Andréia 12/07/2018Resenha Rich e Mad - www.starbooks.com.brRich e Mad são os protagonistas e alternam a narração desse livro. O que eles têm em comum? Estudam no mesmo colégio. Ao menos, no começo, é essa a única similaridade que percebemos. Conforme a narrativa avança conhecemos a vida desses dois jovens, como são seus respectivos convívios familiares, suas dúvidas e ambições.
Mad tem uma ótima família, composta por uma irmã mais velha, pela mãe e pelo pai que não é muito presente, já que vive viajando graças ao negócio da família. Então quando Mad descobre que o pai, após passar meses fora numa viagem à China, está numa espécie de crise existencial e pensando em se separar da mãe dela, Mad começa a questionar tudo, inclusive sua crença no sexo oposto, já que além da situação com o pai, é provável que o seu possível interesse romântico do colégio não passe de uma simples ilusão platônica.
Rich é um rapaz doce, amigável, por vezes sonhador em excesso, tem grande apreço pela família, mas aparentemente invisível ao sexo oposto e acredita que amor gera amor, então quando ele começa a se interessar por uma das meninas mais bonitas do colégio, fará o possível para se aproximar, incluindo pedir ajuda a amiga da garota em questão, Mad. Pena que nem tudo na vida é tão simples quanto queremos.
‘‘No passado as coisas eram bem-feitas. Havia músicas de verdade, paixões de verdade e desespero de verdade.Hoje em dia era tudo simplesmente um jogo.’’
Afinal, porque é tão difícil haver reciprocidade para esses dois jovens que são incríveis a sua maneira e que só querem amar? Eles enfrentarão muitas coisas e aprenderão várias outras, mas é só quando eles pararem de olhar para uma única direção que perceberão que o que estavam procurando estava bem ao lado.
‘‘ – Você não vê? Uma é o suficiente. Nenhuma é o suficiente. Sua vida tem valor, ponto final. Cada vez que respira, você muda a atmosfera do planeta. Cada palavra que fala continua para sempre. Ondas sonoras nunca morrem, sabia disso? Cada coisa que você faz faz diferença.’’
Rich e Mad é o primeiro YA escrito pelo autor William Nicholson, cujas obras até então publicados eram de fantasia, e pela sinopse achei que seria uma simples estória bonitinha de amor adolescente. Simplesmente adoro quando um autor me faz reavaliar as minhas primeiras impressões (obtidas pela sinopse + capa) e me surpreende com personagens bem elaborados e verossímeis, uma escrita suave e direta fazendo o leitor se questionar, juntamente com os personagens, qual o sentido da vida e qual o impacto que causamos e como o simples fato de existirmos muda tantas coisas.
O livro tem como protagonistas dois adolescentes, então são abordados questionamentos e experiências próprias dessa fase da vida como o convívio familiar e a relação entre pais e filhos, o primeiro amor, primeiro beijo, a perda da virgindade e sim, há cena de sexo e esse assunto é amplamente debatido, acho que esses foram alguns motivos de eu ter curtido tanto a leitura de Rich e Mad, o autor não ficou numa zona de conforto, ele abordou vários temas e não teve medo de fazer seus personagens questionarem e debaterem esses diversos assuntos, alguns até considerados tabus. Indico essa obra principalmente para adolescentes, a estória desse casal traz ótimas reflexões então todos os leitores podem tirar proveito disso e acho que fãs do David Levithan poderão também apreciar a leitura.
‘‘Não sei quem sou. Não sou quem pensava. Sou mais. Sou complexa de formas que nunca pensei antes. Não somente feliz ou triste, mas os dois e todas as tonalidades entre ambos, o tempo todo. (...) Sou uma criatura insignificante e o centro do universo. Minha existência não tem significado e minha existência é seu próprio significado. Eu sou, logo sou.’’
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