Coruja 19/07/2010Para rir e se apaixonar...Everything and the moon é outro dos meus livros favoritos da Quinn, embora eu tenha ganas de matar o Robert mais de uma vez ao longo da história - especialmente quando ele seqüestra a Torie... ou jogar a Victoria pela janela também...
Como você e a própria Quinn, eu também não acredito muito em amores à primeira vista. Acredito sim, em paixão à primeira vista, algo mais carnal, irracional - que é exatamente o que acontece entre Robert e Victoria em seus primeiros encontros e logo quando do reencontro. De certa forma, o fato de Victoria ter relutado tanto em ceder às investidas de Robert valida o amor deles - eles só realmente se entendem quando ele compreende que precisa respeitá-la e respeitar as decisões que ela faz, a independência que ela conquistou com tanto esforço e ela aprende a não ser tão teimosa.
Talvez eles tivessem sido felizes se tivessem se encontrado antes... talvez o encanto tivesse acabado algum tempo depois... De certa forma, temos aqui o mesmo tema de Persuasão: a idéia de uma segunda chance após um encontro ao acaso (uma vez que em tantos anos separados, nenhum deles fez um esforço de encontrar o outro, acreditando, persuadidos por seus país, que não eram correspondidos).
Esse livro também tem outras das minhas cenas favoritas da Quinn - Robert enlouquecido ao rever Victoria na loja de roupas e a mulherada toda se juntando contra ele. Cara, eu desabei de rir nessa cena. Na verdade, eu me acabo de rir nessa parte toda vez...
Muita gente toma o partido do Robert aqui, mas eu defendo a Torie nessa questão. Estamos lendo com os olhos de uma garota do século XXI; vamos agora partir do princípio que estamos naquela sociedade em que os personagens vivem...
De todos os insultos que Robert poderia ter feito a Victoria, o pior de todos, sem dúvida, foi dizer que a queria como amante. Sim, depois ele pediu desculpas por isso e disse que queria casar com ela... mas perceba que ele simplesmente marcha porta adentro e diz que eles vão se casar, que ela vai sair de onde está morando, que ela vai isso, fará aquilo... E tudo isso de forma extremamente impulsiva.
Eu talvez esteja do lado da Victoria nessa questão porque me identifico com ela. Eu seria tão ou mais relutante que a Torie se me aparecesse alguém querendo mandar em mim, especialmente quando esse alguém passou os últimos sete anos sem me dar notícias. Se ele realmente me amava, porque não me procurou antes? Porque só agora, que finalmente conquistei alguma liberdade, em que sou admirada por aquilo que faço, em que enontrei um lugar para mim, é que ele aparece?
É muito fácil pedir desculpas e fingir que tudo o que está no passado não aconteceu. Não importa que seja passado, está lá, e criou uma mágoa. E essa mágoa é a responsável por Torie ser incapaz de confiar de pronto em Robert.
Ambos erraram em seus julgamentos... Mas eu acho que o Robert errou mais. Se ele tivesse tentado chamar Victoria pela janela, em vez de acreditar que ela dormia placidamente (será que ele não podia sequer imaginar que ela tivesse subitamente adoecido ou coisa do tipo?), assumindo de pronto que ela ão o queria mais... Se tivesse tentado confrontá-la... Quando Victoria vai atrás dele, ele não está mais lá, simplesmente foi embora. Ela não tem a escolha de confrontá-lo, e tampouco, sendo uma mulher no século XIX, e de parcos recursos, tem condições de sair caçando-o pelo país.
Sim, quando eles se reencontram, após descobrir como estiveram enganados or tanto tempo, ele reconhece que errou, mas não dá o braço a torcer. Em vez disso, ele apenas assume que as coisas serão assim e assado; que ele não dá tempo para que Victoria processe o que está acontecendo e simplesmente assume seu lado controlador.
Robert só compreende verdadeiramente seus erros quando escuta Victoria pela janela. Até então, ele não tinha realmente dado escolhas a Victoria, mas demandado que seus desejos fossem atendidos e, quando ele a carrega para a cama e diz que naquele momento ela deve escolher... ali ele foi egoísta e foi cruel. Entre o desejo, o medo do que acabara de acontecer, a confusão de sentimentos plantada ali por longos sete anos... se Victoria tivesse dito sim, ela teria se arrependido de manhã.
Até então, ainda que eles falassem que se amavam, só o que tínhamos visto era paixão irracional, atração movendo-os para um lado e para o outro. Amor mesmo eu vejo quando eles chegaram à casa de Robert; quando Victoria cuida dele e depois, quando ele cuida dela sem ser condescendente (eu absolutamente detesto condescendência); a partir do momento, portanto, em que eles se vêem como iguais e se respeitam dessa maneira.
Sim, temos ganas de esganar Victoria porque, ao final das contas, isso é um romance e queremos ver a coisa boa acontecer logo, torcemos desde o princípio para os personagens ficarem juntos... Mas eu acho que a Quinn acertou em demorar para fazê-los se acertar. Eles precisavam - em especial a Victoria - aprender a confiar um no outro.