Naty__ 26/06/2016Horripilante!Recebi Spotlight de surpresa e não sabia exatamente da história, apenas que foi uma incrível investigação realizada e que deu origem ao filme vencedor de 2 Oscar. Até aí nada revelador, então resolvi embarcar na leitura para descobrir tais segredos que a obra traria. Posso dizer, sem medo e sem vergonha alguma, que ao pegar o livro para retomar a leitura sentia arrepios e ficava angustiada.
Spotlight: Segredos Revelados é uma obra que vai surpreender qualquer leitor, principalmente aqueles com o coração mais difícil de emocionar. Sim, eu chorei; sim, eu passei mal; sim, me desesperei; sim, tive vontade de virar assassina para matar esses desgraçados que... Espere, vamos com calma!
O livro trata de uma das piores investigações de todos os tempos: um grupo de corajosos jornalistas denunciou uma sucessão de abusos sexuais e obrigou a Igreja Católica a prestar contas. Em janeiro de 2002, o jornal The Boston Globe publicou uma série de reportagens que chocou o mundo. É de arrepiar, é de indignar qualquer um, mas centenas de crianças em Boston foram molestadas sexualmente por padres. Sim, padres! Pessoas que os próprios pais confiaram durante anos para cuidarem, rezarem e realizarem estudos com os filhos.
O mais horripilante é que, certos de sua impunidade, os padres agiam com o aval das autoridades religiosas, eles acobertavam seus crimes por décadas e a prática aumentava cada vez mais, principalmente quando uns flagravam o padre abusando sexualmente dos pequenos garotos. É para acreditar? Não. É para matar uma pessoa dessas? Sem dúvidas, antes de torturar muito, claro.
É triste ler o livro e saber que tudo é verdade, que existem pessoas tão frias. Como pode um padre fazer uma maldade com uma criança de 10 anos? Lembrando que não foi com apenas um, dois ou três garotos, mas com quase 200 casos que foram revelados/denunciados (fora os que não tiveram coragem de denunciar). Como imaginar que alguém faria algo tão repugnante? É difícil cair a ficha, a história parece ser outra, mas não, a obra é um choque de realidade e o leitor só tem vontade de chorar por cada crime cometido por eles.
Como se isso não fosse o bastante, as reportagens ainda revelam a obscena quantia gasta pela Igreja Católica com acordos para comprar o silêncio das vítimas cujas vidas foram devastadas por pedófilos que vestiam o hábito e tinham o Pai Nosso na ponta da língua. Como eles faziam? Você precisa ler o livro para descobrir.
Geoghan já era padre católico há doze anos na época em que Leary foi atacado sexualmente por ele. Foi uma das cenas que mais me emocionou, a forma fria como Geoghan pedia para Leary rezar o Pai Nosso e, enquanto isso, atrocidades eram feitas com o menino. É difícil acreditar como pessoas tão ruins conseguem viver durante tantos anos.
Não dá para explicar mais sobre a obra, ela é angustiante, frustrante e surpreendente porque tudo é real. É difícil ler porque as cenas fortes nos emocionam, mas vale a pena mergulhar nessa dura história e descobrir como tudo foi revelado. Indico a obra para todos, porém, se você tem pressão alta, leia aos poucos, porque isso é prejudicial. Não conseguia ler mais do que 5 páginas por dia, a emoção carregada me deixava decepcionada com este mundo, com pessoas que se dizem de Deus, mas não passam de vidas que nem o diabo quer para perto.
Quotes:
“Se existem heróis nessa história pavorosa, são as vítimas, que encontraram sua voz e sua coragem, depois de anos sofrendo sós e em silêncio, para sair das sombras e dizer, como disse uma delas, ‘Isso aconteceu comigo, e isso é errado’” (p. 20)
“Ele era um homem baixo, magro, com um sorriso que desarmava qualquer um e que, a distância, conferia-lhe o aspecto gentil de um tio bondoso, ou de um comerciante simpático do bairro. Era difícil detectar as trevas por detrás dos brilhantes olhos de John Geoghan. À primeira vista, quase ninguém conseguia” (p. 21)
“Até que ele começou a chorar...”, Joanne lembra. “Ele ficava repetindo: ‘Não, não, não. Não quero ele aqui’. Ele ficava insistindo e eu gritei, perguntando, ‘Por quê? O que foi? Qual é o problema?’ E ele disse: ‘Eu não quero que ele toque no meu pipi’. Detesto ser tão rude, mas foi o que ele disse” (p. 29).
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http://revelandosentimentos.blogspot.com.br/2016/06/resenha-spotlight-segredos-revelados.html