Snow Crash

Snow Crash Neal Stephenson




Resenhas - Nevasca


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Tati Freitas 01/01/2023

Premissa boa, execução nem tanto
Gostei muito do world building, da parte filosófica e os paralelos religiosos. Toda a coisa da Torre de Babel e dos povos sumerios é realmente interessante, mas a narrativa é confusa às vezes, os personagens principais são bons, mas, principalmente a Y. T. tem umas atitudes que pra mim não fazem o menor sentido. Ainda assim achei ela bem bad ass, apesar de ter alguns problemas com o interesse dela por homens muito mais velhos. Hiro é um ótimo personagem, uma das melhores coisas desse livro. É muito interessante ler um livro escrito nos anos 90 com tantas referências tecnológicas que existem hoje (claro que levando em conta as devidas proporções).
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Benditos livros - Luana 08/01/2023

Olha o metaverso aí, gente !
Se você, como eu, gosta de ficção científica e cultura cyberpunk, Snowcrash, de Neal Stephenson, é o livro para você.

Temos aqui um futuro onde as grandes marcas e corporações dominam a sociedade após o colapso da conhecida estrutura politico-economica. É uma aldeia mundo, estranha , o sumo do capitalismo selvagem. Aqueles que tem grana escapam se conectando ao Metaverso, um ambiente virtual mais livre, onde você pode ser quem quiser.

No centro da história temos Hiro Protagonista, um hacker freelancer mestiço que acumula muitos empregos e poucos interesses. Quando um dos seus amigos experimenta uma nova droga no Metaverso e adoece, descobre-se que essa substância é na verdade um vírus capaz de controlar pessoas, e também parte de um grande plano de dominação mundial , tanto no mundo real e no metaverso.

É uma corrida contra o tempo, por isso o livro é tão frenético e estranho quanto o mundo ali descrito. É preciso paciência na leitura. Stephenson nos inunda de informações, e ao mesmo tempo impulsiona cenas de ação alucinadas ( de qualidade cinematográfica).

Snowcrash tem papos interessantissimos sobre governo, neurociência, tecnologia, programação, linguagem e filosofia, tudo misturado a samurais, mafiosos, cachorros robôs e até surfistas de trânsito. Eu gostei bastante dessa variedade e profundidade na construção do mundo.

Achei que o livro peca no desenvolvimento/caracterização dos personagens, e no fato de reforçar muitos clichês, que eram comuns no período em que o livro foi lançado. Tirando isso, eu gostei muito da experiência que Snowcrash me proporcionou.

Um clássico desses não pode ficar de fora de quem gosta de ficção científica. Simples assim.
Então se jogue no ritmo louco de Snow crash e aproveite.
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Elisa.Lorena 27/01/2019

Snow Crash
Livro de ficção científica, ciberpunk, escrito em 1992. Que fique claro, essa data tão antiga é muito relevante. Tenho que ressaltar que a tradução de 2015 está muito boa. Tem muita gente reclamando da tradução de 2008, eu não li essa, mas digo: a atual fez um bom trabalho.

Ficção em Estado Mínimo, comandado por máfias de mega corporações multinacionais. Como é de se esperar, em um mundo pobre, ambientalmente precário. O cenário é ambientado no que costumava se chamar Estados Unidos. Ressalto, é um livro nerd tecnológico, desses que gosta de programação. Aviso, se você for religioso neo pentecostal, pode se sentir ofendido. Bastante ofendido.

Recomendo a leitura.
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Edson Camara 01/01/2017

um soco no estômago
Este livro de 496 páginas escrito em uma linguagem direta e dura pelo maluco Neal Stephenson, com uma tradução brilhante para o português feita por Fábio Fernandes. Sim porque só alguém que vive em outra dimensão é capaz de bolar e e construir uma trama tão intricada e divertida como esta. O mundo do futuro descrito por Neal, Não vai ser bom PONTO. A história de Hiro Protagonist e Y.T. é...bom leia para você ver, não vai se arrepender.
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Fernanda 09/10/2015

Resenha: Snow Crash
CONFIRA A RESENHA NO BLOG:

site: http://www.segredosemlivros.com/2015/10/resenha-snow-crash-neal-stephenson.html
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Café & Espadas 08/06/2015

Resenha Snow Crash
Em 2008, a Editora Aleph lançava o título Nevasca, obra do autor Neal Stephenson que já angariava certo prestígio com a crítica americana por meio de obras como Zodiac. A projeção definitiva de Neal veio com a publicação de Snow Crash – republicado pela Aleph, com o título original, em março deste ano.

