Zeka.Sixx 14/05/2021
O último - e grandioso - romance de Fitzgerald
Este foi o primeiro romance de Fitzgerald em quase uma década - o livro foi lançado em 1934, nove anos depois de "O Grande Gatsby" - sendo seu último romance publicado em vida. Escrito durante a fase mais conturbada de sua vida - entre o final dos anos 20 e o início dos anos 30 - o livro conta a história de Dick Diver, um promissor psiquiatra, que se casa com Nicole, sua ex-paciente, uma jovem muito rica mas com transtornos mentais, com histórico de abuso sexual por parte do pai.
A ação do romance transcorre entre 1924 e 1929, com alguns flashbacks para 1918, quando Dick e Nicole se conheceram. A maior parte do livro, contudo, aborda a fase decadente do casal, quando Dick se apaixona por Rosemary Hoyt, uma jovem estrela de Hollywood, e o casal entra então em uma irreversível espiral descendente.
Como em outros livros de Fitzgerald, muito de sua própria vida está nas entrelinhas do romance: seus próprios sentimentos acerca do fracasso de sua carreira, seus sentimentos conflitantes com relação à esposa, Zelda, diagnosticada com esquizofrenia, sobre o caso extraconjugal dele próprio, com uma jovem atriz, e de Zelda, com um aviador francês, sobre o seu alcoolismo cada vez mais fora de controle... Está tudo ali, nas linhas deste romance arrebatador, escrito de maneira magistral e recheado de passagens dignas de serem sublinhadas.
Como em todos os romances de Fitzgerald, o mais impressionante do livro é a sua atemporalidade: os conflitos dos personagens permanecem atuais, e o leitor se vê envolvido de tal maneira que parece que pedaços de sua própria vida estão refletidos ali. Obra-prima, que foi recebida de maneira morna à época, para enorme desgosto de Scott, que considerava o livro o seu melhor trabalho.