O Inverno e Depois

O Inverno e Depois Luiz Antônio de Assis Brasil




Resenhas - O INVERNO E DEPOIS


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Lidiany.Mendes 30/07/2021

O passado sempre volta...
O livro “O inverno e depois”, foi escrito entre maio de 2012 e maio de 2016 no Rio Grande do Sul por Luiz Antonio de Assis Brasil e publicado em 2016. É mais uma obra da literatura nacional que merece ser lida e divulgada.
Neste livro acompanhamos a vida de Julius Caesar da Câmara Pereira e Canto desde seu nascimento na estância Júpiter, na fronteira do Brasil com o Uruguai, até sua maturidade quando retorna para essa estância e repensa sua vida e seus afetos.
O autor faz um uso magistral da língua portuguesa. Sinceramente, é um dos livros mais bem escritos que já li na minha vida. Não fui capaz de encontrar nenhum erro, nem de digitação. A revisão do texto foi igualmente primorosa (o que, infelizmente, é raro hoje em dia).
Julius é um musicista e seu instrumento é o violoncelo, embora também toque piano. O livro é permeado de referências musicais e literárias. Fui ouvindo as músicas mencionadas ao longo da leitura, inclusive procurando ouvi-las a partir dos intérpretes mencionados no texto e fiz uma viagem musical maravilhosa.
Vale citar um breve trecho em que autor narra a descoberta do amor de Julius pelo violoncelo: “O violoncelo bradava, chorava, se entregava ao riso, e ele logo quis aprendê-lo, porque, sem saber, esse instrumento preenchia, com seu prodigioso leque expressivo, todos os matizes de sua alma órfã”.
Julius é um homem comum, que leva uma vida comum, uma vida morna, sem qualquer paixão. Mas que guarda no peito a dor de não ter vivido tudo aquilo que poderia ter vivido. Tudo aquilo que deixou de viver por insegurança, por medo, por ciúme, por duvidar de si mesmo e dos outros...
O livro mostra o reencontro de Julius com ele mesmo e a partir daí o seu encontro e reencontro com outros afetos. Em meio a tudo isso ele tenta se reencontrar com o concerto para violoncelo e orquestra de Antonín Dvorak, para que possa tocá-lo como solista em uma apresentação na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (aliás, vale a pena ouvir esse concerto).
O livro é narrado e relacionado com a obra “Tous le matins du monde” (Todas as manhãs do mundo) de Pascal Quignard, que conta a história do Monsieur de Sainte Colombe, um compositor de viola da gamba (instrumento predecessor do violoncelo) do século XVII, que depois da morte da esposa escreveu músicas de um luto dilacerante, mas de profunda beleza.
No caminho para a estância e quando de sua estadia por lá, Julius revive seu passado destacando momentos cruciais de sua existência até ali vividos entre os Pampas gaúchos, São Paulo e a pequena cidade alemã de Würzburg, onde estudou música na juventude.
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