Na capa da linda e simplista edição – melhor que a de Nevasca, diga-se de passagem -, pipocam as várias críticas positivas sobre a obra: a mais notável, sem dúvidas, a de que o livro é considerado um dos cem melhores romances de língua inglesa segundo o The New York Times – isso sem contar o que o próprio Willian Gibson fala sobre o livro. Logo a curiosidade que já vinha desde 2008 se intensificou exponencialmente junto a expectativa pela leitura de mais uma grande obra de cyberpunk.

Mas…

Neal Stephenson entrega uma grande explosão de criatividade. Uma grande e descontrolada explosão, que derruba todas as estruturas que uma história com boa tessitura deve possuir. Uma mistura de elementos que não combinam, jogados em jorros profusos ao leitor, que possui os seus pontos positivos que podem garantir momentos de boa leitura, mas não são suficientes para tornar essa história tão memorável quanto se espera.

Hiro Protagonist é um entregador de pizza no mundo real, mas dentro do Metaverso, ele é uma lenda, um príncipe samurai. No enredo de Snow Crash, os Estados Unidos agora é composto por diversas cidades-estados independentes governadas por corporações privadas. Uma delas é a máfia CosaNostra, para a qual Hiro trabalha como entregador.

Hiro é também um dos desenvolvedores do Metaverso, uma realidade virtual compartilhada por milhares e milhares de pessoas em todo o mundo. É dentro desse cyberespaço que um novo vírus começa a se espalhar e afetar pessoas tanto dentro quanto fora do Metaverso e o nosso Protagonist se vê envolvido em uma perigosa e violenta corrida contra o tempo para evitar a difusão dessa ameaça.

Antes de tudo, devemos dar os devidos créditos ao que merece algum elogio. A obra conseguiu ainda em 1992 anunciar os ambientes virtuais imersivos, realidades alternativas – algo iniciado em Neuromancer de Gibson, mas aqui, ganhando uma robustez verossímil, tanto que hoje vemos a implementação deste conceito em várias áreas da computação.

Stephenson é um visionário quando o assunto é futuro, e podemos notar isso nos pilares de sua narrativa, mesmo que nesses nossos dias de contato íntimo com a tecnologia, os termos usados por ele já sejam comuns. A história também faz uma ligação interessante com a antiga civilização suméria e a sua devoção ao poder presente nas palavras e na programação cognitiva, o que se revela como algo essencial para a trama. Tudo isso regado com um humor picante, capaz de arrancar aquelas risadas de canto de boca e uma constante desconstrução dos valores sociais americanos. Mas tudo para por aí.

Ao atentar para as características desse mundo corporativo compulsivo do autor, reparamos a tal explosão grande e descontrolada de criatividade. São tantos elementos heterogêneos – a começar pelo protagonista: entregador de pizza e samurai (?) – que tudo vira um grande aglomerado de ideias e detalhes bobos que não influenciam em nada no geral e só tornam a leitura lenta e a narrativa algo que beira a verborragia. Stephenson tenta colocar algum sentido maior, uma grandiosidade por trás de cada engrenagem da sua história – como a universidade dos entregadores de pizza, uma instituição que ele tenta empurrar como algo interessante, mas que soa mais como um insulto à inteligência humana.

Os personagens não possuem nada de memorável. Falta personalidade a Hiro, sobra esforço em fazer Y.T. descer por nossas goelas, com inúmeros clichês de construção: o linguajar descolado, a arrogância diante dos “homens poderosos” e os golpes de sensualidade maquiados de “gênio indomável”. A relação entre os dois não convence e não parece nem com uma sociedade, o que era a proposta inicial segundo o enredo, nem como amizade.

Snow Crash é como aquele prato de aparência requintada, que o chef olha, analisa, degusta e diz: a ideia é boa, mas está muito mal executada.

Neal escreveu um livro que almejava fazer os fãs consumidores de tecnologia e ficção científica se sentirem saciados por anos, mas ele não conseguiu reprogramar o cyberpunk. Faltou aquilo que realmente nos prende a uma história, sem algemas ou força bruta: coesão e simplicidade.


site: http://cafeespadas.com/?p=3133
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Marcos 26/05/2015

Hiro Protagonist é um entregador de pizzas da empresa CosaNostra. Estamos em um futuro pós-moderno em que a configuração atual de mundo tal qual como conhecemos não existe mais. Agora os países foram divididos em cidades-estados governadas por grandes corporações privadas que conseguiram muito sucesso e poder associando-se à máfia. A CosaNostra é uma delas.

