Microfisica do Poder

Microfisica do Poder Michel Foucault




Resenhas - Microfísica do Poder


20 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Clio0 28/05/2021

Esse livro é a transcrição de várias entrevistas de Foucault concernentes ao seu método indutivo de análise do poder. Assim, temos entrevistas focadas em temas como a sexualidade, a tortura, a medicina, a justiça popular e a loucura.

A proposta do filósofo é que os mecanismos do poder não são conceitos abstratos formados para serem aplicados genericamente, mas fórmulas adotadas em um meio prático para controle da população.

Logo, o conceito de loucura teria sido criado por aqueles que tinham contato com indivíduos de comportamento anômalo, ou seja, não condizente com a norma social. Os hospícios seriam a resposta governamental para a manutenção do sistema. Esse, por sua vez, é uma resposta canalizada da sociedade; Não é apenas necessário criar um aparelho, é preciso que sua função seja aceita e considerada natural pelo indivíduo pertencente àquela comunidade e sociedade.

Tais noções fazem pensar numa derivação do Estruturalismo, mas a óbvia influência marxista no pensamento do autor torna essa classificação errônea.

O quanto das ideias de Foucault permanecem influentes atualmente? Muito. É preciso apenas lembrar como o sistema carcerário brasileiro funciona.

Por seu próprio formato, a obra não apresenta notas, porém há uma pequena bibliografia disponível. A linguagem é acessível, só é necessário um relativo conhecimento de História e Filosofia.
comentários(0)comente



Thiene 25/10/2010

Um breve resumo
O conceito de poder é central dentro da obra de Michel Foucault. Para o autor, o poder não é algo que se possa possuir. Portanto, não existe em nenhuma sociedade divisão entre os que têm e os que não têm poder. Pode-se dizer que poder se exerce ou se pratica. O poder, segundo Foucault, não existe. O que há são relações, práticas de poder.

O tema, no seu desenvolvimento, é retirado do exclusivo campo político para ser instalado no cotidiano. Sem deixar de reconhecer que os interesses hegemônicos de diferentes grupos sociais se encontram por trás de situações de poder generalizadas, considera-se que não é a única manifestação do poder propriamente dito. O poder é, em essência, uma personagem que atravessa todos os cenários da vida humana.

Sua natureza final não pode ser apreendida senão ali onde sua intenção está totalmente investida: no interior de práticas reais e efetivas e na relação direta com seu campo de aplicação. Resulta lógico então não tomar o nível macro como ponto de partida para sua análise, sem a multiplicidade de atos que diariamente são protagonizados pelo indivíduo. Não é algo que se precipita sobre o indivíduo e que se encontra institucionalizado nas formações sociais. Não importa a legitimidade do mesmo se emana dos interesses do grupo hegemônico ou se é produto da vontade da maioria.

A idéia é que o poder se gera e materializa em uma gama extensa de relações pessoais desde as quais se leva a constituir estruturas impessoais. Se ao analisar o discurso existem normas que regem nossa percepção, devem existir, por sua vez, mecanismos que possibilitem que se estruturem e se reproduzam.

Utilizado a genealogia do sistema, Foucault chega à conclusão de que a instauração da sociedade moderna supôs uma transformação na consagração de novos instrumentos pelos quais pode-se canalizar o poder. De forma paralela se construiu um conjunto extenso de discursos que conferiram força e capacidade de expandir-se a essas novas formas de poder. Estas já não se baseia, como no passado, na força e sua legitimação religiosa. Dado que como afirma o homem, em sua atual dimensão é uma criação recente, o poder deve materializar-se por meio de diferentes formas de disciplina. É necessário que passe a integrar parte do próprio ser de cada indivíduo. O dominado deve considerar natural ser subjugado. O poder produz o real. Por possuir essa eficácia produtiva, o poder volta-se para o corpo do indivíduo, não com a intenção de reprimi-lo, mas de adestrá-lo. No entanto, todo poder pressupõe resistência. O poder não está em uma pista de mão única.

