Hóspede Secreto

Hóspede Secreto Miguel Sanches Neto




Resenhas - Hóspede Secreto


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Renata 28/12/2014

Sobre a nostalgia
Não sou uma grande leitora de contos, ou espectadora de curtas metragens, acho que me entendo mais com narrativas mais longas. Isso, contudo, não chegou a ser um problema no caso de "Hóspede secreto", de Miguel Sanches Neto, visto que os contos bem que podiam se intercalar, dado que contam sobre um sentimento nostálgico.
Nostalgia de um passado vivido em épocas e distintas, de costumes deixados para trás, da oposição entre a vida rural aos costumes modernos, higiênicos, regularizados por saberes outros que não o da tradição, caminho que parecia sem volta , em direção ao regular e ao sem sabor. Esse caminho de volta é melhor completado no último conto do livro, o qual escancara as portas das reminiscências tomando as rédeas da vida presente. Bom livro.
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Lorena 01/02/2017

Hóspede Secreto
Um livro recheado de contos nostálgicos onde, uma hora estamos na contemporaneidade dos personagens e, na outra, estamos na infância desses através das lembranças tão reais e palpáveis. Os diálogos não marcados em todos os contos, entre o passado e o presente e também entre os próprios personagens, nunca sozinhos, deixam a leitura com uma fluidez macia e natural. O realismo fantástico impera na descrição dos cheiros, sabores e cores do lugar físico-memorial retratado, nos colocando também em muitos lugares ,entre eles as nossas próprias memórias do tempos de criança. "Vocês não são sem-terra por não possuírem um pedaço de chão, mas simplesmente por terem perdido o lugar em que passaram a infância. E se é assim, todos nós somos sem-terra. Vivemos sempre tentando voltar a um local desaparecido." é o que Sanches nos diz do começo ao fim.

Contudo, se tudo é como é e não há simbolismos, como já nos avisa Luiz Ruffato na orelha do livro, fico então com a minha indignação e repudio em relação ao conto "Caça às lagartas", onde numa infeliz oportunidade o autor lança em uma menina de 12 a curiosidade sexual e o trocadilho "lagartas" não é em vão. De um mau gosto machista e boçal o personagem desse conto começa a se tocar sexualmente ao entrar em contato com a gaveta íntima da garota e chega a afirmar que a mesma "se vestia como mulher, andava como mulher e me olhava como mulher. Como queriam que eu a visse como menina?" ainda que durante todo o conto tudo o que se fala sobre a tal menina é que ela usa "calção, blusinha de malha," e também "já usa sutiã". Não bastasse a tara sexual, o personagem é "chamado" pela menina até o quarto, onde ela ao final de algumas frases , o masturba e deixa que ele beije o seu sexo. Ainda que na literatura, a menina tem 12 anos e é sexualizada como mulher adulta! Quando o autor escreve que o personagem ouve a voz da menina chamando-o baixinho, sussurrando até, para que ele vá ao quarto dela supostamente para "matar as lagartas" ele transfere para a menina, para o sexo feminino, para a mulher, a responsabilidade do que viria a ser um estupro de vulnerável. (Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos.)
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