Nesse novo mundo há duas realidades em paralelo: o mundo real e um mundo virtual alternativo chamado Metaverso, em que as pessoas, ao logarem, tem uma espécie de segunda vida. Hiro, quando não está trabalhando, é um hacker que ajudou a criar esse universo. Em ambos os lados ele é um samurai com exímias habilidades com espadas. Quando menos se espera, um novo vírus começa a se espalhar no Metaverso e "matando" várias hackers conhecidos. Hiro então se vê na missão de descobrir a fone dessa contaminação e, ao se afundar mais em sua jornada, descobre que há algo também no mundo real que ameaça a humanidade.

Snow Crash é um clássico do cyberpunk e um dos primeiros livros a abordar a realidade virtual de maneira clara e profunda. Confesso que tenho pouca familiaridade com o gênero tendo lendo apenas um livro do mesmo e não gostado tanto. Quando comecei a leitura deste fui cheio de dedos mas, a medida que me aprofundei na história, comecei a gostar.

Há elementos de mistério, ação e, claro, muita ficção científica ao longo de todo o livro. Mesmo com a narrativa um pouco arrastada impressa pelo autor, gostei da agilidade com que as cenas ocorrem durante o enredo. Essa edição da Aleph possui nova tradução, um dos pontos que mais li críticas em resenhas do livro, e tem um bom trabalho de capa e folha de guarda. Recomendo a leitura a todos que gostem do gênero ou que queiram conhecê-lo.

site: http://www.capaetitulo.com.br/2015/05/minirresenha-snow-crash-de-neal.html
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Grazi Comenta 18/04/2015

Interessante, mas superestimado
Pela primeira vez eu direi que li um livro de ficção científica super-estimado. E eu realmente sinto muito em dizer isso.

Talvez por ter ido com muita sede ao pote, muitos gracejos e críticas absurdamente elogiosas sobre todo o enredo de Snow Crash eu acabei decepcionada por não ter encontrado o que me foi prometido. Completamente diferente de O Homem do Castelo Alto, que tem um desenrolar um tanto arrastado, mas um final maravilhosamente pensado e apresentado e é de tirar o fôlego, Stephenson pecou justamente onde deveria ter seu triunfo: o final. Bom, vamos a um pequeno resumo da história.

Snow Crash se passa numa L.A. futurística com os EUA totalmente divididos em poder pelos estados e cada um controlado por entidades diferentes. Hiro, o protagonista, é um hacker entregador de pizza cuja empresa é controlada pela máfia. Ele é também um dos responsáveis pela criação do MetaVerso, o cyberespaço da história. Meio que um SecondLife, onde as pessoas tem seus avatares e vivem suas vidas. No MetaVerso, Hiro é um samurai. O resto da trama se passa com Hiro explicando e desenvolvendo meios de parar a distribuição da Snow Crash, uma droga/vírus que é distribuída no MetaVerso e teria a capacidade de infectar o ser biológico que comandava o avatar que a usava.

Enredo doido? Pois é. Genial? Sem dúvida nenhuma. Toda a ambientação, descrições e referências usadas por Stephenson são dignas de palmas e algumas vezes até de risadas - para o que as entenderem. O problema é que a partir de um certo ponto da história, a impressão que dá é a de que Neal simplesmente começou a jogar todas as ideias legais que ele teve, ficou explicando, descrevendo e floreando, ao invés de desenvolver as tramas propriamente ditas. Não sei como explicar, mas em alguns momentos fiquei com a sensação de que ele estava ou tirando sarro com os fãs da sci-fi, do gênero ou dele mesmo.

Os diálogos são de outro mundo, são muitos bons mesmo. Os personagens são cativantes. As ideias são pra lá de originais, as discussões temáticas e o ''videntismo'' (aquela coisa que os autores de sci-fi tem de adivinhar o futuro) são ótimos, mas Neal não soube manter um padrão cativante mesmo assim. A conclusão, devido ao arrastar da trama, foi super apressada e anti-clímax. Eu esperava muito mais.


A nova edição da Aleph é linda! Adoro capas com predominância branca e achei que essa combina mais com o livro do que a edição anterior (apesar dessa ser mais viva em cores e ter um detalhes bem legais). A revisão está impecável, assim como a tradução (apesar de eu já ter visto um povo reclamando disso).