Para alcançar essa meta deve-se estruturar uma retícula de poderes entrecruzados que vão, no seu caminho, conformando os indivíduos. O poder não tem uma única fonte nem uma única manifestação. Tem, pelo contrário, uma extensa gama de formas. Quando um grupo social é capaz de apoderar-se dos mecanismos que regulam determinada manifestação a põe a seu serviço e elabora uma estrutura que se aplica a potenciais dominados. Se cria, assim, um discurso que se apresenta como “natural” e procura bloquear as possibilidades de aparição de outros discursos que tenham capacidade questionadora. Essa necessidade de se contar com um discurso de respaldo, com uma determinada forma de verdade, leva necessariamente a estabelecer uma relação entre poder e saber.
Solange Mary 12/02/2012minha estante
É o poder que muito se ver nas relações de trabalho entre patrões e empregados, professor aluno, onde o dominante subjulga o dominado.


renatosiqueira 17/11/2016minha estante
Essa ideia do "Dominante x Dominado", "Oprimido x Opressor" e outras dicotomias artificiais são tratadas brilhantemente na "Dialética de Hegel" (Dialética do Senhor e do Escravo): O Senhor DEPENDE do Escravo e o Escravo DEPENDE do Senhor. É (ou deveria ser) uma relação de SIMBIOSE.


Espilare 16/05/2018minha estante
ótimo resumo, usei em um trabalho meu(com os devidos créditos é claro), espero que não se importe.




Barbara.Thays 04/10/2020

"O poder não se dá, não se troca nem se retoma, mas se exerce, só existe em ação"
Foucault apresenta uma concepção de poder muito interessante e um tanto quanto ousada, pois essa se difere das concepções tradicionais do termo, principalmente da marxista. Para o filósofo, o poder não é algo que se pode possuir ou atribuir a alguém ou a uma instituição. Não há poder, propriamente dito, o que há são as relações de poder (relações de força). O poder não é uma coisa, o poder é um exercício, sendo assim, está em todas as partes e todas as pessoas estão envolvidas.
comentários(0)comente



re. 31/03/2022

um livro indispensável para todos, especialmente os que gostam de entender como se operam as relações de micropoder na sociedade... me fez pensar muito.
comentários(0)comente



Eliseu 30/01/2020

Microfísica do Poder
Existem espaços de poder onde o controle é exercido com a finalidade de punir violentamente os corpos (a prisão) e, existem outros espaços de poder onde o controle exercido tem a finalidade de domesticar os corpos, torná-los mais dóceis (a Escola) e funcionais dentro de um sistema que descarta tudo aquilo que não oferece retorno político e econômico.

O poder, segundo Michel Foucault, não existe, ele é exercido através de relações entre os diversos grupos sociais, e assim como analisado por Yuval Noah Harari em "Sapiens", nós seres humanos, conseguimos dominar as outras espécies graças a nossa capacidade de nos relacionarmos, de nos organizarmos, ou seja, de construir relações de poder. Essas relações de poder, segundo Michel Foucault, deu origem a nós mesmo, enquanto sujeitos políticos: "o adestramento do corpo, o aprendizado do gesto, a regulação do comportamento, a normalização do prazer, a interpretação do discurso, com objetivo de separar, comparar, distribuir, avaliar, hierarquizar, tudo isso faz com que apareça pela primeira vez na história esta figura singular, individualizada - o homem - como produção do poder." (P.26)

Essa obra é rica e muito importante para compreendermos como esta organizada a sociedade em que vivemos. Por coincidência, terminei de ler este livro no mesmo dia em que um grupo detentos cumpria parte de suas penas pintando o muro da escola próxima da minha casa, acompanhados de policiais e políticos.Como se as duas pontas de uma história se juntassem, esse é o mais puro exemplo do controle e do adestramento dos corpos (o corpo não domesticado na escola retorna como corpo adestrado).
comentários(0)comente



