Resenhas - Sinuca Embaixo D'água

Andreia Santana 21/02/2024

Carol Bensimon e a cidade
Carol Bensimon tem uma inquietação que perpassa muitos dos seus livros. Ao menos, os que li da autora até agora trazem sempre como pano de fundo, cenário ou mesmo co-protagonista, as transformações urbanas e a relação das pessoas com as cidades, seja aquelas onde vivem ou por onde andam de visita.

Sinuca embaixo d´água, seu primeiro romance, embora tenha como eixo central da história o luto de sete jovens por uma amiga morta precocemente de forma trágica, tem a cidade, mais especificamente a especulação imobiliária na vizinhança onde os protagonistas moram, como cenário onde se desenrola esse pequeno drama sobre perdas.

O luto é tanto pela amiga quanto pelo fim da infância (inocência, talvez?), pela transformação dos lugares aos quais são apegados afetivamente, pelos sonhos abandonados entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta, pela falta de sentido da vida...

Este é um romance trágico, que deixa um travo na garganta, desalentado e muito belo em toda a sua perdição. É o canto do cisne das antigas vizinhanças onde todo mundo se conhecia e, ao mesmo tempo, um réquiem para a geração millenial.

Já Uma estranha na cidade, primeiro livro de não-ficção da autora, é quase como conversar com Carol sobre os muitos temas que angustiam essa geração. E, mais uma vez, aqui as pequenas crônicas da autora têm a cidade e as suas constantes mudanças, mortes e renascimentos - para o bem e para o mal - como tópico central que a leva a refletir sobre outros aspectos da condição humana.

Viver a cidade, morar na cidade, amar, trabalhar, decepcionar-se, perder espaço (calçadas), fazer novos amigos, rever antigas amizades, alegrar-se, comover-se com uma paisagem, detestar engarrafamentos, fazer uma pausa para o café, para respirar, tudo o que a vista alcança e o corpo abraça ou rejeita, pulsa nos textos transparentes de Carol.

Ler essas crônicas é como seguir a #fadasensata das redes sociais e, ao mesmo tempo, ouvir a irmã mais ajuizada, aquela que te dá bons conselhos misturados com chacoalhões necessários para acordar para a vida e o entorno...

Sinopses:

Sinuca embaixo d´água - Conta a história de um grupo de sete amigos e vizinhos de bairro que lidam com o luto pela morte de uma oitava amiga, em um acidente de carro. Todos são jovens, estão desiludidos e precisam trabalhar essa perda ao mesmo tempo em que a própria vizinhança deles vai se reconfigurando com as alterações urbanísticas na cidade onde vivem...

Uma estranha na cidade- É o primeiro livro de não-ficção de Carol Bensimon e reúne uma coletânea de crônicas da autora sobre as transformações das cidades, o espaço das pessoas nas zonas urbanas em constante transformação, tecnologia, novos padrões de consumo, amizades, questões de gênero e outros temas. É bem interessante essa viagem pelas ideias da escritora sobre a vida e o cotidiano...

Fichas Técnicas:

Sinuca embaixo d´água

Autora: Carol Bensimon

Editora: Companhia das Letras, 2009

144 páginas

R$ 50,72 (livro físico, Amazon) e R$ 29,90 (e-book, Kindle)

Uma estranha na cidade

Autora: Carol Bensimon

Editora: Dublinense, 2016

144 páginas

R$ 36,28 (livro físico, Amazon) e R$ 35,90 (e-book, Kindle)

O aplicativo BibliOn tem os dois e-books para ler de graça, mediante sistema de empréstimo para leitores cadastrados no serviço.

>>Escrevi uma resenha única para os dois livros porque quis explorar a 'coincidência' de tema/cenário das obras - a relação com a cidade - e, ainda, por serem livros de estreia em dois gêneros diferentes - romance e crônica - da mesma autora

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*Livros lidos para o desafio #50livrosate50anos, uma brincadeira que criei para comemorar meu aniversário. Em abril de 2024 eu faço 50 anos. A ideia é ler 50 livros até lá e, se possível, resenhar ou fazer algum breve comentário aqui no Skoob e no Instagram, sobre cada um deles. Sinuca embaixo d´água e Uma estranha na cidade foram, respectivamente, os livros 14 e 15, do desafio.

site: https://mardehistorias.wordpress.com/

Diogo Madeira 17/02/2011

Ausência de animação.
Não gostei. Ao meu ver, faltou animação na narrativa que é o ponto negativo. O ponto positivo é o ponto de vista dos personagens em capítulos diferentes, ou seja, cada personagem possui seu próprio capítulo apresentando o seu ponto de vista.