No mais... é um livro bom? Claro que é. Para os fãs da ficção científica super vale a pena ler. É o tipo de livro que diverte e impressiona, mas eu jamais recomendaria a outro tipo de leitor e não colocaria na lista de livros obrigatórios.

site: www.cantaremverso.blogspot.com.br
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Orlando 09/05/2014

NEVASCA, DE NEAL STEPHENSON, É CHEIO DE BOAS IDEIAS, MAS SE ARRASTA NA EXECUÇÃO
Eleito um dos 100 melhores romances do século XX em língua inglesa pela revista Time (lista de 2005), Nevasca também carrega consigo o pesado título de “último romance cyberpunk lançado”. Não faz jus a nenhum dos dois, sendo o segundo muito mais uma mera convenção, ou mercadológica ou didática apenas. Isso faz de Nevasca um livro ruim? Com certeza não, apenas super-valorizado, mas não ruim; mesmo com suas falhas.

Ok, não sou um cara de querer livros sem falhas, isso é até meio imbecil da parte de qualquer tipo de apreciador. Um furo de roteiro, um personagem mal desenvolvido, um capítulo inútil ou alguma situação que não acrescenta nada ao desenvolvimento narrativo é coisa comum a qualquer livro. Nevasca não escapa a esta regra e tem todas essas coisas juntas. Normal. Dito isto, vamos ao que interessa.

Nevasca é a tradução para Snow Crash, aquele chuvisco que dava nas tvs antigamente quando um canal saia do ar… algo similar ao que acontecia nos antigos computadores Macintosh, situação que é a grande referência para a obra. Um crash no sistema e boom, tudo estava fora do ar. A tradução do título acabou eliminando alguns dos conceitos abordados na obra e algumas coisas acabaram soando estranhas no primeiro momento, mas as notas de rodapé vão nos orientando aos poucos da situação e vamos no familiarizando com as mudanças necessárias ao título traduzida. Poderia ter ficado Snow Crash mesmo, não faria mal nenhum.

A primeira coisa que interessa saber da obra de Neal Stephenson é que ela é muito boa, no entanto Nevasca padece de um excesso de ser cool o tempo todo, de ser cult a cada novo conceito ou personagem que o autor nos apresenta… e acredite, ele nos apresenta muitos. Chega uma hora que você não sabe mais se Steaphenson está realmente narrando sua história de forma séria e coerente ou se está constantemente tirando um sarro com o leitor, com a literatura de Sci-fi em geral ou se está fazendo tudo isso ao mesmo tempo em uma narrativa que já flertava com a desconstrução e com o fragmentário de uma época pré-internet comercial (Nevasca foi lançado nos EUA em 1992).

Logo de cara, quando estamos lendo as primeiras páginas de Nevasca, a sensação que se tem é essa de sarro constante. Todo o lance com a entrega de pizzas para apresentar a máfia, o protagonista da obra e de como ele conhece sua coadjuvante ao final da sequência maluca que abre o livro parece só isso: piada. Nessa parte toda você fica conhecendo um pouco sobre Hiro Protagonist (o herói protagonista de Nevasca no que é claramente uma “sacadinha cool” do autor para sacanear a narrativa clássica com seus heróis protagonistas) e do outro lado a dita coadjuvante YT (trocadilho para whitye, algo como Branquinha na gíria afro-americana).

É importante notar que até mesmo entre esses dois personagens as regras da narrativa são constantemente quebradas, pois os rótulos de protagonista e coadjuvante são, o tempo todo, mandados às favas por Stephenson que joga o tempo todo sua narrativa para diferentes focos. Ora a ação é toda focada em Hiro, depois um capítulo inteiro em YT, volta para Hiro, segue para alguma situação completamente estranha e mirabolante que serve apenas para contextualizar o universo do livro e depois volta para um dos dois personagens principais da obra.


Ok, vamos focar em Hiro e YT. Hiro é mestiço de afro por parte de pai e coreano por parte de mãe; ele anda sempre com duas espadas samurais: uma katana e uma wakizashi. Hiro é um samurai das ruas, um tipo de mercenário que vende seus serviços em Los Angeles, local da maior parte da ação de Nevasca; já foi policial, entregador de pizzas para a máfia (calma, falo disso mais adiante), promoter de uma banda de rock e um dos maiores hackers do Metaverso, a versão de Steaphenson para o mundo virtual. Em Nevasca o Metaverso é o cyberespaço, o mesmo que a Matrix é em Neuromancer de William Gibson (lançado em 1984) e o mesmo que a Grade é no filme Tron.

