Vê 15/06/2014Depois de conhecermos a adorável Miss Marple e as figuras do pacato vilarejo de St. Mary Mead, voltamos a encontrá-los em Os 13 Problemas, onde estão em grande parte reunidos para um adorável jantar e posterior jogo de cartas. Mas, entediados com os poucos assuntos que tem para discutir, o sobrinho de Miss Marple, Raymond West, e a atriz Joyce Lemprière rapidamente propõem um divertido jogo, onde cada um deverá contar um mistério do qual tenha conhecimento, inclusive de seu desfecho, para que os outros adivinhem quem é o verdadeiro culpado.
A simpática velhinha, concentrada em seu tricô, a princípio não causa muita credibilidade; afinal, o que uma solteirona que viveu sua vida em um pacato vilarejo teria a contar da vida, não é mesmo? É aí que todos se enganam.
Sem nunca ser levada a sério, Miss Marple começa a ouvir atentamente às histórias de seus amigos, sempre parecendo muito distraída com suas agulhas e com pouco a dizer. No entanto, em meio à opiniões equivocadas e sugestões absurdas, a simpática solteirona sempre tinha a última palavra e, assim, sanava a dúvida de todos sobre quem teria sido o verdadeiro culpado da situação estranha compartilhada.
Pouco a pouco, sua credibilidade vai aumentando. Enquanto, no começo, ninguém acreditava que Miss Marple pudesse solucionar este ou aquele mistério, seus amigos passam a se surpreender com a perspicácia da velhinha e acreditam que, realmente, ela conhece muito da natureza humana.
Entre deusas pagãs possuídas, casais homicidas e outras peculiaridades sombrias de que o ser humano é capaz, percebemos que não pode haver ninguém melhor do que Jane Marple para capturar a essência e identificar os detalhes que podem levar aos culpados.
Dividido em 13 capítulos, um para cada problema, é muito interessante aguardar pelo fim de cada um, onde sabemos que vamos encontrar o parecer definitivo de Miss Marple. Embora seja narrado em terceira pessoa, Os 13 Problemas é uma leitura muito dinâmica, porque cada caso é contado por uma pessoa diferente. Enquanto todos concentram-se em descobrir quem são os causadores dos pequenos mistérios e crimes, muitas vezes chutando, mas sem sequer acertar, há uma admiração crescente pela velha solteirona.
O que mais adoro na Miss Marple é que, no começo, ninguém dá crédito a ela; todos zombam, fazem aqueles comentários de descrença e, quando ela começa a comentar e acertar os verdeiros culpados, todos são pegos de surpresa. Para mim, são os pontos mais divertidos da leitura.
Meu maior desejo é que a própria Jane Marple narrasse a história; adoraria saber o que se passa na cabeça dessa senhora, qual é o raciocínio que ela segue. Sabemos, pelo o que ela sempre conta, que Miss Marple faz paralelos com outros casos dos quais ficou sabendo em St. Mary Mead; nem sempre parece algo que faz muito sentido a princípio, mas depois somos capazes de perceber a conexão.
Tudo reforça ainda mais que, na verdade, a natureza humana não é algo extremamente complicado; as pessoas não variam muito em seus comportamentos e motivações para cometerem crimes. E alguém especialista na observação como Miss Marple, além de possuir uma boa memória de casos semelhantes, torna a resolução de casos muito mais fácil.
Indico demais a leitura dos livros da Miss Marple. Não precisa ser necessariamente em ordem, como eu estou fazendo, mas é muito divertido e não há como se arrepender. A escrita de Agatha é tão misteriosa que, quando menos se espera, já está avançando a leitura rapidamente à procura de um desfecho. É instigante e surpreendente; não tem erro!
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