JIMWauters 29/01/2010

Um caminho sem volta
Nesta obra de Foucault como em outras percebe-se o estilo historiográfico,denso,detalhista em que este arqueólogo do Saber encaminha o aprondudamento do conceito central de sua filosofia : A Questão do poder.
É um livro empírico e a questão acima é trabalhada pelo autor sob um viés antes nunca percebido, tangenciando entre outros temas de fundo a teoria política,as instituições,o ser humano,a sexualidade,etc
Com isso ele inaugura a abre inúmeros caminhos possíveis na compreensão do que é o Bio-poder conceito este me parece cunhado por ele,além de nos trazer a tona questões e explicações que com certeza transformam o nosso olhar diante do mundo e dos homens, por exemplo, Sobre o nascimento das clínicas,Sobre a Geneaologia do poder, Sobre a prisão,e estaremos conhecendo um atual e instigante pensador moderno para além do bem e do mal.
Para aqueles acostumados com as explicações tradicionais da história,acerca das questões que provocam a humanidade devem estar cientes que acontecerá uma demolição intelectual,psicologica,emocional,correndo-se o risco, se não for inteligente, ser o mais novo integrante da Nau dos Loucos...
comentários(0)comente

Dionilson 24/02/2010minha estante
Uma ótima obra de um dos maiores pensadores da segunda metade do século XX! Foucault analisa as relações de poder existentes dentro da sociedade e nos fala que em tudo existe uma microfísica do poder, até mesmo nas relações mais simples do cotidiano! ótima leitura recomendada para quem está enveredando pelo campo da análise do discurso!




Gabriel 21/07/2022

O poder em Foucault
"Microfísica do poder", de Michel Foucault, é uma coletânea de entrevistas, artigos, debates e demais textos que tratam de assuntos como economia, justiça, Estado e prisão, mas que focam nas relações de poder nas sociedades modernas.
De acordo com Foucault, o poder é expresso por meio de ações, saberes e discursos e se manifesta de forma difusa por toda a rede social. Para ele, o poder, não podendo ser apropriado, aparece em microespaços num feixe de relações e está a serviço da sociedade disciplinar.
Destaca-se também como as operações do poder numa escala microespacial associam-se aos processos de docilização e domesticação dos corpos. Nesse sentido, destaca a dinâmica da organização hospitalar para elucidar o que afirma.
Uma obra excelente para que se possa compreender o pensamento de Michel Foucault.
comentários(0)comente



iguteixeira 25/05/2022

Importantíssimo. Utilizarei certamente alguns trechos do pensamento de Foucault em meu TCC. Um filósofo super importante que nós dá muito pano pra manga para pensar os modos de subjetivação e os mecanismos de poder
comentários(0)comente



12/01/2023

Boa leitura
Foi meu primeiro contato direto com o autor, até então eu só havia lido a partir de terceiros. No começo foi difícil me adaptar a linguagem, porém depois você se acostuma e fica mais fácil acompanhar o raciocínio do que está sendo dito nas entrevistas. Pode ser uma boa forma de começar a ler as obras do autor, pois ele discute diversos pontos de sua teoria.
comentários(0)comente



