O ventre do Atlântico

O ventre do Atlântico Fatou Diome




Resenhas - O ventre do Atlântico


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César 28/04/2024

O preço da dignidade
O livro tem como personagem central e narradora a Salie, uma escritora senegalesa que vive na França. Salie tem um irmão mais novo chamado Madické, que vive na ilha de Niodior, no Senegal, e tem como seu maior ídolo o jogador de futebol italiano Paolo Maldini. O rapaz, em meio a falta de oportunidades e a pobreza que vive em sua terra natal, sonha em imigrar para a França e ser um jogador de futebol famoso. Madické vê em Salie uma ponte para realizar seu sonho de imigração, uma vez que a irmã ja mora na França, e sempre compartilha isso com ela durante as ligações telefônicas, geralmente realizadas durante jogos da Eurocopa entre a França e Itália.

Salie, contudo, exatamente por ser uma senegalesa morando em território francês, sabe bem que a realidade de um imigrante na França está bem longe das projeções otimistas e apaixonadas do irmão e tenta, ora sutilmente, ora mais diretamente, dissuadir Madické da ideia de imigrar. Através da vivência da protagonista, e de outros personagens paralelos, somos apresentados ao doloroso contraste entre a perspectiva dos senegaleses da vida na Europa, e a quebra de expectativa quando atingem o solo europeu, e são expostos a desumanização, a discriminação racial, subempregos, violência e, quando em situação irregular, a expatriação e intenso julgamento da comunidade diante do retorno ao Senegal sem o almejado sucesso. O futebol e sua importância na cultura senegalesa estão sempre presentes como pano de fundo para a trama, uma vez que o esporte é visto como um passaporte para o sucesso no exterior, algo que até certo ponto também faz parte da realidade brasileira, sobretudo nas periferias.

O ventre do Atlântico aborda inúmeros assuntos, os quais não cabem em uma resenha. É um livro que, embora curto, é complexo e apresenta um vasto panorama sobre os efeitos duradouros da colonização sobre o país colonizado, mesmo após a independência, o contraste entre expectativa e realidade da imigração para a Europa, as tradições no mundo moderno e seus efeitos na vida e destino dos personagens, dentre outros. A escrita de Fatou Diome beira a perfeição, é poética e realista ao mesmo tempo, na dosagem certa que a história exige. Sem dúvidas uma das melhores leituras do ano.
Clau Melo 28/04/2024minha estante
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Deja 17/04/2024

Não é sobre futebol
Cada partícula de vida tem de servir para conquistar a dignidade!

Um imigrante nunca vai se sentir inserido na pátria alheia ainda mais se ele for africano, os sonhos que a maioria dos jovens periféricos do terceiro mundo vê como saída de fama e dinheiro é o futebol. Mas a realidade é frustrante para os sonhos de alcançar um mundo diferente e glorioso.

Na Europa, meus irmãos, vocês são, em primeiro lugar, negros, depois, cidadãos de segunda classe, e definitivamente estrangeiros, e mesmo que isso não esteja escrito na Constituição, algumas pessoas leem isso na sua pele.
Clau Melo 28/04/2024minha estante
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Diego Vertu @outro_livro_lido 28/04/2024

Futebol + imigração
O livro é narrado por Salie, uma escritora senegalesa que mora na França.
Cruzando o atlântico, mora seu irmão Madické, um garoto apaixonado por futebol que sonha em deixar a pobreza para trás e se tornar um famoso jogador de futebol europeu.
Madické mora na ilha de Niodior, assiste seus jogos numa tv comunitária, mesmo assim pede que a irmã o assista para caso a tv não funcione e ela conte a ele o jogo. Eles conversam por chamadas telefônicas onde Madické conta sobre sua família e seus gostos para a irmã.
O chamado Homem de Barbès se reúne com o pessoal da ilha falando sobre as "maravilhas" que é morar na França, incentivando as pessoas em deixarem suas vidas na ilha e migrarem, já o professor Ndatare já mostra os perigos da imigração, como os senegaleses não são bem vindos na França e a ideia de colonizador x colonizado.

É uma leitura poética e humanizada, a autora em poucas páginas consegue escrever um livro com camadas profundas abordando o racismo, a pobreza, a imigração ilegal e o olhar do colonizador sobre o colonizado, também desenvolve historias mágicas e lendas para complementar a obra. Ainda mostra a cultura local através de personagens secundários.

"Por lá, tudo se mantinha na mesma. Os ilhéus continuavam agarrados às gengivas do Atlântico, que arrotava, esticando a língua gananciosa e secando flores com o hálito quente."
Clau Melo 28/04/2024minha estante
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Kel 28/04/2024

Pura poesia
Um livro incrível que narra, de maneira poética e totalmente realista, a relação entre dois irmãos e a forma como cada um lida com suas origens senegaleses. Uma vivendo um exílio pessoal na França e saudaosa de sua terra, o outro vivendo em sua vila natal mas querendo jogar futebol na França. Uma história que aborda temas cruéis como racismo, xenofobia, machismo, entre outros, mas de maneira bela e sensível. Uma leitura fascinante!
Clau Melo 28/04/2024minha estante
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Vilamarc 01/05/2024minha estante
Puxa vida, tenho esse livro. Sempre tive muita vontade de ler. Obrigada. E feliz aniversário! Que seu dia seja pleno de realizações!


Kel 01/05/2024minha estante
Muito obrigada, Vila! ??
E o livro é maravilhoso! Sejogue nele! ?




Boneca sem manual 04/10/2021

Quase desisti de ler por causa da narrativa muito centrada no futebol, mas depois se justifica a importância. É uma reflexão bonita sobre migração e sobre ser em dois países diferentes.
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Victor Hugo 06/12/2020

Li achando que era todo sobre um menino e o futebol, mas na verdade o futebol era só uma fagulha pra uma história sobre ser estrangeiro, imigrante e o que (ou onde) é a nossa casa.
Perdi por um lado, mas ganhei muito pelo outro
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Patricia Milani 11/12/2021

Não foi uma das melhores leituras que já fiz, a questão de falar muito de futebol foi algo que me cansou visto que não tenho muito interesse sobre o assunto... fora isso gostei do livro, a narrativa é fluida e interessante (às partes que não falam em futebol é claro) hahahahah.
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Lilian 20/02/2022

Mais do que futebol
O livro usa o futebol como pano de fundo para falar de imigração e colonização. Tem uma escrita bastante poética, o que não me agradou tanto
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Biblioteca Álvaro Guerra 02/09/2022

A narrativa acompanha Salie, uma escritora senegalesa vivendo na França, usando-a como linha discricional para exposição da experiência de imigrantes africanos para a Europa, seja através de sua própria vivência e relacionamentos familiares, seja por histórias paralelas de senegaleses que navegaram nos problemas que assolam o povo africano. Logo de cara Fatou Diome estabelece o futebol como elemento intrínseco da cultura senegalesa, servindo como uma espécie de religião aos jovens, um acesso à fuga da miséria local para a riqueza francesa. É a partir daqui que inicia-se a exibição da glorificação da França feita pelo povo senegalês, em um complexo estudo da escravidão mental africana imposta pelo europeu, e perpetuada não intencionalmente pela falta de educação e perspectiva senegalesa.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788592736477
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