Paula.Serkonos 01/10/2012
Boa garota, vampira má
Nice Girls Don’t Bite (360 páginas, Pocket Star) é o primeiro livro da série Nice Girls/Jane Jameson que eu vivo falando no Faves of 2011. Também acontece de ser um daqueles maravilhosos livros que me faz chorar sangue por não ter no Brasil e eu ter que me virar por aí. Fica ainda mais triste quando você vê a atual qualidade literária e percebe que ótimos títulos estão sendo desperdiçados.
Há uns três, dois anos atrás, eu entrei numa fase literária de tirar sangue. Realmente. Era só livros de vampiro, vampiro, vampiro – Sim, Crepúsculo e Vampire Diaries incluídos, vergonha eterna, eu sei – e mais vampiros. Eu realmente não sei como fiquei sabendo da série da Molly Harper (Atualmente quatro títulos e dois spin-off) , ou achei no skoob, ou vi na estante de alguém, ou numa comunidade, sei lá, simplesmente achei e comecei a ler.
Foi amor à primeira mordida.
A Jane é uma bibliotecária com sérios problemas de amor por Jane Austen. Na cidade pequena de Half-Moon Hollow, ela é dona da River Oaks, uma das casas históricas do lugar, com o seu cachorro de cem quilos, Fitz – Sim, e homenagem ao personagem de Orgulho e Preconceito. A vida é boa, o salário dá para pagar as contas, a irmã é um pé no saco, mamãe super controladora e um pai legal. Aí ela morre.
Trabalhar na biblioteca da cidade é o prazer da vida de Jane, e ser demitida e substituída por Posey, uma garota levemente incendiária, é triste e demais para a boa menina. A coisa piora quando ao invés de receber uma indenização, a coitada ganha um vale para gastar $25 dolares no Shenegans, um restaurante. Pera que piora.
O que você faz quando acabam com o seu sonho? Você chora. E também enche a cara, irrita o barman com a sua conversa sem sentido, seu porre ganha fama na cidade inteira, conhece um cara maravilhoso, e morre. Basicamente.
Após ter bebido todas, a nossa boa garota tenta esfriar a cabeça e baixar o nível de álcool no sangue, é aí que o sr. Gabriel Nightengale aparece e arranca suspiros de metade as leitoras. Jane o descreve como “Alto, sombrio e delicioso”, maravilhoso e controll-freak por minha conta. No momento em que poor Jane já é capaz de andar sem tropeçar, ela resolve ir embora. E é no meio de uma estrada rual que seu carro, Big Bertha, resolve foder tudo e quebrar. Pera que piora.
O que você faz quando o seu carro quebra? Liga para o mecânico que fecha a loja às seis em ponto. E infelizmente só há dois na cidade e você se fode e tem que andar. Sim, a pé.
E é andando nessa estrada, no escuro, que a my deary Jane cai numa vala. Você sabe que nessas situações onde tudo, absolutamente tudo, dá errado, a melhor saída é morrer, né? Ou entrar em coma, depende do seu conservadorismo. Prefiro sempre morrer porque aí viro encosto em muita gente. Mas aí, tudo bem. A merda voa quando você morre sem querer. Todo mundo já passou pela situação em que tá andando na estrada, aí cai numa vala e o cara bêbado da cidade passa na caminhonete dele, pensa que você é um veado e atira. E você morre. Quem nunca passou por isso não sabe como é viver. Posers.
E você acorda, três dias depois, com o alto, sombrio e delicioso como seu Sire. Delícia, delícia.
Tem algo que eu gosto muito nos livros da Molly: eles são malditamente hilários. Mesmo que você não ria, você vai achar graça de várias passagens e até soltar risinhos porque não tem como ficar séria. Rir é obrigatório.
A leitura não flui. Não mesmo. Ela desliza como um golfinho na água. Antes de perceber, já está no meio do livro e aí chegou o fim. Talvez seja mais fácil para mim porque já li o livro antes, mas vai saber.
Não tem como não gostar da Jane, do Gabriel, do Zeb, Jettie, Jolene, os main characters em si. Cada um tem algo meio que único que fica difícil você associar com outros personagens de outros livros, de tão singulares que são. Também a contar que as situações vividas no livro são extremamente parecidas com as nossas. Tirando os vampiros e o sobrenatural em si, né.
Super recomendo para quem quer algo leve e divertido. A nota é essa porque poucos livros me cativam assim a ponto de reler. Poucos.
Nota: ♥♥♥♥♥
Aliás, se você acha que contar aos seus pais que você está ‘saindo do armário’ é tenso, imagina contar a eles que você é uma vampira. E, outro detalhe: cada capítulo começa com um trecho do livro The Guide for the Newly Undead, que faz do livro ainda mais engraçado porque esses trechos são simplesmente deliciosamente malvados. Saca esse:
“When you encounter unpleasantness from the human population, try to keep in mind that you will be able to dance on their graves long after they’re dead. It’s a cheering thought. – from The Guide for the Newly Undead.”
― Molly Harper, Nice Girls Don’t Have Fangs
Não é muito amor? Aqui algumas quotes para diversão eterna:
“I am not the kind of girl who trusts a man to tell her everything she needs to know in his own due time, so I did some research on my sire. You can take the girl out of the library, but you can’t take the neurotic, compulsively curious librarian out of the girl.”
― Molly Harper, Nice Girls Don’t Have Fangs
“I am your sire. I am to guide you through your first days as a vampire. Your first feeding is a rite of passage, a sacrament. It will not be wasted on some hormone-driven frenzy. This is why I wanted you to feed from me.”
“I will not drink it in a house, I will not drink it with a mouse. I will not drink it
here or there, I will not drink it anywhere,” I wheezed, hoping I was able to communicate adequate sarcasm through the crippling belly cramps.
“Did you just quote Green Eggs and Ham?”
― Molly Harper, Nice Girls Don’t Have Fangs
“Wal-mart started selling “Vampire Home Defense Kits”, including holy water, crosses, stakes, mallets, and a book of quick blessings to bar vampires from your door. The fact that these kits were generally useless didn’t bother me nearly as much as the idea of holy water being sold at wal-mart.”
― Molly Harper, Nice Girls Don’t Have Fangs