bobbie 03/06/2021

Para ser lido e relido.
Michel Foucault não é um autor para ser lido uma só vez. Mesmo quando se tem o hábito de pesquisá-lo, uma única leitura de suas obras jamais é suficiente para compreendê-lo. Este é um livro que, conforme diz o título, se encarrega de discutir, usualmente sob a forma de dois gêneros (debate entre Foucault e outros pensadores ou aulas da Collège de France transcritas) a microfísica do poder: os micropontos sociais que se encarregam de deter o poder - que Foucault diz que não é algo que existe, mas que se pratica, nem que vem de um movimento de cima para baixo, mas que ora também circula entre camadas inferiores e de baixo para cima - e fazê-lo controlar as mais diversas facetas da sociedade. Para Foucault, o poder não é estritamente repressivo, algo que objetiva exterminar o que controla, mas algo que se infiltra nas mais diversas camadas e dispositivos da sociedade a fim de produzir conhecimento, disciplinar e colocar cada coisa "em seu lugar". Alguns dos temas discutidos neste livro: o poder e o governo, a medicina, o hospital, a casa dos loucos, o poder sobre a prisão, o sexo, a saúde, o olho do poder, as estratégias espaciais (poder e geografia), em suma: todos os dispositivos que, através de estratégias específicas e muito bem organizadas, têm parte crucial na formação do corpo social por intermédio de uma prática que sistematiza os corpos que controle, tornando-os dóceis. Algumas obras pregressas de Foucault aparecem aqui, de modo que vale a pena ter contato com tais livros antes de ler Microfísica do poder. São elas: Vigiar e punir, História da sexualidade: A vontade de saber (vol. 1), As palavras e as coisas.
comentários(0)comente



Jéssica Silvestre 13/06/2021

A historiografia até os Annales tratava da história de rei em rei, de conquista em conquista, mas desde então o foco da história tem se atentado as microhistorias. Mas o que Foucault traz nesta obra é a análise de como o poder se mantém e se estrutura através de sua ação sob o indivíduo e da instrumentalização da população, por meio do conceito de verdade construído de acordo com as necessidades que o poder se depara para se manter.
comentários(0)comente



Leo Neves 26/11/2021

Tive que ler por conta da faculdade então fiquei um pouco receoso, mas a leitura foi bem tranquila me surpreendi. Me ajudou muito nas disciplinas ??
comentários(0)comente



Pel/Pri 21/11/2023

Fabulos
"A Microfísica do Poder" é uma obra seminal do filósofo e teórico social Michel Foucault, publicada postumamente em 1979. O livro apresenta uma análise perspicaz das dinâmicas de poder nas sociedades modernas, desafiando conceitos convencionais e introduzindo a noção de "microfísica do poder" .

Foucault desloca a atenção da tradicional análise de poder centrada em instituições macroestruturais para uma abordagem que examina as relações cotidianas e práticas sociais. Ele argumenta que o poder não é apenas exercido de cima para baixo pelas instituições governamentais, mas permeia todos os níveis da sociedade, infiltrando-se nas interações mais sutis e nos discursos do dia a dia.

A noção de “biopoder” é explorada, destacando como as instituições moldam não apenas nossas vidas políticas, mas também nossos corpos, hábitos e normas sociais. Foucault analisa como a sociedade disciplina e controla os indivíduos, influenciando não apenas suas ações explícitas, mas também seus pensamentos, desejos e identidades.

A obra destaca a importância do conhecimento como uma ferramenta de poder, enfatizando como as instituições controlam a disseminação da informação para manter e consolidar sua autoridade. Foucault desafia a ideia de que o poder está localizado em um ponto central, demonstrando como ele é disperso e internalizado pelos próprios sujeitos.

"A Microfísica do Poder" é densa e desafiadora, exigindo uma leitura atenta. Foucault questiona concepções tradicionais de poder, demonstrando que a resistência não ocorre apenas através de formas explícitas de rebelião, mas também na transformação sutil das práticas cotidianas.

Em suma, esta obra é um convite à reflexão profunda sobre as complexas relações de poder que permeiam nossa vida social. Ao desconstruir e problematizar noções de maneira conveniente, Foucault fornece uma lente única para compreender as nuances das dinâmicas de poder nas sociedades contemporâneas.
comentários(0)comente



Agata52 06/02/2024

Tem quase um ano que o li, então minha memória sobre ele é bem fraca, apesar de ter marcado na mente diversas coisas. O conceito de medicalização, o controle através dela. A saúde como forma de controle, onde a classe trabalhadora é mais saudável para produzir mais, e ao mesmo tempo ela se torna menos perigosa para as classes mais ricas. É excelente!

Eu preciso lê-lo de novo para trazer uma resenha que seja digna dele.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



20 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR