa de amigo secreto. Fez parte de uma lista de livros que eu citei que gostaria de ganhar e foi indicado por uma migo do face, o Joseclei Nunes. Sua resenha acima está tão perfeita, que nem farei a minha. só vou citá-la. Um abraço pense no livro....(se já escreveu, coloque o nome aqui para eu comprá-lo e divulgá-lo)




Beta Oliveira 31/12/2015

Enfim, não dá para contar tudo, porque é um livro que precisa ser saboreado pelo leitor. Eu não sei sambar (falta de coordenação motora faz com que meu melhor samba me faça parecer um boneco do posto baleado), não tenho talento musical, mas sempre me emociono diante de uma bateria.

Confira o texto completo no Literatura de Mulherzinha.

site: http://livroaguacomacucar.blogspot.com.br/2015/02/cap-985-o-enredo-do-meu-samba-marcelo.html
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Luiz993 13/08/2017

... do MEU samba
O livro faz uma abordagem do contexto de 15 sambas de enredo de Escolas de Samba do Rio de Janeiro, de 1964 a 1993.

Este livro é obra da paixão pelo samba de enredo, e escrito maravilhosamente bem, não sendo enfadonho em momento algum. Leitura deliciosa, agradável, fácil.

O autor não se preocupou em contemplar os 15 melhores sambas do período, mas se importou unicamente em falar sobre os 15 que tinham algo de muito a dizer, em sua opinião.

Que se dane se sambas imortais do período não foram abordados! Eis a apresentação de 15 obras que impactaram, não somente - e talvez nem por isso - pela majestade da obra, mas pela história envolvida desde o lançamento do enredo até a composição dos últimos versos do samba, bem como o que representou para a Escola defendida e o legado deixado no cancioneiro brasileiro.

O autor deixa claro no título: o enredo do MEU samba, portanto, ao ler, não fique com raiva porque o seu samba favorito não está elencado. Aprecie sem moderação! Talvez verás com outros olhos aquele samba que possa ter desdenhado ou menosprezado por aí. E reviva a nostalgia de alguns que certamente já estavam entre os seus favoritos.
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Lilo Dias 03/03/2021

QUE LIVRO MARAVILHOSO!
De uma escrita que empolga absurdamente do início ao fim, o livro conta, com o devido respeito e amor de uma pessoa que ama o carnaval, sobre grandes sambas-enredo que sacudiram o carnaval carioca.
Senti falta de alguns sambas, principalmente de "Sonhar não custa nada, ou quase nada" e "100 anos de liberdade, realidade ou ilusão?", mas tudo o que foi apresentado não deixa a desejar de forma alguma.
Sou gresilense de corpo e alma, achei fantástico os capítulos voltados para a Imperatriz!

Livro que indicarei para todos e lerei inúmeras vezes!
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