Nosso Protagonist, por sinal, é um dos programadores responsáveis pela criação do próprio Metaverso. Hiro é uma das coisas que me incomodou muito durante a leitura de Nevasca, pois fiquei constantemente me perguntando como alguém consegue ser um expert em técnicas de combate samurai com katanas e ainda consegue ser um dos melhores programadores hackers vivos atuante.

Imagino, dentro de minhas limitações, que tanto ser um exímio samurai espadachim e um hacker de primeira qualidade sejam duas coisas que demandem um tempo absurdo para adquirir conhecimento, técnicas, estilo próprio e claro, aprimorar tudo isso. Sem esquecer as outras ocupações de Hiro, dentre as quais está caçar informações e fazer upload para a biblioteca de dados da Central Intelligence Corporation – CIC, uma espécie de órgão que ganha dinheiro através do acesso pago a esses bancos de informações disponibilizados por hackers free lancers ou pelos próprios empregados da CIC.

Resumo, Hiro parece ter sido criado como uma grande piada depois de algum tempo de leitura… depois, ou antes, sei lá, você pode começar a pensar que Steaphenson estava falando muito sério quando inventou tudo isso para seu herói e tocou um fora-se para a lógica e a coerência entre ser hacker e ser samurai, enquanto você passa horas navegando pelo Metaverso coletando dados para vender por aí.


YT por sua vez é uma garota de 15 anos, trabalha como kourier, uma espécie de entregador skatista da empresa Radicks. No trânsito caótico das vias privatizadas de LA no universo de Nevasca, os kouriers são uma ótima opção de entrega rápida, são os office boys definitivos. Vestida em seu macacão cheio de truques e apetrechos tecnológicos, YT é outro personagem que parece pura paródia de bad girl futurista: peita a tudo e a todos, tem sempre uma resposta sagaz e uma tiradinha de onda com qualquer pessoa por mais perigosa que seja, dos mafiosos aos traficantes de rua, dos caras da CIA aos policiais, qualquer um em contato com a “branquinha” vai ser fatalmente ironizado e humilhado com gestos e palavras, não importa o quão perigoso seja.

Toda vez que YT aparece nos seus capítulos de destaque é o que sobra: petulância, arrogância, tiradinha de onda, uma sequência de ação e um corte narrativo de volta para Hiro.

O background de Nevasca, como já disse, é praticamente todo na cidade de LA. Nesse mundo ouvimos falar dos EUA como um todo completamente desmembrado com suas partes e pedaços territoriais vendidos a todo tipo de franquia. Nesse contexto o que temos são pequenas partes-territórios sob propriedade de algum tipo de corporação como a Cosa Nostra, a máfia que entrega pizzas, um grande conglomerado empresarial-familiar com franquias espalhadas por todo o antigo território dos EUA. Temos também a Hong Kong do Sr. Lee, especializada em tecnologia e dona das Coisas-Rato, tem também os Portões Celestiais do Reverendo Wayne, uma espécie de “fast food” religioso, tem o cartel de drogas dos Narcolombianos e por aí vai. Cada franquia dessas é como uma cidade-estado com suas próprias leis, força policial e diretrizes, todas querendo se matar, caso seja possível. Em Nevasca elas são chamadas também de Franchulados, um trocadilho para Franchise e Consulado… sacou? sacou? Mais uma “sacada genial” do autor.

O conceito é ótimo. Imagine só os EUA todo picotado, vendido em partes para corporações de todo tipo e afogado em uma imensa crise inflacionária… pois é, é esse o mapa que Nevasca nos traz da grande potência ali por meados de, pasmem, 2010… é isso mesmo, Nevasca deve se passar por volta desse ano, já que o pai de Hiro lutou durante a Segunda Grande Guerra Mundial, ecos da guerra do Vietnã ainda são sentidos e Hiro tem, ao que tudo indica, uns 34 a 35 anos, já que é dito que o mesmo nasceu na década de 1970. Ok, dou um desconto para o “futuro” de Steaphenson, pois não é bem um futuro, é mais uma realidade alternativa com alguns saltos tecnológicos aqui e ali, mas nada tão mirabolante a ponto de dizermos que o autor acerta ou erra em suas previsões, já que, a meu ver, ele não tenta fazer isso em momento algum. Ponto para ele.

