@retratodaleitora 13/03/2018"Esse cruzeiro veio direto do inferno."O Quarto Dia é o segundo livro da escritora Sarah Lotz publicado no Brasil pela editora Arqueiro. Seu primeiro romance, intitulado Os Três, foi lançado em 2014 e rendeu críticas diversas sobre seu conteúdo e escrita. Lotz aposta em tramas com um pé no macabro, no paranormal e no suspense. O Quarto Dia segue o mesmo estilo de seu primeiro livro e Stephen King afirma: "Um livro excelente. Esse cruzeiro veio direto do inferno."
E parece que veio mesmo! O Belo Sonhador é um cruzeiro de ano novo, e apesar de muitas críticas negativas, segue com 2.962 passageiros. Os dias passam em relativa tranquilidade, até que no quarto dia de viagem uma pane no motor do navio faz com que o mesmo pare bem no meio do golfo do México. Uma falha no sistema que pode muito bem ser consertada; é isso o que os responsáveis insistem em repetir, mas quando se passam horas, depois dias sem respostas concretas nem socorro vindo da costa, os passageiros começam a se agitar. Não existe mais tranquilidade no Belo Sonhador, mas sim histeria coletiva e a suspeita de uma epidemia de norovírus.
E as coisas pioram, e muito. Sem ter para onde fugir nem sinal de comunicação, o confinamento começa a agir sobre a mente desses passageiros; medo, doença e confinamento no meio do nada. O que mais poderia dar errado para essas pessoas?
Lembrem-se, sempre tem como piorar.
O Quarto Dia é um livro de suspense/horror com vários personagens e pontos de vista escrito em terceira pessoa e dividido em capítulos (não numerados) curtos. Essa é uma narrativa mais densa, e as primeiras páginas são um pouco lentas. Superados os primeiros capítulos, logo a trama mostra agilidade em uma série instigante (e um pouco apavorante) de acontecimentos, deixando para trás a ideia de uma história parada.
Essa foi uma leitura instigante, que me envolveu do começo ao fim. Peguei o livro para me desafiar a ler mais do gênero, já que é um dos meus favoritos e ultimamente tenho lido tão pouco dele; mas também foi um livro que me interessou por ter, entre seus elementos, duas das coisas que mais me amedrontam: mar aberto (imaginem ficar no meio do oceano, à deriva; só de pensar sinto calafrios) e a situação de confinamento em um lugar hostil, com desconhecidos por todo lado. Como talassofóbica (fobia de mar aberto/oceano), senti muito desconforto durante a leitura, apesar de a autora não se ater muito as descrições de ambiente no livro; nunca pensei que ficaria feliz com falta de descrição!
O livro tem bastante informação, personagens e vários caminhos diferentes que poderia seguir, então não estava mesmo esperando um final tão aberto! Quem acompanha o blog sabe que não tenho problema com finais abertos, daqueles que fazem o leitor pensar, passear entre diferentes possibilidades, mas o final de O Quarto Dia foi realmente decepcionante, pois joga ao leitor muitas teorias malucas e não explica nadinha de nada, então ficamos também à deriva e desejando muito uma continuação.
"Um passageiro psicótico, uma mulher morta, um norovírus e um engenheiro quase catatônico. Quanta merda a mais podemos colocar na pilha?"
Para quem gosta do gênero é um livro que recomendo, pois reúne elementos extremamente interessantes e possui uma narrativa instigante. A escrita da Sarah Lotz é realmente incrível e já quero muito ler sua obra anterior; mas como já deixei claro: o final é totalmente aberto.
E falando sobre isso... O Quarto Dia é uma espécia de sequência para Os Três, porém são livros que podem ser lidos de forma independente. Vi algumas teorias de que a autora estaria escrevendo um terceiro livro que explicaria os dois primeiros e fiquei realmente empolgada. Será? Esperamos que sim.
A edição é muito bonita, com o corte em azul escuro (o mesmo tom da capa). Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que atrapalhasse a leitura.
Você já leu as obras da Sarah Lotz? Qual sua opinião sobre os livros?
Até a próxima!
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