Gabriel.Tesser 28/07/2020

Monotonia
Infelizmente, as várias personagens só são percebíveis conforme os objetos ou cenários onde se encontram ou interagem, pois as vozes e expressões são, praticamente, as mesmas. A história não conecta o leitor a um personagem, todos parecem ser personagens planos, sem imersão a um universo psicológico ou filosófico que possa ser pareado com o leitor. Não há conflitos envolventes, mas descrições nostálgicas aplicadas ao enredo que levantam um pouco a história.

laupetersen 25/12/2020

ODIEI!!
Que livro ruim meu deus. Não tem emoção, a história é sobre a Antonia que morreu e os amigos tem que seguir em frente, aí de vez em quando eles lembram dela choram etc etc e SÓ FICA NISSO. Esperava muito mais, decepcionada

Rafael.Montoito 06/03/2022

Uma sinuca introspectiva
Não é fácil falar de "Sinuca embaixo d'água", pois Carol Bensimon constrói sua narrativa em forma de mosaico. No começo da leitura, o leitor pode até precisar de um tempo a mais para entender como a autora está contando sua história.
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O título faz menção a um barco, que era um bar, em cuja parte de baixo os personagens costumavam se reunir para jogar sinuca. Quando Antônia morre num acidente de carro, a vida de todos é afetada, e por isso cada capítulo traz as interrogações e solidões de um de seus amigos.
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Por conta da temática, é um livro pesado, funéreo e introspectivo, mas a autora sabe conduzir o leitor por esses sentimentos sombrios de modo que a leitura valha bastante a pena.

mr_reedies 03/06/2016

Sem Emoção
Foi um final tão repentino que fiquei sem entender do que se tratava a história, afinal. Li em alguma outra resenha que é sobre luto. A mim, pareceu um livro construído em torno de um único acontecimento, com poucos personagens também relacionados a ele, mas sem intenção nenhuma de emocionar ninguém. Não é um livro emocionante, em quaisquer dos possíveis sentidos da palavra, então não se deve esperar emoções. É um livro que apresenta uma narrativa bonita de se ler, diferente do usual, mas que constrói uma história sem propósito aparente. Aquelas típicas histórias que têm um meio, mas não um fim ou um começo que esteja à altura do leitor. Foi isso o que pareceu a mim.

Romulo 31/03/2021

Bom
Muito bem escrito e com uma estrutura diferente. Livro sobre luto, que nos coloca dentro desse sentimento. Acredito que essa era a ideia da Autora.
No entanto, a história em si não me prendeu.
Dê mais uma chance para a autora e leia ?Clube dos Jardineiros de Fumaça? que é excelente!

Maju 01/02/2023

Luto
É o que descreve todo o livro. Do primeiro parágrafo ao último, cada um dos personagens apresentados sofrem de lutos. Aqueles de longe e principalmente os de perto da falecida, todos eles vivem o luto de sua maneira. Isso nos mostra que não á um jeito certo de se viver esse sentimento tão sombrio, egoísta e saudoso e que cada ser humano pode ser afetado de maneiras únicas.

Juca 08/08/2023

Em alguns momentos achei bom, em outros ruim, na maior parte ok. Quis começar a autora pelo primeiro e estou animada pra ler os próximos, mas esse livro em si achei um grande nada. Mas a monotonia combina tão bem com o assunto que acabou me ganhando um pouco. O luto não tem nada de extraordinário, mesmo.

Aline164 29/07/2013

Muitas vozes parecidas
Fiquei um pouco decepcionada, porque só havia lido críticas ótimas sobre esse livro, mas uma das coisas de que não gostei foi que as vozes dos vários personagens pareciam iguais, elas não tinham características em que era possível identificar de imediato quem estava falando/pensando. Por um lado talvez seja interessante, mas, por outro, dava a impressão de que os personagens eram intercambiáveis (tanto faz quem falava/pensava o quê, contanto que as palavras fossem ditas).

