Kris Monneska - Conversas de Alcova 21/03/2014Meu ponto de vista sobre a obra.O livro é altamente reflexivo. Confesso que sempre pensei que o livro seria altamente pornográfico, cheio de descrições de cenas de tortura e atos sexuais, mas não há SEXO no livro.
Por isso fiquei altamente chocada, o livro foi altamente marginalizado tachado de pornográfico e não apresenta nenhuma, serio mesmo NENHUMA PORNOGRÁFIA. O livro têm sim uma aura erótica, mas em momento algum sequer cita o contato sexual entre os personagens. Há sim o relato de torturas, porém um relato superficial, nada muito detalhado e nem enfeitado como vemos em 50 Tons de cinza e Cia.
Eu Classifiquei o livro como mais reflexivo que erótico pelo fato dos diálogos serem imensamente profundos, a ponto de transparecerem o perfil psicológico dos personagens, assim como o jogo psicológico que acontece entre eles.
Severin Von Kusiemski é um álter-ego de Masoch e a história do livro é baseada no seu relacionamento(de Masoch) com Fany de Pistor.
Severin se auto denomina um Ultrassensual “que busca prazer no sofrimento, nos mais assustadores, até mesmo a morte, assim como os outros buscam a alegria...”. O livro deixa bem claro que esse personagem nutria diversos fetiches, como por exemplo a humilhação, a submissão e o prazer por torturas físicas (esses que são basicamente os pilares do masoquismo) e um além, que na minha impressão foi o maior de todos O fetiche por peles, tanto que de princípio ele não tem nenhum interesse por Wanda até vê-la vestida em peles. Severin também é um personagem altamente manipulador, ele induz Wanda a tornar-se uma dominadora, inspirada nos mais diversos personagens femininos que permeiam o subconsciente de Severin, Como por exemplo Catharina, A grande.
Wanda Von Dunajew por sua vez é uma bela e jovem viúva extremamente rica. É também uma mulher muito bem resolvida para a sua época. O perfil psicológico que o livro passa dela é o de uma sufragista. Na minha visão de leitora é um personagem que vai amadurecendo no decorrer do livro. No começo ela é doce, gentil e apesar de muito inteligente parece ser um pouco frívola, mas com o decorrer do relacionamento entre os dois, ela vai mudando. Como é comum a seres humanos.
Então, gostei muito do livro. É uma obra deveras interessante, nos faz pensar bastante sobre essa temática de relacionamentos, não de relacionamentos BDSM, mas de até mesmo relacionamentos comuns, mesmo. Em algumas cenas dos ciúmes e da entrega exagerada de Severin, eu tive vislumbres de um relacionamento meu. Acho que em algum momento da vida o ser humano entra num relacionamento “masoquista”, não no sentido de amarras e açoites, mas no sentido de entregar-se cegamente ao outro, sendo carente demais, passando dos limites. Não me aprofundei na descrição do relacionamento entre os dois, pois acho que vale a pena cada um ler e tirar as suas próprias conclusões.
Vale muito a pena, recomendo a leitura!
Curiosidades sobre a Obra:
Lou Reed se inspirou na obra de Sacher Masoch pra escrever a letra de “Venus in furs” para o albúm “The Velvet Underground and Nico”.
A música descreve situações clássicas de relações sexuais que unem dor e prazer. Não há uma mudança de acorde sequer, e é ponteada pelo agudo, marcando assim, o tempo da música como um aparelho de tortura.
Há diversos filmes intitulados “Venus In Furs”
• Um filme de 1967 dirigido por Joseph Marzano - Barbara Ellen, em Venus in Furs, 1967 (não encontrei informações, além de que é baseado na obra.)
• Um filme de 1969, dirigido por Jesús Franco. (Não tem nenhuma ligação com a obra de Masoch).
• Um filme de 1995, dirigido por Victor Nieuwenhuijs e Maartje Seyferth. (Esse pela sinopse, parece ser o mais próximo do livro).
• Um filme de 2013, dirigido por Roman Polanski. (Onde a novela de Masoch serve apenas de pano de fundo, para a história do filme.)
Ainda não assisti nenhum, mas já os acrescentei na minha lista.
site:
http://www.conversasdealcova.com/2014/03/resenha-de-venus-das-peles-sacher-von.html