Dando o desconto do excesso de “sacadinhas e tiradinhas” para ser cult, Nevasca é rico em seu próprio metaverso e nos mostra a todo instante uma fauna e uma flora cheios de conceitos, aplicações e ideias divertidas. A própria trama da obra é rica em complexidade e tem uma narrativa igualmente complexa, cheia de quebras sequenciais, detalhes e uma conspiração absurda rolando ao logo das quase 500 páginas do livro.

É essa conspiração que enreda Hiro e YT e mais uma miríade de situações e personagens ora interessantes, ora completamente idiotas em situações idem. O excesso de personagens que entram e saem de cena até começa parecendo interessante, mas chega um momento que você esquece que alguns deles passaram por sua leitura enquanto outros apareceram para dar desdobramentos importante ao processo narrativo e depois somem abruptamente do mapa como Juanita, ex-namorada de Hiro, depois ex-esposa de Da5id Meier (assim mesmo, com esse 5 aí no meio), hacker tão ou mais habilidoso que Hiro no Metaverso.


Fatalmente Da5id é uma das primeiras vítimas humanas a ser infectada por pelo vírus conhecido como Snow Crash, um vírus que, através da interface do Metaverso pode “infectar” o cérebro de hackers a partir de sua estrutura binária. Da5id tem sua função clara na trama: mostrar o Snow Crash em ação dentro do Metaverso, depois disso ele sai de cena… Juanita, por sua vez aparece, faz tipinho, caras e bocas, fala bonito, entrega a Hiro uma cartão virtual com uma pilha de dados chamada Babel/Infocalypse e some para só aparecer fazendo algo em prol da narrativa do livro lá pelas 60 páginas antes do final…

O próprio “vilão” do “filme”, um motoqueiro psicótico chamado Corvo é outro amontoado de absurdos de todo tipo… o cara caçava baleias (ele é um aleuta), anda com uma bomba nuclear acoplada a sua moto e é a linha de frente de L. Bob Rife, uma espécie de mega-empressário do ramo de telecomunicação e fibras óticas, Rife também é uma espécie de líder “religioso” e dono do Enterprise, um porta-aviões que viaja mundo afora coletando refugiados por aí como uma grande favela fluvial e levando-os para o que sobrou do território americano após um longo percurso de volta.

A trama básica de Nevasca gira em torno da conspiração absurda que envolve um culto religioso, uma droga física chamada Snow Crash, um vírus de computador também chamado de Snow Crash, a CIA e bombas nucleares, incluindo-se a que está na moto do Corvo que, depois de um tempo, parece que foi esquecida por Steaphenson em algum lugar por aí.

Como temática geral não tenho medo de dizer que Nevasca é ótimo, no entanto peca como estrutura narrativa. O excesso de informação inútil da obra chega a ser irritante, bem como os personagens que entram ali só para fazer tipinho sem dar uma evolução real ao material da trama que, complexa por si só, vai se arrastando em coisas como a história de um merdinha qualquer dentro da máfia que tem de entregar algo para alguém e chegando lá descobre-se que estavam esperando que YT fosse fazer a entrega e não o dito merdinha (Frank “o bombado”, ou alguma idiotice do tipo), isso tudo para apresentar depois o Tio Enzo, o dono da franquia mafiosa Cosa Nostra de entregas de Pizzas… de dispensável para baixo e umas boas 10 páginas de livro sem sentido algum do ponto de vista narrativo. Isso só não é pior do que as páginas gastas para falar sobre um memorando dentro da CIA que versa sobre como as pessoas deveriam usar os rolos de papel higiênico nos banheiros do prédio. Uma das coisas mais imbecis que já li nos últimos anos… não, calma, acho que empata com a parte dos piratas querendo comer bundas em alto mar.


Do outro lado temos as partes de pesquisa histórica as quais Steaphenson dedica atenção e erudição soberbas para falar da torre de Babel, da Suméria, do deus Enki, do culto a Asherah, do surgimento de formas de linguagem (o que parece ser uma grande paixão do autor) e de como isso tudo está relacionado tanto com o Snow Crash virtual quanto com o Snow Crash real. Tudo isso explanado em extensas conversas entre Hiro e um programa de computador chamado Bibliotecário. Coisa de primeiríssima qualidade para quem gosta de relacionar aspectos históricos com ficção.

