Teresa 30/01/2010
Recentemente, li este livro de Mario Benedetti que foi "um poeta dos sentimentos, das emoções e das idéias". Um dos grandes da literatura hispanoamericana, pouco conhecido no Brasil, integrou a corrente literária dos anos 60, conhecida como a "nova literatura latinoamericana" (Vargas Llosa, García Marquez, Juan Rulfo, Julio Cortázar, etc.). Um pena, ele morreu no dia 17 de maio de 2009, em sua casa em Montevidéo. Nasceu em 1920, em Paso de los Toros, Tacuarembó, Uruguai e seus pais lhe deram cinco nomes: Mario Orlando Hamlet Hardy Brenno. Por isso, dedicou um poema a um filho que nunca teve, prometendo-lhe um nome monossilábico. Foi ensaista, dramaturgo, romancista, contista, poeta e jornalista. Seu texto era bem humorado e ágil, graças aos anos de jornalismo. Foi mais um escritor que se exilou durante os anos ditatoriais na América Latina.
Este romance é escrito na forma de um diário; Martin Santomé, um homem de quase 50 anos, contando os dias para a aposentadoria é que o escreve. Viúvo há mais de 20 anos, conformado com a solidão, tem casos com mulheres que, eventualmente, conhece na noite, é um funcionário cumpridor de seus deveres, apesar de detestar o trabalho que faz, e é um pai que apenas recebe a indiferença de seus três filhos. Acha que sua vida já chegou ao fim e que nada mais vai acontecer, até que recebe uma nova funcionária, subordinada sua. Laura Avellaneda é seu nome. A partir daí, tudo muda. Laura é a trégua na vida de Santomé.
Uma história aparentemente banal, mas a delicadeza e a poesia do texto de Benedetti faz a diferença: ele mostra a insegurança do viúvo com relação a Laura (22 anos mais nova), a solidão, a felicidade possível e as surpresas da vida. Emocionante!
Escrito nos anos 50, é um livro que não envelheceu.