Ana Usui 10/11/2013
Uma nova Alma Arzallina...
Eu acho que definitivamente não me cabe palavras para descrever todos (e não apenas um) sentimentos que tive ao ler Corações de Neve.
Devo dizer que primeiramente tive receio de neste livro o autor focar em outros personagens que não aqueles do primeiro da trilogia Dragões de Éter, Caçadores de Bruxas, devido ao fato dele ser um narrador que conta sobre diversas histórias inteligadas. E então fiquei surpreendentemente feliz ao saber que ainda viveria mais aventuras com a nossa jovem Ariane, toda adolescente – que aqui significa impulsiva e infinita – cheia de opiniões e tomando atitudes de mulher, deixando de ser aquela jovenzinha do primeiro livro que não passava de uma criança que não deveria conhecer a maldade do mundo. Com o João Hanson que pode não vestir roupa nobre, ter um cavalo branco e ainda ser emburrado e marrento, mas sempre será o nosso Mocinho, de letra maiúscula. A dupla dinâmica de Liriel e Snail, que descobri que podem ser Muito mais do que aparentam.
E principalmente com Maria Hanson – uma jovem inteligente e encantadora que se tornou a minha Heroína – e o Príncipe Áxel Branford, o Maior de Todos os Príncipes.
Claro que também conheci outros personagens, com esse estilo do autor de narrador onisciente me levando à todos os cantos de Arzallum.
E quanto chegou o tão espero Torneio do Punho de Ferro... — quem leu o primeiro livro saberá do que estou falando. —
Eu sinceramente não sei o que dizer. Porque foi mágico.
Pela primeira vez na minha história como leitora e não apenas senti os sentimentos dos personagens, mas me senti lá. Não sendo O Personagem, mas sendo mais uma na multidão da torcida. Eu pude escutar os gritos, eu podia ouvir a euforia, e podia sentir a textura do ar e todas aquelas pessoas imaginárias.
E quando o narrador diz que toda aquela emoção que o Áxel está sentindo, todas aquelas pessoas gritando, quase 200 mil pessoas, toda a euforia, toda aquela sensação de vencedor, de ser amado por sua pátria, de ser um símbolo e participar de algo maior do que você, era por MINHA CAUSA, acho que.... Eu juro que senti algo se aquecer dentro de mim. E foi mágico.
Foi quando o narrador disse que na verdade EU sou uma semi-deusa, criadora daquele mundo, eu — a leitora. Porque EU O TORNO REAL. E naquele instante o que eu senti foi real.
Nunca antes fiquei tão nervosa, ansiosa e desesperada pela luta do protagonista. Nunca fiquei tão empolgada assim, nunca cheguei a imaginar as nuances de cores no céu naquele momento, ou como as luzes das tochas pareciam iluminar como se um ato sagrado estivesse prestes a acontecer, ou como o ar parecia rarefeito com todas aquelas pessoas gritando, torcendo.
E pela primeira vez pensei: “É isso que os torcedores sentem nos estádios? É essa sensação? É assim como você se sente ao gritar por seu ídolo?” e por um breve momento até considerei começar a assistir luta livre e boxe.
Bem... só acho que essa parte do livro compensou por milhares de livros já lidos em minha ainda curta vida, e também por um incidente mais à frente no livro que fez meu coração afundar um pouco. E simplesmente não tenho mais o que dizer sobre esse momento, porque somente um leitor que foi completamente pego, um leitor que entrou na história, pode chegar a sentir o que senti. Porque é o tipo de coisa que só se sente com apenas um único livro na sua vida, não importa se você é apaixonado por outras séries.
Eu sou uma meio-sangue grega, sou bruxa de Hogwarts, sou uma caçadora das sombras, sou uma Narniana, e milhares e milhares de outras coisas. Mas nunca senti isso em um livro.
E por favor, peço que não crie muitas expectativas, nem pense que esse é o melhor livro do mundo, porque esse momento foi MEU, e pode não ser seu. Então será melhor pra você que não ache que lendo essa trilogia você sentirá tudo o que descrevi porque você poderá se decepcionar.
Estou apenas descrevendo o que senti, porque assim como não pude fazer com o livro de John Green, essa aqui não é uma resenha. Esse livro é um verdadeiro conto de fadas com o melhor narrador que já conheci. E pra mim superou a todos, não porque seja terrivelmente original ou porque tem batalhas ou romances, mas porque eu verdadeiramente senti.
E isso não se pode julgar.
As pessoas deveriam parar de julgar livros para as outras, sabe, não há nenhum mal em resenhar e comentar o que você achou dos livros que leu, mas acho que todos os leitores deveriam parar com o “Você não deveria ler esse, não é tão legal” ou “Porque você não lê esse? É fantástico.” Eu parei com isso, e acho que todos deveriam, porque eu finalmente entendi que livros não se tratam apenas de histórias. Na verdade eles são 80% sentimentos. E por isso nenhuma experiência sua será igual a do outro. E por isso deveríamos deixar de criar tantas expectativas com reproduções de livros no cinema ou em resenhas por ai.
Enfim, acho que Dragões de Éter me conquistou definitivamente, e o mais impressionante é que, como um filho que tem orgulho do pai e quer ser igual quando crescer, espero um dia ser tão boa narradora quanto esse cara é.
E o resto do que eu poderia dizer... são sentimentos. Sentimentos de uma nova patriota. Agora eu também pertenço à ARZALLUM!