Fred Vasconcelos 04/06/2022
Santiago Nasar vai morrer. Isso é anunciado desde o início, desde o título do romance. Isso é um fato. Não podemos fazer nada a respeito. Não há necessidade de tentar salvá-lo, sua morte está anunciada, ainda que caiba a qualquer um tentar impedi-la.
Enquanto todos recuperam o ânimo fortemente enevoado pela enxurrada de álcool que se derramou durante dois dias de festa, Santiago Nasar vai morrer e toda a sua aldeia parece ciente, e mesmo os futuros assassinos de uma noite de bebedeira não se escondem, com suas facas de açougueiro.
Eles decidiram que ele tinha que morrer, mas desejavam que alguém os tivesse parado. Os assassinos de Santiago Nasar tinham se mantido além do aceitável pela honra para não matá-lo.
É acaso ou fatalidade, a morte de um homem depender de uma tradição de honra e uma combinação de circunstâncias infelizes?
Nessa novela repleta de sensações e sentimentos contraditórios, ainda que breve, Gabriel Garcia Marquez nos transporta para um mundo bruto e fascinante. Um mundo colorido, caprichoso mas muito real, sublimado pela admirável imaginação narrativa do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Talvez seja apenas Gabo expondo as entranhas de sua literatura.