[ALERTA: CONTÉM SPOILER]

Gostei de alguns trechos de suspense, como quando um conhecido vai até um prédio na avenida em que o acidente aconteceu e o vigia mostra a fita que mostra o carro de Antônia passando e, logo em seguida, passa um carro piscando três vezes; quando o irmão e uma ficante vão para um "clube secreto" e ele apresenta um cubo azul, provavelmente de Antônia, para poder entrar; quando um cara entra no bar do Polaco e ele sente que já conhece o tal cara e pressente que ele o está procurando, mas são detalhes que não se fecham e não sei até que ponto contribuem para a trama. Ou talvez o barato seja esse mesmo? Deixar vários elementos no ar para que o leitor conclua o que quiser?

Vou dar um tempo e depois ler o livro de contos da Carol Bensimon ("Pó de parede"). Todos concordam que ela é uma das autoras mais promissoras da literatura brasileira, então quem sou eu para ter achado esse romance meio insosso...

Aline 21/10/2013

Corajoso
Um livro sobre a morte do único personagem carismático da história é, no mínimo, corajoso.
E o tema é difícil.
E a estrutura da narrativa é arrojada.
E o resultado é bem interessante.
E pa-pa-palmas a autora, que não se deixou cair na vulgaridade dos lugares-comuns.
Gostei bastante.

Antonio 28/11/2015

Vida após a morte
Antônia se foi. Morreu. E é a vida dos que ficaram que conhecemos em Sinuca embaixo d’água, de Carol Bensimon. Melhor dizendo, é a vida que ficou para os que ficaram.

Alternando-se nos capítulos da obra, o melhor amigo de Antônia (Bernardo), o irmão de Antônia (Camilo), o dono de um bar biboca (Polaco) e algumas outras personagens menores (Helena, Gustavo...) emprestam sua voz para que escutemos o estridente grito do silêncio imposto pelo fim.

Acontece que, infelizmente, personagens diferentes entre si (iguais apenas no “ser desimportante”) parecem serem autores do mesmo discurso – clichê, monótono e previsível. E, sem personagens interessantes, esta trama se ressente, também, da falta de agentes externos que a puxem pra frente.

É uma pena que Antônia tenha morrido.

Trecho do livro:

“É tão banal na sua boca, quinhentos, quinhentos que sabe que vai conseguir, os lábios se abrindo num sorriso de quem mesmo assim se delicia com a transgressão que está cometendo.” (p. 112)


site: leioedoupitaco.blogspot.com.br

Biblioteca Álvaro Guerra 06/02/2019

Neste primeiro romance da jovem escritora gaúcha, sete narradores reconstroem suas vidas a partir da morte de uma garota em um acidente automobilístico. Esse acontecimento trágico leva os personagens a recompor seus afetos e seu olhar para o mundo

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535915143

cestmavie 27/01/2023

"Entornado de barulho selvagem, de bobagem, de culpa..."
Esse livro foi bem 50/50 pra mim. Primeiro, não posso deixar de deixar os elogios pra escrita da Carol, que é belíssima, belíssima...

A prosa é bem lírica, descritiva, mas sem cansar. Ela trabalha bem a qualidade discursiva de concretude. Tive imagens visuais muito bem formadas enquanto lia... E, num geral, me interessei bastante pela narrativa.

O que me incomodou muito, e que não pude evitar de tirar 1 estrela inteira, foi o final, que ficou totalmente aberto pra mim. Além disso, senti que foram levantados alguns questionamentos para deixar a narrativa mais interessante, mas não foram devidamente trabalhados. E poxa, pra que colocar a hipótese de que o acidente poderia não ter sido só um acidente, ou criar um mistério sobre o Polaco, sobre esse "Cubo", se não tem pretensão de resolver? Achei um pouco preguiçoso. Pode ter sido a intenção original, mas enfim, foram os pontos que mais senti emoção na narrativa e que fiquei super interessada, e no fim, nada.

A meia estrela também foi porque senti que os personagens tinham vozes muito iguais. Se eu não lesse o nome do título, não poderia afirmar quem narrava, se não considerasse o cenário e os demais personagens. E enfim, numa história que se propõe a apresentar vários pontos de vista, eu acho importante dar a cada um, uma característica mais pessoal.

Esse foi o primeiro livro da Carol que li, e gostei! Apesar do que pontuei, tô muito interessada em ler outras obras da autora e ter mais contato com essa prosa super poética :)