clarabizarria 26/03/2024
Poderia ser evitado, mas não foi.
?No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30 da manhã.? É assim que Márquez inicia sua belíssima obra sobre, como já diz o seu título, uma morte anunciada.
A crônica, narrada por um dos amigos próximos de Santiago Nasar, é muito bem construída em todos os quesitos. A ambientação é bem descrita fazendo com que o leitor possa imaginar as cenas de maneira rápida e sem percalços. Os personagens tem, cada qual, seu papel muito bem definido, e as relações entre eles é tão bem construída e narrada que ao longo da leitura é como se estivesse acompanhando, em pessoa, o decorrer dos acontecimentos.
A história em si faz com que você queira ler, de uma vez, até o fim sem pausas longas. Assim, você acompanha toda a frustração dos personagens quanto ao sentimento de culpa que é formado e cresce em conjunto, em relação a morte de Santiago Nasar. O próprio, galanteador e aparentemente muito bem instruído economicamente, foi alvo de uma 'vingança' por algo que, na história, não fica claro se o mesmo foi o autor ou não.
A grande questão construída e que é levantada é "o que você faria se pudesse impedir uma morte que foi anunciada?". Você avisaria a suposta vítima? Informaria as autoridades civis? A família? Ignoraria? Acreditaria que os autores seriam mesmo capazes de tal ação?
Santiago Nasar teve seu fim anunciado "aos quatro ventos" e ainda assim, não foi informado, não a tempo, de se defender de maneira adequada. Sua morte é dado como o fim de algo que poderia ser evitado, mas não foi. Márquez descreve com maestria seus últimos instantes e o fato de como as pessoas próximas lideram com acontecimento, antes e depois dele.