Julia G 14/09/2017A última caméliaDesde que li As Violetas de Março, de Sarah Jio, tinha vontade de ler outros livros da autora. A oportunidade surgiu com A Última Camélia, lançado recentemente pela Editora Novo Conceito, e iniciei a leitura logo que pude. O livro traz um enredo que tinha tudo para atrair e cativar o leitor, repleto de mistérios e romance, mas, infeliz, não conseguiu me conquistar.
A obra intercala a narrativa em dois diferentes períodos históricos, pela visão, em primeira pessoa, de duas protagonistas que sofrem com os segredos que precisam guardar. Flora, que na época do início da Segunda Guerra Mundial sai dos Estados Unidos para Londres para ser babá na mansão Livingston, na verdade tem a missão oculta de encontrar uma camélia rara. Addison vive no século XXI e, para fugir de seu passado, busca refúgio, com seu marido, na mesma mansão em que Flora esteve meio século antes. Lá, o destino dessas duas mulheres se cruzam e os segredos do passado e do presente ameaçam vir a tona.
"[...] - Veja só, acabei descobrindo que podemos lutar contra muitas coisas na vida, mas você não escolhe quem amar. Você não pode mudar as escolhas de seu coração. Receio que esse fato seja a grande tragédia da minha vida."
Embora os mistérios das duas tramas sejam de fato instigantes e impulsionem a leitura em um primeiro momento, tive a impressão de que a autora não soube aproveitar o material que tinha em mãos. Isso porque, a partir de determinado ponto da narrativa, as pistas sobre os segredos escondidos naquela propriedade logo ficam escancaradas, e ficou fácil deduzir o que havia acontecido. O problema é que, no enredo, a questão não foi solucionada logo que foi possível, estendendo-se por um tempo desnecessário e irritante, afinal, o leitor já sabia tudo o que havia acontecido, mas os personagens pareciam não ter o mínimo de inteligência para entender o que já havia sido explicado.
Além disso, não consegui me vincular com as protagonistas e esse distanciamento foi bastante prejudicial à leitura. Diferente do que aconteceu com As Violetas de Março, em que eu pude mergulhar no íntimo das personagens e sentir o que sentiam, em A Última Camélia senti como se houvesse um abismo emocional gigante em relação às personagens. Faltou emoção na escrita e achei mais interessante ler sobre o jardim e sobre a casa do que sobre o passado de Flora e Addison ou sobre seus romances. Não sei se isso se deve às expectativas que tinha quanto à leitura do livro, mas foi frustrante, porque sei que Sarah Jio pode fazer muito melhor e não aproveitou todo o potencial que tinha a história.
Uma curiosidade que tive durante a leitura do livro é que, embora não tivesse percebido até então, acredito que Sarah Jio tenha uma paixão imensa por jardins e flores. Nos dois livros que li da autora as flores são ponto central de alguma forma, e é comum que estejam presentes nas capas. Alguém sabe dizer se os outros livros da autora também tratam das flores?
A Última Camélia pode ser uma boa leitura para quem quer conhecer a obra de Sarah Jio, pois conta com um enredo interessante, mistério e romance, mas não é o livro mais emocionante da autora, razão pela qual o melhor é fazer a leitura sem grandes expectativas.
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