Aí do nada corta para alguma coisa maluca como YT entrando em uma grande extensão de terreno baldio para conseguir comprar Snow Crash (a droga), fazer tipinho de bad-girl fodona de 15 anos enquanto Ng, um vietnamita cyborg sem pernas e braços e todo conectado ao seu grande furgão que mais parece um tanque de guerra bota pra fuder numa mini-guerra contra os traficantes-vendedores e seus atiradores de elite. Tudo para conseguir uma amostra física da droga que depois não tem resultado algum de forma direta na trama, só cena foda de ação mesmo… segue cena de ação e depois mais uma penca de teoria da conspiração suméria de como transformar linguagem em vírus biológico e coisas do tipo. Segue mais cena de ação com Hiro indo de encontra ao Enterprise que ainda estava em alto mar, toma tiro, espadada, navios piratas comedores de bunda afundando, gente sendo arpoada pelo Corvo… coisa normal em Nevasca.

Como disse anteriormente, o livro está cheio de boas ideias, passagens memoráveis, umas cenas de ação muito boas e bem descritas, completamente focadas no desenvolvimento da trama e com alto teor de violência condizente com o contexto social mostrado como um todo. O problema de Nevasca parece ter sido o fato de que Steaphenson correu a rédea solta na hora de entregar seu material final sem uma boa olhada editorial para limpar coisas aqui e ali que só foram enxerto e enrolarão pura. Se o foco fosse a trama complexa da conspiração, a relação das duas variantes de Snow Crash e a Jangada (modo como se referiam ao Enterprise), Nevasca poderia ter sido algo no mesmo nível de Neuromancer. Mas não é.

Vale a leitura? Sim, com certeza vale, mas acho que se as expectativas forem menores, o apreço pela obra fluí mais facilmente e a apreciação se dá num nível mais amistoso e tolerante com as besteiras que pulam na cara da gente como se fosse coisas geniais. Nevasca é o típico exemplo de autor canibalizado por sua própria generalidade e que vai escrevendo e pondo ideias no papel enquanto a narrativa, a alma de todo bom livro, vai ficando em segundo plano em prol da exposição das meras ideias legais que o autor tem. Esse fato fica mais que evidente quando você nota ali pelas 40 páginas antes do final que ele está sendo apressado, forçado, empurrado nas poucas páginas que sobraram para dar um desfecho minimamente decente a tudo aquilo.

A conclusão do livro é anti-climática, o que nos é entregue nos 45 do segundo tempo deixa a desejar ao que nos é entregue página a página; o que é uma grande pena quando você olha para aquele tijolo de papel em suas mãos e nota que umas 130 páginas das 440 do total poderiam ter sido redirecionadas para um fluxo narrativo melhor e com foco desfecho da trama complexa que deixa pontas soltas no final e situação inconclusivas em boa quantidade. Ok, o autor já havia deixado claro que estava quebrando e brincando com a narrativa o tempo todo, já num prelúdio do hipertexto tão alardeado na era virtual, mas ainda assim estamos falando de um livro que tem uma narrativa e, infelizmente, essa narrativa ficou prejudicada em seu desfecho após páginas e páginas de tantas ideias fantásticas.

De 0 a 10? Nevasca leva um 6,0 pela proposta geral, ambientação e trama. O livro é aquele típico livro que, comumente, tem resenhas pomposas e cheias de frase frescas e do tipo “um caldeirão de referências pop/cult que fervilham no metaverso do real e no imaginário cyber-contemporâneo”… coisa de gente lesa. Não integra a lista de indispensáveis com toda certeza, mas se você pegar em uma promoção por aí, vá em frente, a parte lá dos Sumérios, Enki e os nam-shub são ótimas mesmo e um samurai mestiço e hacker é algo bem divertido se você desprendido das amarras de um Neuromancer, por exemplo, coisa da qual eu não consegui me desvencilhar.



Nevasca (Snow Crash no original)

Autor: Neal Stephenson

Gênero: Ficção Científica, Cyberpunk

Tradução: Fábio Fernandes

2º Edição

Ano: 2008

Número de páginas: 440

Acabamento: Brochura e lombada quadrada

Formato: 16x23cm

site: http://www.pontozero.net.br/?p=3057
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Cris 22/02/2014

DERRETA SEUS NEURÔNIOS!
Romance cyberpunk culto. Um caldeirão pop/erudito onde fervilham influências de William Gibson, Phillip K. Dick, Umberto Eco, James Cameron e Michael Crichton.
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Livretando 18/01/2014

Resenha: Nevasca
Nevasca, Snow Crash no original, é um livro de ficção publicado em 92 com uma das histórias mais viajadas que já li. A história se passa em dois planos, o primeiro, a realidade, é um mundo aonde o processo de privatização chegou ao extremo de que cidades inteiras estão sob controle de empresas particulares, como a própria máfia italiana, cada uma com leis e governos independentes. O segundo plano é um universo virtual, chamado Metaverse, bem parecido com aquele criado em Tron dez anos antes, onde programas são como pessoas e os usuários podem existir e se relacionar com seu avatar digital. Nesse universo, coisas como leis da física são meras sugestões e por isso temos cenas épicas como lutas de espadas sobre motocicletas correndo a 300 MIL Km/h. Sim, corridas de motos digitais, como em Tron.

