Resenhas - CONTOS DO DIA E DA NOITE

Julinhafox 13/08/2020

Confesso que comprei pela capa..
A capa da edição que li é de uma pintura de Renée Magritte, chamada O império das luzes (1954), uma das minhas pinturas preferidas. Como o livro estava na promoção, achei justo comprar. :)
Os contos escritos por Guy de Maupassant são, em sua maioria, envolventes e interessantes. Apesar de não tão fáceis de ler, pelo vocabulário mais "antigo" e descritivo, são todos curtos, o que facilita nesse caso, não tormando a leitura lenta ou cansativa.
Gostei do livro!

"Às três horas da manhã, os barqueiros acordam os caçadores jogando areia nas vidraças. Em alguns minutos ficam prontos e descem para o embarque. Embora o crepúsculo não tenha despontado, as estrelas estão um pouco pálidas; o mar faz os seixos rangerem; a brisa é tão fresca que provoca um pouco de frio, apesar das roupas grossas".

Edson Camara 16/05/2022

Maupassant era um escritor elegante, as vezes cruel, as vezes divertido
Maupassant era um escritor elegante, as vezes cruel, as vezes divertido e muito versátil. Era genial ao descrever o comportamento humano E tinha um senso de humor excelente.

Mas era muito bom em descrever cenas, como esta aqui: Era à hora do chá, antes das luzes se acenderem. A casa dominava o mar; o sol, que desaparecera, deixara após si o céu todo de cor-de rosa incendiado a ouro; e o Mediterrâneo, sem uma ruga, sem um arrepio, liso, luzente ainda por efeito do sol moribundo, parecia uma placa de metal polido e de um tamanho desmesurado.

Todos os contos desta coletânea são muito bons.

Dan 05/07/2019

*Hábil pintor de pequenos retratos*
Foi gratificante ler este livrinho. Guy de Maupassant consegue, com uma escrita simples e objetiva, criar contos extremamente bem escritos. As descrições são verdadeiras pérolas, são vívidas: sentimos o frescor dum agradável domingo ou o horror da última noite antes da morte. Maupassant é econômico nas palavras, nenhuma delas sobra, cada uma (adjetivo, advérbio ou substantivo) parece que nasceu para ficar ali. Sóbrio na profundidade psicológica; preciso no delineamento do perfil de suas personagens, elas nos saltam diante dos olhos e criam vida própria. Nesses poucos contos, o autor abre um leque das mais diversas experiências humanas: a do perdão, adultério, passagem do tempo e velhice, a persistência do amor, vingança etc. Guy de Maupassant não é repetitivo. Oferece-nos um conjunto de pequenas realidades dentro de um imenso painel humano. Uma pena não ser tão lido aqui no Brasil. Contistas como ele e Katherine Mansfield não devem nada a grandes escritores como Tchekhov ou Cortázar.

Xandy Xandy 26/02/2018

21 contos daquele que é considerado o Pai do conto moderno.
Boa noite, querida Família Lendo Muito!

Trago-vos, desta vez, a resenha de CONTOS DO DIA E DA NOITE, verdadeira obra-prima de Guy de Maupassant.

Para quem ainda não conhece este brilhante autor: ele é reconhecido como pai do conto moderno – gênero que ele explorou como nenhum outro, elevando-o à categoria de arte.

Todos os 21 contos aqui reunidos são recheados de dramaticidade e dureza e, muitas vezes, com pitadas de humor na medida certa; temas como maus-tratos às mulheres, aos animais, mulheres esnobes e fúteis e bêbados incorrigíveis são abordados com verdadeiro talento pelo autor, de maneira direta e muitas vezes até despretensiosa.

Desta vez, vou destacar os três contos que mais me chamaram a atenção:

1. O Crime do seu Boniface
As portas e as janelas da casa em que o carteiro Boniface deveria entregar o jornal matutino estavam fechadas; da janela vinham gemidos altos e gritos abafados.

Na sua mente, aquilo só poderia significar uma coisa: mais um crime terrível estava ocorrendo, como o que ele lera há pouco no mesmo jornal!

Ele logo correu para chamar dois policiais, que foram até a residência referida e tiveram uma verdadeira surpresa, assim que colaram seus ouvidos na janela…

2. O Mendicante
Um rapazote aleijado e de apenas quinze anos vivia pedindo esmolas num pequeno vilarejo francês. Desde o seu nascimento, o mesmo não conhecera outra coisa que não fosse a miséria; ao nascer, fora encontrado pelo pároco num Finados e batizado como Nicolas Toussaint, mas todos o conheciam mesmo por “Sino”.

Já cansado de ser enxotado pelas pessoas e morto de fome, abateu então uma galinha que estava passando na rua e acabou sendo espancado pelo dono da ave e quase linchado pelos empregados do mesmo.

Será que o sofrimento do pobre “Sino” nunca chegará ao fim?

3. Um Parricídio
Com um desejo sanguinário de vingança por ter sido abandonado desde pequeno, um filho bastardo mata pai e mãe e comove o júri ao contar sua triste história…

O resto, só lendo muito!

Algumas leitoras desavisadas podem achar suas histórias muitas vezes perturbadoras e até machistas; todavia, não devem esquecer-se que foram escritas numa época em que a mulher não havia conquistado seu espaço e era considerada “propriedade” do marido.

Digno de 5 estrelas.

site: https://lendomuito.wordpress.com/2018/02/26/contos-do-dia-e-da-noite-guy-de-maupassant/