><'',º> 11/06/2019
Economia selvagem é um livro necessário. Principalmente porque consegue, satisfatoriamente, dissipar o clássico fantasma da não-contemporaneidade entre o nativo e o pesquisador ao abordar uma sociedade indígena na sua relação com o mundo dos brancos sem, no entanto, apelar para o discurso um tanto militante da resistência cultural. César Gordon faz isso explicando o desejo dos Xikrin-Mebêgôkre por dinheiro e mercadorias através de sua lógica tradicional de significação da alteridade. O autor demonstra que, antes de ser objeto de um passado absoluto, a tradição mebêngôkre de valorização dos nekréts –objetos com poderes sociais de atribuição agentiva, constituintes da pessoa mebêngôkre permaneceu, mas modificando-se. Isto porque agora são atribuídas ao dinheiro e às mercadorias essas mesmas capacidades "nékréts", resultado da inflexão pela contingência histórica em relação aos princípios gerais de funcionamento do maquinário reprodutivo mebêngôkre.
Nicole Soares Pinto
Artigo na íntegra em
site: scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132008000100011