Logo na primeira cena nós conhecemos nosso protagonista, Hiro Protagonista (sim, uma variação de ‘Hero’ seguido de protagonista.), um asiático negro que herdou um conjunto de espadas com as quais vem treinando desde pequeno. Ele é um dos Hackers responsáveis por criarem a Metaverse, onde passa boa parte do seu tempo coletando dados que possam ser negociados por um bom preço.

A outra protagonista, uma jovem de 15 anos chamada Y.T. é uma espécie de entregadora skatista, algo comum em um universo onde o trânsito caótico parece ter tomado conta de tudo. Ela se envolve com a Máfia e até com o vilão super badass Raven, mas ela sabe se virar sozinha, quase sempre pelo menos.

Agora a trama: Existe uma nova droga no mercado chamada Nevasca. Ela atua em duas frontes, a primeira é como um vírus de computador, infectando o universo digital, mas o efeito principal dessa droga é outro. Como é preciso se conectar neurologicamente para acessar o Metaverse, esse vírus é capaz de contaminar as mentes, transformando os usuários em hippies-zumbis-fanáticos-religiosos. Hiro e Y.T. descobrem os efeitos da Nevasca e começam a bolar uma forma de salvar o mundo.

O maior ponto positivo desse livro é a criatividade do autor, que criou uma “explicação” para a história que vem desde a torre de Babel (história escrita em Gênesis 10) e o carisma dos protagonistas. Mas o livro pecou em uma área básica, ele é explicativo demais. A história por trás do vírus é tão complexa que o autor perde vários e vários capítulos explicando toda a etimologia dos termos que darão sentido à trama.

Nevasca é um livro com ótimas “cenas” de ação, bons diálogos e uma história tão complicada que não tem como não ser original, mas as vezes eu parecia estar lendo um mix de Tron com O código Da Vinci. A visão dele mostra uma boa previsão do que a internet, uma novidade em 92, pode se tornar um dia. Os amantes de ficção científica vão adorar as várias ideias desse livro que serviram de base para outras obras mais recentes, tanto filmes quanto livros.

site: http://livretando.blogspot.com.br/2013/06/nevasca-neal-stephenson.html
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Jean Thallis 09/07/2013

Quase a Beira do Lamentável
1. Aquele lance de pizza é verdadeiramente ridiculo, mas dei uma chance pro cara. Fui pra frente.

2. De repente o lance dos sumérios, no meio do livro, fica massa a coisa, daew pensei que dali pra frente ia ser um livro legal.

3. Final like Rambo, uma verdadeira porcaria de explosões típicas dos filmes do E.U.A, MUITO FRACO!

4. Livro mal escrito, mal chega perto de ser uma F.C quanto mais cyber punk...

5. Fábio Fernandes também traduziu o Neuromancer, e curtir muito Willian Gibson, então ninguem vem dar desculpinha de tradução.

6. No final das contas é Y.T que parece ser a personagem principal ao invés de Hiro, e devo dizer que Y.T é o único personagem bem bolado e cativante.

7. Três estrelas por causa da Y.T e por causa dos sumérios, caso contrário, abandona. De certo modo massante. Nada de excepcional.
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pcontop 17/08/2010

Tradução com problemas
A idéia do livro é muito interessante, mas a tradução deixa a desejar. Muitas vezes tive de traduzir mentalmente para o inglês para imaginar o que uma determinada frase significava.

Fora isso, recomendo fortemente. Um cyberpunk que não é sombrio, trazendo idéias novas ao gênero, e muito bem desenvolvido.
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Pistille 13/02/2010

Universo Geek
Toda obra de Neal Stephenson é voltada para para a comunidade geek.Seu livro Cryptonomicon é venerado no sub-mundo hacker. Enfim, se vc não gosta de cibercultura fuja deste livro.
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